Educação escolar e preparação para a COP 30 são destaques na Semana dos Povos Indígenas, em Belém

Para secretária da Sepi, a demarcação dos territórios indígenas é uma forma de mitigar as mudanças climáticas

Eva Pires | Especial para O Liberal

Com foco na preparação para a COP 30 e no fortalecimento da educação escolar dos povos originários, a Semana dos Povos Indígenas teve início nesta segunda-feira (14), no Hangar – Centro de Convenções e Feiras da Amazônia, em Belém. A secretária de Estado dos Povos Indígenas, Puyr Tembé, destaca a importância dos seminários realizados durante o evento como etapas fundamentais para a regulamentação da educação indígena e para ampliar a presença dos povos originários no debate climático global.

O encontro reúne cerca de 400 indígenas de diversas etnias do Pará em um espaço de valorização da cultura, ancestralidade e das lutas dos povos originários, além de promover a conscientização sobre a preservação ambiental e das Terras Indígenas.

Puyr Tembé enfatiza que a feira oferece aos povos originários a oportunidade de comercializar produtos vindos das aldeias, muitas vezes sem acesso a outros canais de escoamento. Além disso, é um espaço para intercâmbio cultural e para a escuta de demandas reprimidas, permitindo encaminhar processos que surgem nos territórios.

A realização é do Governo do Pará, por meio da Secretaria de Estado dos Povos Indígenas (Sepi).

Educação escolar indígena é destaque

De acordo com a secretária, o seminário "Construção da Política Estadual da Educação Indígena do Estado do Pará", realizado nesta segunda-feira (14), abertura do evento, foi etapa fundamental no processo de consulta para a futura regulamentação da educação escolar indígena. Ela também ressalta ações do governo, como a contratação de equipe voltada especificamente para essa área.

"A gente tá falando primeiro dessa contratação da equipe e da educação escolar indígena. Outra coisa é a questão do espaço físico. Então, nós temos duas frentes, e uma delas está avançando muito mais do que a outra, mas as duas vão se pensando e planejando para que possamos, até nos próximos dias, realizar licitações e contratações. São construções de escolas que, como eu disse, vão começar a ser realizadas, além da contratação de professores e da elaboração de leis que vai regulamentar a educação escolar indígena no nosso estado", explica.

Mobilização indígena para a COP 30

"O seminário da COP 30 é uma oportunidade para todo mundo entender o que é a conferência do clima e como os povos indígenas vão fazer parte desse processo", afirma Puyr Tembé, destacando que o Pará e o Brasil podem dar um recado importante ao mundo ao demarcar as terras indígenas. A secretária pontua que os estudos científicos indicam que a demarcação dos territórios indígenas é uma forma de mitigar as mudanças climáticas, ajudando a frear os impactos ambientais.

Ela ressalta que a demarcação não se limita à marcação do território, mas é essencial para garantir a vida dos povos originários e das futuras gerações. "Essa responsabilidade não pode ficar apenas nas mãos dos povos indígenas, é preciso que a sociedade compreenda essa pauta tão importante, porque o que afeta os povos indígenas, afeta o restante da humanidade e afeta o planeta", reflete.

Outras atuações e novidades

Puyr Tembé destacou diversas iniciativas do Governo do Pará voltadas aos povos originários. Entre elas, a articulação com órgãos municipais e estaduais para atender as demandas dos territórios, como o acompanhamento das desintrusões nas terras indígenas Munduruku e Kayapó.

Além disso, mencionou o Grupo de Trabalho (GT) de Saúde dos Povos Indígenas, que tem garantido um atendimento diferenciado nas áreas de alta e média complexidade. Outra frente importante é o programa "Sua Casa", que, pela primeira vez, está levando melhorias habitacionais aos territórios indígenas, ajudando muitas comunidades a melhorar as condições de moradia.

Evento traz demandas da comunidade indígena

image Marlucia Gomes (Foto: Thiago Gomes | O Liberal)

Marlucia Gomes, também conhecida como Wai Wai, presidente da Associação das Mulheres Indígenas da Região do Município de Oriximiná (Amirmo), trouxe para a feira um estande com produtos artesanais feitos na aldeia. Ela destaca a importância do evento para mostrar o trabalho realizado pelas mulheres indígenas e afirma: "É muito importante para nós, porque é a primeira vez que nós saímos da aldeia para mostrar o material, o que a gente trabalha e faz na aldeia".

No entanto, Marlucia também ressaltou as dificuldades enfrentadas pelas mulheres de povods originários, especialmente no que diz respeito à participação em eventos como este. "A nossa aldeia é difícil de sair, é difícil a gente ser convidada", destacando as barreiras enfrentadas para ter acesso a espaços fora dos territórios.

Mesmo com esses desafios, ela vê a feira como uma oportunidade para buscar apoio para a aldeia, especialmente nas áreas de educação e saúde. Marlucia também expressou a preocupação com o futuro das novas gerações, que muitas vezes preferem permanecer na cidade para estudar, em vez de retornar à aldeia. Para ela, é fundamental que a educação e a saúde cheguem até as aldeias, para que os jovens das próximas gerações possam viver de forma digna e preservando as raízes.

Cidadania e programação diversa

Com o tema “Aldeando a COP 30”, o evento, que segue até 16 de abril, oferece uma programação gratuita e aberta ao público, incluindo debates, feiras de artesanato, apresentações culturais e desfiles de moda ancestral. Nesta segunda edição, o foco está na garantia de direitos, valorização cultural e geração de renda para os povos indígenas, por meio da comercialização de produtos tradicionais.

Além disso, a programação conta com serviços de saúde, cidadania, assistência social e emissão de documentos.

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