Família de paciente denuncia descaso no PSM do Guamá; idosa corre risco de ter perna amputada
Antonia Doraci de Vasconcelos, de 69 anos, está hospitalizada no PSM do Guamá há 22 dias. Demora na transferência para outro hospital faz com que a idosa corra risco de amputar a perna, relata família
A família da Antonia Doraci de Vasconcelos, de 69 anos, denuncia o Hospital Pronto-Socorro Municipal Humberto Maradei Pereira, no bairro do Guamá, por descaso no cuidado do problema de circulação que a idosa possui. A sobrinha dela, Aneliese Costa de Oliveira, 44, conta que a tia está internada no local desde o dia 28 do mês passado e que, por conta da demora na transferência para outro hospital da capital, Antonia corre o risco de amputar a perna direita e tem lesões necrosadas.
A paciente é hipertensa, mora no interior do município de Tracuateua, no nordeste do Estado, e veio à capital procura de médicos para tratar os problemas vasculares, que começou há seis meses. Durante esse tempo, a idosa teve um dedo do pé retirado, mas todo o membro pode ser amputado pelo agravo do problema.
“Passamos por vários hospitais até chegar no PSM do Guamá. Minha tia está há 22 dias internada nesse hospital e não há nenhuma melhora na situação dela. Nós da família estamos gastando muito dinheiro com a compra dos medicamentos receitados. Os que o hospital dá não são suficientes para cuidar da minha tia, que já perdeu muito peso. Já fizemos entrada no pedido do leito para o hospital e até agora nada”, contou Aneliese.
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Duas semanas atrás, no dia 5, a sobrinha Aneliese deu entrada com um pedido no Ministério Público do Estado do Pará (MPPA) para que providências sejam tomadas com relação ao quadro clínico da tia dela. A solicitação menciona o artigo 196, da Constituição Federal, onde consta que a “saúde é direito de todos e dever do Estado, garantido mediante políticas sociais e econômicas que visem à redução do risco de doença e de outros agravos e ao acesso universal e igualitário às ações e serviços para sua promoção, proteção e recuperação”.
Aneliese é dona de um lava a jato, em Capanema, e, por conta dos cuidados a tia, o estabelecimento está parado. “Só não estou na pior, porque o restante da família está ajudando nas despesas”, reforça. Nesta quarta-feira (18), um fisioterapeuta atendeu a paciente para verificar a queixa de que Antonia tem um nervo da perna direita atrofiando.
MPPA diz que solicitou transferência
Em nota, a 2ª Promotora de Justiça de Defesa da Pessoa Idosa do Ministério Público do Estado do Pará, Adriana Simões Colares, disse que, após registro de notícia de fato, no último dia 5 de outubro, mediante ofícios, “solicitou para a Central de Regulação de Leitos do Município de Belém e do Estado do Pará, na mesma data, a transferência da senhora Antonia Doraci de Vasconcelos, atualmente internada no HPSM do Guamá, para tratamento em hospital especializado, reiterando os mencionados expedientes na data de hoje, por ausência de respostas”.
A Promotora de Justiça declarou ainda que, conforme atualização do Sisreg, nesta quarta (18), ainda não há disponibilidade de leito para o hospital sugerido pela Regulação, D. Luiz I. “Por sua vez, a família reclama providências por parte dos gestores da saúde”, diz o MPPA. “Por fim, em casos dessa natureza, a Promotora de Justiça orienta o cidadão a se dirigir presencialmente à Promotoria de Justiça de Defesa da Pessoa Idosa ou da Saúde, para o devido registro, que pode ser formulado perante a Coordenação das Promotorias de Justiça da Cidadania, via WhatsApp, E-mail ou site do MPPA”.
Nota Sesma
A Secretaria Municipal de Saúde de Belém (Sesma) informa que a paciente Antonia Doraci de Vasconcelos, de 69 anos, segue internada no Hospital Pronto Socorro Municipal (HPSM) Humberto Maradei recebendo os devidos cuidados. A paciente está devidamente cadastrada para transferência, com o cadastro sendo atualizado diariamente pela equipe da unidade. A Sesma reforça que o aceite da paciente depende dos hospitais de referência estaduais sobre os quais o Pronto Socorro não tem gerência.