Dia Mundial do Café: barista explica como tomar café se tornou uma das paixões dos paraenses
A paraense Samilly Miranda, dona do Quintal da Barista, criou um espaço no bairro do Jurunas que "descrentraliza" a cafeteria do centro da cidade e leva café de qualidade e boa experiência aos moradores da periferia
A pausa para o cafezinho com pupunha ou tapioquinha no final da tarde se tornou uma das práticas mais comuns, e para lá de gostosas, feita pelos paraenses. A bebida pode ser consumida em casa, nas cafeterias localizadas no centro de Belém, ou nas barraquinhas de rua, podendo variar de acompanhamentos e preços. E a bebida tem um data especial: o Dia Mundial do Café, comemorado nesta sexta-feira (14).
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Pensando em tornar essa paixão mais acessível, a barista Samilly Miranda, de 29, criou há quase um ano a primeira casa de cafés especiais do bairro do Jurunas, em Belém. Segundo ela, a ideia inicial era atender todos os públicos, mas principalmente, fazer com que o Quintal da Barista se tornasse um espaço que “descentraliza” as cafeterias do centro da capital paraense, e torna-o um um lugar frequentado por pessoas da periferia.
“Nós trabalhamos com produtos regionais daqui do Jurunas mesmo. O pão é feito aqui no bairro, o pão de abóbora é fabricado por nós, mas remete a minha infância no Marajó. Os bolos, tortinhas, nosso cookie tem gotas de chocolate fabricada em Medicilândia”, explicou uma das donas sobre a proposta do Quintal.
No espaço são servidos cafés diversificados, como o espresso, cappuccino, mocha e o tradicional com o leite. De acordo com Samilly, o “queridinho” entre os clientes é o mocha por ser feito com uma camada de creme de chocolate, leite e café espresso.
“O que é de surpreender muitos baristas já que foge totalmente do comum das cafeterias que trabalhei. Ele é bonito e mais doce”, acrescentou dizendo que também são oferecidos chocolate quente e sucos.
Já que o cafezinho se tornou uma preferência nacional, virando ao longo dos anos a segunda bebida mais consumida no Brasil, perdendo apenas para a água, Samilly analisa a contribuição dos paraenses e a relação um tanto peculiar que estes possuem com a bebida.
“A gente pensa muito no café consumido durante o período da manhã. Já conversei com outros baristas e eles perguntam: ‘qual o horário de pico?’. Quando respondo que é depois das quatro da tarde, depois do almoço, para eles não faz sentido algum, porque aqui [no Pará] é totalmente oposto. Às vezes, está um sol super quente, absurdo, mas a pessoa toma seu café, seu tacaca”, disse Samilly aos risos.
Como harmonizar o café com alimentos diferentes?
Uma das formas de degustação do café cada vez mais famosa é a harmonização da bebida com alimentos doces e salgados. A barista Samilly explicou, que essa “combinação” pode ser muito instantânea e não precisa necessariamente seguir regras pré definidas.
Segundo ela, é muito comum quando se pede café em algum lugar, ele vim acompanhado de um biscoitinho ou um brigadeiro, justamente porque existe uma “combinação perfeita” entre o amargor da bebida com o doce, que se complementam.
Quando a combinação se “regionaliza” para as iguarias nortistas, como por exemplo a tapioquinha e a pupunha, ou a nordestina com o cuscuz salgado ou doce, as opções de café podem variar.
“A tapioquinha já tem um amanteigado, o cuscuz também, porque as pessoas comem com ovo e queijo, mas às vezes pode ser adocicado, junto com o café dando uma ‘quebrada’ no sabor. Para fazer a combinação perfeita, recomendo os cafés especiais, que são ausentes de defeitos, como o café espresso e o mocha”, disse a barista.
Entenda a relação da cor do café com o sabor e qualidade da bebida
Samilly explica que enquanto o café tradicional possui o típico amargor, os cafés especiais apresentam sabores e notas aromáticas, são mais equilibrados por possuírem uma torra adequada. Além disso, estes são encontrados para ser vendidos em empórios ou lojas especializadas de café. Já os “tradicionais” são encontrados nos supermercados e, geralmente, vendidos por marcas consideradas comuns.
Diferença entre o café tradicional e o especial (Reprodução/ Redes sociais)
“Quanto mais informações na embalagem do café tiver como nome do produtor, fazenda, mais fácil será entregar aquilo que promete na embalagem”, alertou a barista.
Segundo Samilly, o café não precisa ser tratado como vilão quando se fala em saúde. A “má fama” teria surgido pelo fato do café tradicional ser vendido com “restos” de outros produtos, o que aumentaria a reação de gastrite em muitas pessoas, que a bebida faria mal.
Outro ponto destacado por ela é a cor da bebida. Os cafés tradicionais são mais escuros, e os especiais mais claros. Essa diferença se dá, porque o primeiro não vem apenas os grãos de café na composição. Durante a torragem, também são levados junto aos grãos pedaços de milho, pedaços de pau e galhos de árvore.
“O café não necessariamente precisa ser amargo. Tem infinidade de gostos diferentes, dependendo do local que tu compras. O mesmo funciona com o cacau, o vinho. Você pode viver uma vida inteira e não conhecer todos os cafés que existem”, pontuou.
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