Em três meses, casos de covid-19 aumentaram mais de 250% em Belém
Entretanto, no comparativo do último trimestre de 2023 com 2024, a Secretaria Municipal de Saúde aponta diminuição de 26%. Em Marabá, há falta vacinas e profissionais da saúde percebem aumento nos casos
Os casos de covid-19 fecharam o ano com alta de mais 250% em Belém, considerando o último trimestre de 2024. De outubro a dezembro, a capital paraense registrou um aumento de 256,25%, segundo dados repassados pela Secretaria Municipal de Saúde (Sesma). A secretaria aponta, porém, que no comparativo com o último trimestre de 2023, houve redução de 26% nos casos.
Conforme nota da Sesma, no mês de outubro de 2024, Belém contabilizou 32 casos de covid-19. O número teve uma pequena queda em novembro, passando para 27 casos, mas tornou a subir, superando o triplo do número inicial, alcançando a marca de 114 casos em dezembro.
Só este ano, a cidade já registrou 20 pacientes diagnosticados com covid-19 - a contagem da secretaria vai do dia primeiro de janeiro até a última quarta-feira, 8.
Apesar do aumento marcando os últimos três meses do ano passado, a situação da doença da capital é considerada sob controle pelo secretário municipal de saúde, Rômulo Nina de Azevedo, que explica o cenário:
"[Esse aumento] é natural, no que tange ao período, pelo inverno amazônico, devido ao maior número de infecções virais - acontece todos os anos. Além disso, por mais que a gente tenha a expectativa de aumento de casos nesse período, quando fazemos a comparação dos números do último trimestre de 2024 com o último trimestre de 2023, a gente teve uma queda de 26%. A gente vem acompanhando, orientando, tomando as medidas que são conhecidas", diz o secretário.
Rômulo Azevedo informa, ainda, que, com relação aos óbitos, Belém registrou 57 mortes por covid-19 em 2023 e 55 em 2024 (considerando o ano todo). Além disso, ele enfatiza que a taxa de cobertura vacinal contra a doença, em Belém, encontra-se em 95%, reforçando que a vacinação é a principal medida de proteção.
Vacina contra covid-19 em Belém
A respeito da falta de imunizantes para alguns públicos na cidade, especialmente crianças, o secretário municipal de saúde explica que não há atraso:
"Na faixa etária de 5 a 11 anos de idade, 34 mil pessoas estão esperando a vacina chegar. Elas foram enviadas pelo Ministério da Saúde. Ainda não há uma previsão de quando chegará, mas isso não configura atraso. Essa espera é o fluxo natural da demanda e do envio. Nós vamos manter a população atualizada".
Para crianças de 6 meses a 4 anos (11 meses e 29 dias), a vacina também estava ausente nos postos, porém, uma nova remessa do imunizante da Pfizer chegou a Belém na última quarta-feira (8) e está em processo de distribuição para as Unidades Básicas de Saúde (UBS), com previsão de abastecimento ainda esta semana - garante a Sesma.
Já para o público a partir dos 12 anos de idade, as salas de vacinação seguem abastecidas. Rômulo Azevedo incentiva que o público se imunize e não apenas contra covid-19:
"Outras viroses, como a influenza, também podem provocar a Síndrome Respiratória Aguda Grave (SRAG), que é a forma grave da doença e pode levar a óbito. Então, é importante que a população se vacine também contra influenza", adverte.
Em todo o Pará, casos de covid-19 também são registrados, porém, os dados disponibilizados pela Secretaria de Estado de Saúde Pública do Pará (Sespa) ainda aguardam as atualizações dos municípios. Em nota enviada na última quarta-feira, 8, a Sespa contabilizava 17 casos de covid-19 em outubro, 18 em novembro e 60 em dezembro do ano passado. A expectativa é que os números aumentem com o cadastro dos casos mais recentes, por parte dos municípios, no sistema de monitoramento da Sespa.
Em Marabá, casos aumentam e vacinas seguem em falta
Em Marabá, muitos casos de síndromes gripais, comuns durante o período de chuvas, estão se confirmando, na verdade, como covid-19. Embora a Secretaria de Saúde de Marabá não confirme essa informação, extraoficialmente, servidores da rede municipal de Saúde testemunham diariamente esse aumento.
“É o que a gente vê no posto todos os dias. Muitos usuários com sintomas gripais e uma parte considerável testando positivo para covid”, relata uma servidora.
Na Unidade Básica de Saúde (UBS) Enfermeira Zezinha, a dona de casa Solange Cruz foi embora sem conseguir atualizar o cartão de vacinação. “Eu vim para uma consulta e trouxe meu cartão de vacina pra completar com as doses que faltam, né? Mas contra a covid me disseram que não tem”, relata a mulher que afirma ter ouvido ainda a sugestão de receber uma dose de vacina contra influenza no lugar. “Eu achei até estranho porque, do jeito que foi, parece que uma substitui a outra”.
A falta de imunização na unidade de saúde foi confirmada por um servidor. “Parece que está em falta em todo o município”.
Já no Hospital Municipal de Marabá, a ordem é todo mundo de máscara. O aviso foi dado à equipe por meio de nota assinada pela direção, compartilhada em grupos de mensagem, e a medida seria justificada em razão da confirmação de casos de covid na unidade.
“Só na última segunda-feira (6), no início do meu plantão noturno, foram oito casos positivos. Mesmo os pacientes apresentando sintomas leves, é assustador”, disse uma servidora. “É claro que esse início de ano tem sempre uma alta já esperada, as pessoas relaxam, se aglomeram, se expõem mais nas festas de fim de ano, mas para nós que trabalhamos na Saúde, é muito mais preocupante”.
A reportagem procurou a Assessoria de Imprensa da Prefeitura de Marabá para entender a realidade do município em relação aos casos confirmados da doença e a informação de falta de vacinas nas unidades de saúde. No entanto, com a reconfiguração da Secretaria de Saúde no novo governo, a assessoria pediu um prazo de 48 horas para responder à solicitação. A reportagem de O Liberal segue acompanhando a situação no município.
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