Empreendedores apostam na COP 30 para impulsionar negócios em Belém

De alimentação a hospedagem, moradores da capital paraense investem em produtos e serviços para atender à alta demanda internacional e ampliar suas rendas durante o evento

Gabriel da Mota

A expectativa de lucro e transformação com a realização da COP 30 em Belém está mobilizando empreendedores locais, que já se preparam para aproveitar as oportunidades trazidas pelo evento. Com a previsão de atrair milhares de visitantes nacionais e internacionais, o impacto econômico promete aquecer diversos setores, da alimentação à hospedagem, gerando renda e visibilidade para negócios na capital paraense.

Nazaré Reis, 47, é empreendedora no ramo de alimentação há 15 anos no bairro do Bengui e está otimista.

“Nossa expectativa está lá em cima. Assim como outros empreendedores, estamos muito ansiosos para esse grande evento, pois alavancará nosso negócio, trazendo grandes transformações antes, durante e depois”, comenta.

image Nazaré Reis e Rosiane Batista, criadoras do restaurante de comidas típicas paraenses As Negonas, no bairro do Benguí, em Belém (Divulgação / Sebrae Pará)

Para atender à demanda internacional, Nazaré e sua irmã, sócias no empreendimento familiar @asnegonasoficial, já prepararam um cardápio bilíngue e planejam oferecer pratos típicos da Amazônia com um toque inclusivo. “Quem vem pra COP vem pra experimentar a Amazônia na sua essência. No entanto, não podemos esquecer de ter cuidados com as restrições alimentares, como alergia a mariscos”, explica. Entre os pratos mais aguardados, estão a maniçoba e o vatapá, além do carro-chefe, a lasanha de frango.

Além de investir em processos de atendimento, Nazaré está sendo “pé no chão” em relação ao retorno financeiro. “Espero que o governo abra possibilidades para que sejamos inseridos com algum retorno. Se duplicar o faturamento, já vai fazer sentido para mim”, pondera. Para expandir sua presença, ela conta que precisaria investir R$ 35 mil em um food truck; valor do qual não dispõe. No entanto, ela pretende contratar profissionais que falem inglês e espanhol exclusivamente para os dias do evento.

image A funcionária pública Joseli Silva e o pai, José, vistoriam a obra de seis quitinetes que estão sendo construídos para a COP no bairro do Marco (Thiago Gomes / O Liberal)

Já no setor de hospedagem, a funcionária pública Joseli Silva, 34, está transformando um terreno no bairro do Marco em um empreendimento direcionado a turistas que buscam conforto e praticidade. Inspirada por capacitações promovidas pelo Sebrae e Airbnb, ela decidiu construir seis quitinetes equipados com quartos, salas e cozinhas compactas. “Meu objetivo é oferecer uma experiência mais personalizada, onde o turista possa ter privacidade e até preparar suas refeições, algo que não é tão comum nos hoteis tradicionais daqui”, explica.

Joseli acredita que a valorização da moeda estrangeira será um diferencial competitivo. “Com o dólar alto, cobrar três vezes mais pelo valor da diária durante a COP 30 pode ser um bom negócio”, avalia. Após o evento, ela pretende manter os imóveis disponíveis para locação a longo prazo, com preços mais acessíveis para o mercado local, em torno de R$ 800 mensais.

Eixos estratégicos 

De acordo com Rubens Magno, diretor-superintendente do Sebrae no Pará, o evento deve atrair mais de 60 mil pessoas para Belém, representando um cenário altamente favorável para o empreendedorismo local. “Nossa intenção é aproveitar esse cenário positivo para fortalecer os pequenos negócios, dando condições para que eles assumam, definitivamente, o papel de protagonistas do desenvolvimento sustentável da Amazônia”, afirma Rubens.

Desde o anúncio de Belém como sede da COP 30, o Sebrae intensificou ações estratégicas em quatro eixos principais: alimentos e bebidas, mobilidade, hospitalidade e economia criativa. Em 2024, quase 18 mil empresas receberam apoio da instituição, sendo 11 mil pertencentes ao setor de Alimentos e Bebidas. Entre as iniciativas estão capacitações, consultorias, mentorias e feiras de negócios, com destaque para orientações voltadas à exportação e atendimento ao público internacional. “Estamos presentes em todos os 144 municípios paraenses, garantindo que os empreendedores estejam preparados para aproveitar as oportunidades geradas pela COP”, conclui Rubens.

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