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Em tempos digitais, leitores de Belém mantêm tradição de procurar bibliotecas para ler

Na capital, a Biblioteca Pública Arthur Vianna é o ponto de encontro para aqueles que fazem questão de ler à moda tradicional

Gabriel Pires

Mesmo com a ampla oferta de livros digitais, muitos leitores ainda preferem a experiência única das versões físicas nas bibliotecas, verdadeiros refúgios para os apaixonados por leitura. Em Belém, a Biblioteca Pública Arthur Vianna (BPAV), na Fundação Cultural do Pará (FCP) é o ponto de encontro para aqueles que fazem questão de ler à moda tradicional: folheando cada página. O local abriga um acervo diversificado, que vai de obras literárias a materiais didáticos. 

E há quem não dispense esse hábito de ir à biblioteca. É o caso da acadêmica de Farmácia Thais Carvalho, de 21 anos. A graduanda, que sempre costuma estudar e aproveitar para revisar os conteúdos da faculdade no Centro Cultural e Turístico Tancredo Neves (Centur), diz que a leitura tradicional é mais atrativa. “Eu gosto muito do livro físico. Eu preciso focar. Por isso que eu prefiro os livros [físicos]. Também leio literatura, mas não tenho tanta afinidade. Acabo vindo mais para estudar”, conta.

“As nossas bibliotecas também servem para cultura e história. Se a gente parar e só ver vídeos, algo tecnológico, isso vai se perder com o tempo. Eu gosto de livros e acho que todo mundo deveria ter um pouco esse hábito de ler. A internet, o Instagram e o TikTok nos fazem ficar meio que viciados em pequenos vídeos e não aprender a ler direito. A tecnologia é um vício”, completa a estudante, ao lembrar que esses espaços também potencializam a democratização do acesso às obras.

E é desde criança que Thais tem o costume de ir até à biblioteca. “Venho desde criança, por causa do meu pai, que trabalhava aqui próximo como flanelinha. Eu gosto daqui porque é silencioso. E, também, porque tem vários livros que não têm outros lugares. Não temos muitas bibliotecas, pelo que eu vejo. Por onde eu passo, não tem muito mais biblioteca, principalmente de livros didáticos”, comenta. 

image Thais busca o local para estudar (Foto: Thiago Gomes / O Liberal)

Tradição

Para Olívio Ribeiro, economista de 35 anos, o livro físico continua sendo um aliado essencial ao digital, especialmente na rotina de estudos. Frequentador assíduo da Biblioteca Pública Arthur Vianna, ele afirma que, apesar das facilidades da tecnologia, não abre mão do formato tradicional, que considera indispensável para o aprendizado. E, no dia a dia, sempre que pode, faz questão de passar na biblioteca - e se considera um frequentador fiel.

"O Centur faz parte da minha vida desde que me entendo por gente. Neste último ano, venho à biblioteca diariamente desde junho, pois estou focado nos estudos para concursos. Mas, ao longo da minha vida, sempre frequentei, inclusive em eventos. É um lugar excelente para estudar, porque motiva a gente. É como se fosse uma segunda casa. A biblioteca é um ótimo lugar para estudar”, observa o estudante.

image Olívio vai ao Centur desde criança (Foto: Thiago Gomes / O Liberal)

Memória

A coordenadora da Biblioteca Pública Arthur Vianna, Socorro Baia, conta que o local recebe de 700 a 1.000 pessoas diariamente e que o espaço é bastante procurado por aqueles que buscam um lugar tranquilo para estudar. Mas também é um refúgio para aqueles que procuram na leitura uma forma de entretenimento. E, mesmo com o advento da tecnologia, o acervo ainda é bastante procurado. “Ainda vêm muitas pessoas para estudar e pesquisar, em busca de empréstimo de livros, principalmente de literatura, além de outros espaços”, diz.

“A tecnologia diminuiu o acesso à biblioteca, mas a tecnologia também se tornou uma aliada. Por outro lado, a biblioteca é um refúgio para quem vem em busca de pesquisa e de um espaço apropriado também. Muitas vezes, essas pessoas não têm um espaço adequado e confortável na sua casa. E acabam vindo para cá. Mas a maioria mesmo, o forte da biblioteca, ainda é um acervo bibliográfico”, acrescenta Socorro.

Prestes a completar 154 anos de história, neste mês de março, a biblioteca pública abriga uma parte da história dos paraenses, como relata Socorro. “Temos obras de todas as áreas do conhecimento. A gente tem um pouco de cada coisa, com mais ênfase na literatura. A gente também tem um acervo de livros raro, temos um acervo de jornais, os primeiros jornais que circularam no estado do Pará e em Belém também estão aqui”.

image Coordenadora da BPAV fala da importância do espaço ()

“Emprestamos muitos livros. Tem pessoas que só vêm aqui levar o livro [emprestado para casa] e outros meses só para estudar. Recebemos um público. Vai desde criança até o adulto. Atendemos também pessoas em situação de rua. É um espaço público, que recebe todo mundo. Ainda temos um acervo em Braile, onde atendemos pessoas com deficiência visual, com acesso aos programas [para leitura]”, reforça Socorro.

Biblioteca Antônio Landi

Outro ponto de referência para pesquisadores, estudantes e interessados na produção artística e literária paraense é a Biblioteca Antônio Landi, localizada no Museu do Estado do Pará (MEP). Criado em 1994 e em funcionamento desde 2011, o acervo reúne obras sobre museologia, literatura, religião e registros históricos, além de coleções raras, como os documentos do Memorial da Cabanagem, de Magalhães Barata, e do Acervo Bibliográfico de Waldemar Henrique.

A biblioteca também disponibiliza publicações institucionais e materiais educativos, que ajudam a contextualizar o papel do MEP como um centro de pesquisa e preservação cultural. Aberta ao público, a Biblioteca Antônio Landi recebe estudantes, professores e curiosos que buscam referências para seus estudos ou desejam se aprofundar na história local. O espaço funciona de terça a quinta, das 8h às 14h, e às sextas, das 9h às 15h.

“Além do acervo, a biblioteca expõe materiais educativos sobre os museus, a arte e tudo o que produzimos enquanto Sistema. É um dos pontos mais importantes para a difusão do conhecimento em Belém”, destaca Bruno Silva, diretor do MEP. Bruno também reforça: “Para quem acredita que bibliotecas são apenas prateleiras repletas de livros, a Antônio Landi mostra que são muito mais; são portais para o conhecimento e testemunhas da trajetória cultural do Pará”.

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