Dia Nacional de Saúde Bucal: perder um dente é algo muito sério, alerta odontólogo

Pesquisa do IBGE indica que mais de 6% dos paraenses adultos já perderam todos os dentes. O professor e odontólogo Aluísio Celestino Júnio destaca que, ao contrário do que muita gente pensa, perder um dente é algo a ser menosprezado

Eduardo Rocha
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A Pesquisa Nacional de Saúde Bucal, do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), já apontava em 2019 que cerca de 6,6 da população do Pará com mais de 18 anos de idade já perdeu todos os dentes. Esse dado funciona como uma referência para os cuidados que se deve ter para com a saúde nessa parte do corpo humano, inclusive, pegando como mote o Dia Nacional da Saúde Bucal, a transcorrer nesta terça-feira (25). O professor e odontólogo Aluísio Celestino Júnior, que atua na Clínica Odontológica do Centro Universitário do Estado do Pará (Cesupa), destaca que, ao contrário do que muita gente pensa, perder um dente é algo a ser menosprezado.

"Perder um dente é algo sério, porque ele mexe não somente com o aspecto estético, o que já é algo relevante com relação à autoestima das pessoas, uma criança que perde um dente, na escola, pode ser até ser estigmatizada por coleguinhas; essa condição desagradável pode acompanhar esse adulto mais tarde. Mas, funcionalmente, também. A qualidade da mastigação prevê que o alimento chegue no tubo digestivo, estômago, intestino, previamente processado; isso dá qualidade à própria digestão, constrói, então, um equilíbrio que começa já pela boca", enfatiza o odontólogo Aluísio Celestino.

De acordo com a pesquisa, aproximadamente 19% perderam treze ou mais dentes e pelo menos 25% usam alguma prótese dentária. No Brasil, são 14,1 milhões de pessoas maiores de idade com perda total, o correspondente a 8,9% da população.

Segundo a mais recente amostragem do IBGE, 8,9% dos brasileiros afirmaram não ter mais nenhum dente natural, sendo que esse percentual sobe para 12,6% quando se considera a moradia em área rural. No ranking nacional, os Estados do Ceará, Tocantins e Minas Gerais registram os três maiores índices, de 13%, 11,4% e 11,2%, respectivamente.

O Pará está entre os Estados com as menores taxas tanto no comparativo nacional, quanto regional. Em uma escala do maior índice para o menor, ocupa o 19º lugar nacional e o 5º entre os sete da Região Norte. Mas a classificação não elimina os problemas apontados pela pesquisa.

Perda

Como destaca Aluísio Celestino, a perda de dentes não é uma realidade apenas brasileira, mas o Brasil já esteve em uma situação bem pior, chegando a ter sido considerado como o "país dos banguelas", "uma marca muito triste, mas que hoje superamos, estamos, inclusive, com índice em relação à cárie, a principal doença de saúde bucal, considerado baixo, hoje". No entanto, Aluísio observa que os cidadãos em geral situados em cidades do interior e na periferia das cidades são os que sofrem mais com relação à perda dentária. "Isso tem um impacto muito grande na qualidade de vida dessas pessoas", salienta. 

Porém, não é só o perfil socioeconômico que influencia na incidência da cárie. Outro fator, como ressalta o professor, é a falta de uma cobertura assistencial para todos os cidadãos no país. "Isso melhorou muito a partir de 2004, com a política nacional de saúde bucal, chamada Brasil Sorridente, que ampliou o acesso dessa população, deu condições melhores e qualidade dessa atenção odontológica, reduzindo muito esse índice de adoecimento em relação à cárie e também doenças gengivais", pontua Aluísio Celestino. Mas, ainda é um desafio no Brasil.Ele verifica que nas dimensões continentais do ambiente amazônico o acesso a serviços odontológicos ainda é complicado. 

Prevenção

A prevenção à saúde bucal envolve a promoção da saúde, valorizar a saúde bucal antes mesmo que aconteça algum problema. Parte disso se faz com uma boa informação, qualidade da informação, como diz. É fundamental a higiene bucal, o cuidado com os dentes, com a gengiva. Além da cárie, existem as infecções gengivais, entre elas, a gengivite, pode evoluir para uma doença mais grave chamada periodontite, que pode causar muitas perdas dentárias. 

A escovação dos dentes, o uso do fio dental, tudo isso favorerece a prevenção a doenças. Mas, como pontua Aluísio Celestino, a pessoa em geral precisa receber essa informação, "precisa atuar antes da doença aparecer". E quando aparecem esses efeitos, eles precisam ser limitados, para se evitar a perda dentária. 

"Um dos fatores em relação à cárie é a própria dieta. O Brasil inteiro tem uma tradição de consumir muito açúcar, isso da sua colonização, a moeda era o açúcar, e, então, trazemos o consumo exagerado de açúcar; e, às vezes, precocemente: com relação às criancinhas, já se coloca açúcar na mamadeira, no mingauzinho, e a criança vai construindo, então, o hábito de consumir esse elemento de risco não somente à cárie mas a outros problemas, como, por exemplo, o diabetes", salienta Aluísio Celestino. 

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