Passageiros sentem na pele a desorganização nas paradas de ônibus da BR-316
Os usuários do transporte coletivo levam, em média, de 20 a 30 minutos para apanharem um ônibus
Ainda é um verdadeiro transtorno na vida de muitos usuários do transporte coletivo apanhar ônibus nos trechos iniciais da BR-316, próximo ao Entroncamento, que abrange a área entre Belém e Ananindeua, na Região Metropolitana da capital paraense. O poder público ainda não conseguiu melhorar, de fato, o acesso às paradas de ônibus. Em ambos os lados da via, a situação ainda é de caos e prejudica o cotidiano de centenas de passageiros.
A desordem se dá pela disputa incessante e caótica entre caminhões, vans, ônibus, ciclistas e ambulantes. Além da falta de abrigos adequados e sinalização para quem depende dos coletivos diariamente. Mesmo com algumas alterações feitas, como o avanço da parada de ônibus, que ficou passando mais do pórtico de Belém, no sentido Belém/Ananindeua, as reclamações são constantes.
Lá, o ponto de ônibus é obrigatório para 27 linhas. Porém, devido a todas essas dificuldades os passageiros levam, em média, de 20 a 30 minutos para conseguir apanhar um ônibus. O passageiro Rodrigo Maceió, 31 anos, todos os dias, vem do Mangueirão pra essa parada de ônibus. Ele precisa apanhar outro ônibus para ir para o trabalho, onde começa às 12h e fica no Distrito de Murinin, em Benfica, vila de Benevides.
“Mas nessa parada a maior dificuldade é a desorganização, porque há muitos veículos de cooperativas e ônibus intermunicipais estacionados e eles ficam em fila imensa. Como eles fecham a parada, o ônibus passa por fora, não tem como encostar. Aí alguns vão embora. Outros vão parar bem longe e a gente tem que correr para não perder. Às vezes, isso faz a gente correr até riscos pelas calçadas e pista”, reclama Maceió.
Ainda segundo o passageiro, a alteração da parada para o ponto passando do pórtico ocorreu em outubro ou novembro de 2020. Mas, ainda assim, não solucionou o problema e os passageiros continuam espalhados pela calçada da BR-316 tentando alcançar os ônibus, faça sol ou faça chuva, porque não há cobertura na parada de ônibus. Apenas existe placa.
“Seja no sol ou na chuva a gente sofre. Quando a gente corre pra trás, o ônibus já foi por fora. Quando a gente vai pra frente, ele já passou. Então, a maior dificuldade é essa desorganização, além da falta de estrutura (cobertura) na parada e os camelôs espalhados pelas calçadas. Os órgãos competentes precisam organizar isso, porque desde que eles largaram de mão ficou assim”, critica o passageiro, que inicia o trabalho na empresa às 12h. Mas por conta dessa situação precisa sair de casa às 10h.
“Quase não apanho ônibus aqui, mas é todo tempo bagunçado, porque param também vans e micro-ônibus. Sem falar na grande quantidade de camelôs. Nossos políticos precisam olhar para essa situação aqui e liberar a parada de ônibus, que oferece muitos riscos pra gente”, afirma a dona de casa Euzete Pereira, 62 anos, que mora no bairro do Castanheira, em Ananindeua, e se deslocava para Icoaraci, distrito de Belém.
Já na parada de ônibus, do outro lado da BR-316, no sentido Ananindeua/Belém, a desarrumação e perturbação que os passageiros convivem é praticamente a mesma.
“Eu não apanho ônibus aqui todo dia. Acho que uma vez por semana. Mas isso aqui é uma bagunça, uma confusão de ônibus grande, micro-ônibus e camelôs. Acredito que a situação é mais ocasionada pela falta de fiscalização das autoridades”, ressalta Adriana Chaves, 37 anos, que mora no Distrito Industrial, em Ananindeua.
Ela, que é estudante do curso técnico de enfermagem, geralmente leva 30 minutos para conseguir pegar ônibus. “E ainda tenho que correr atrás dele, porque nunca pára no lugar certo”, também reclama Adriana.
Esclarecimentos do poder público
Em nota, a Prefeitura Municipal de Ananindeua (PMA) informa que a responsabilidade pela reforma dos abrigos de ônibus, assim como iluminação e limpeza ao longo de toda a BR-316, não compete mais à PMA. A PMA ressalta que “a rodovia era de responsabilidade do Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes (DNIT), que é uma autarquia federal brasileira vinculada ao Ministério da Infraestrutura, mas, em 2018, a manutenção da BR ficou com o Governo do Estado".
Também em nota, o Departamento de Trânsito do Estado do Pará (Detran) esclarece que “é responsável apenas pela fiscalização das leis de trânsito nos dois sentidos dos primeiros 18 quilômetros da rodovia BR-316".
“O monitoramento na via é feito diariamente por quatro viaturas em horários de maior fluidez de veículos no perímetro. Paralelo ao trabalho de fiscalização, o Detran realiza ações e campanhas educativas para conscientizar a população sobre segurança no trânsito", afirma o Departamento.
O Núcleo de Gerenciamento de Transporte Metropolitano (NGTM) esclarece, em nota, que, até o momento, foram realizadas cinco mudanças de parada de ônibus ao longo dos primeiros 10.8 quilômetros da BR-316. “Todas elas possuem abrigos para os usuários do transporte público, quatro delas com abrigos novos e um foi reaproveitado”.
Ainda segundo o Núcleo, “as mudanças provisórias foram necessárias para o avanço das obras da Nova BR. Etapas envolvem construção de passarelas para pedestres, estação de passageiros e terminais de Integração".
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