Período de chuvas traz nova preocupação em Belém: a proliferação de insetos
Moradora do Comércio sofre com infestação de carapanãs por conta de um terreno abandonado
O período chuvoso em Belém trouxe consigo uma nova preocupação para quem vive na capital: a proliferação de insetos. Relatos sobre a presença excessiva de carapanãs e grilos têm sido recorrentes em vários bairros da capital paraense. Pelas redes sociais, internautas têm feito registros desse aumento substancial do surgimento de grilos dentro das residências.
A administradora Jéssica Fróes Lopes, de 32 anos, e o filho Gael, de 10 meses, enfrentam esse problema na casa da família, localizada na travessa Campos Sales, bairro da Comércio. Há algum tempo ela percebeu o aumento do número de grilos, inseto até então pouco visto na área onde mora. “O nosso inverno amazônico tende a aumentar bastante a quantidade de insetos, mas, esse ano, o que pudemos observar, além da quantidade de mosquitos, foi a presença significativa de grilos e também de moscas. A mosca foi até uma surpresa, porque não vimos assim tantas delas nos anos anteriores como estamos vendo esse ano”, afirmou.
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“Eu trabalho de home office também e não foram poucas as vezes em que vi a presença de grilos dentro e também em redor da casa. Parece que estou no interior, de tanto grilo que tem”, compara. Apesar do incômodo com os visitantes barulhentos, Jéssica afirma que o problema maior está mesmo na multiplicação dos carapanãs. O pequeno Gael Lopes é o que mais sofre por conta das ferradas.
“O meu filho sofre bastante, porque ele tem uma alergia bem severa. As picadas de insetos chegam a criar bolhas e a pediatra dele já passou alguns medicamentos que ajudam um pouco, mas, não produzem um resultado 100%. Ele já usou várias pomadas para aliviar as picaduras, mas é um pouco difícil. Durante a noite ele dorme no berço com o mosquiteiro, mas, durante o dia, acaba sendo alvo do ataque dos carapanãs. Hoje mesmo ele foi picado no rosto, e isso acaba criando uma bolinha de água no local”, revela.
Jéssica reclama da presença de um terreno abandonado ao lado da sua casa, na rua Riachuelo, entre as travessas Padre Eutíquio e Campos Sales, onde acredita que esteja o criadouro dos insetos. Ela e os vizinhos já tentaram conversar com a proprietária para que o local fosse limpo, mas não foram bem recebidos.
O engenheiro químico e coordenador dos cursos de engenharias da Universidade da Amazônia (Unama), Luiz Felipe Pereira, explica que o período chuvoso é propício à reprodução de insetos. "Muitos deles se reproduzem mais no período chuvoso, especialmente na nossa região, devido ao aumento da umidade e disponibilidade de água, fatores que favorecem a reprodução e sobrevivência de várias espécies, como mosquitos e cupins. Além disso, há a sensação de maior presença porque eles buscam abrigo dentro das residências para fugir das chuvas", alerta.
Dentre as recomendações, as principais são eliminar os criadouros ao retirar água acumulada em recipientes como pneus, garrafas, vasos de plantas, calhas. É fundamental também manter a higiene regularmente nos ambientes, evitando acúmulo de lixo e restos de alimentos, o que acaba atraindo diversos insetos, alguns até com peçonha. Instalar barreiras físicas como telas em janelas, portas e ralos, e armazenar alimentos corretamente em recipientes fechados para evitar atrair insetos como baratas e formigas, é a primeira das medidas que se pode tomar. Se a proliferação for grande, Pereira sugere contratar um serviço de dedetização profissional.
“Um dos principais fatores é a luz. Muitas espécies, como grilos e cupins, são atraídas por lâmpadas que são acesas à noite. O cheiro de alimentos expostos ou restos podem atrair baratas e formigas. Os ambientes úmidos também são propícios à presença de cupins e baratas”, explica. “E como já dito, restos de alimentos e materiais orgânicos acumulados atraem pragas diversas”, complementa.
O químico ensina que óleos essenciais como citronela, eucalipto, cravo e lavanda têm propriedades repelentes. O cravo-da-índia espalhado ou misturado com álcool, funciona como repelente natural. Já as plantas que atuam com o mesmo princípio são a citronela, alecrim, hortelã e manjericão, que podem ser cultivadas em quintais.
Jéssica até tentou usar as soluções caseiras, mas não obteve muito resultado. “Nós usamos como prevenção inseticida aerossol, repelente próprio para bebês e um inseticida elétrico”, contou.
Pereira ressalta o cuidado que é necessário ter com inseticidas químicos. “Os inseticidas devem ser usados com moderação e apenas quando necessário”, aponta. Para os seres humanos, as substâncias podem causar irritação respiratória, reações alérgicas e intoxicações. Já os animais domésticos, como gatos e cachorros, podem ser intoxicados ao inalar ou ingerir as substâncias. Os inseticidas ainda trazem o risco de contaminação do meio ambiente como a água e solo, afetando espécies não-alvo.
Outras medidas são o uso repelentes corporais e de ambiente, considerando sempre as recomendações dos fabricantes. Um aliado importante são os mosquiteiros em camas, redes e berços, que ajudam bastante na prevenção. O uso de ventiladores também auxilia, pois dificultam o voo dos mosquitos.
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