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Conheça a história do bonde de Belém, agora escondido por concreto

Bonde fazia parte de um projeto maior de revitalização e ordenamento do Centro Histórico de Belém, o "Via dos Mercadores"

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Em 2002, a Prefeitura de Belém elaborou um projeto para restaurar as ruas e imóveis históricos da zona portuária, na Cidade Velha: a proposta foi chamada de “Via dos Mercadores”. Uma estrada de ferro de rua era parte do renascimento. Era inspirado na linha de bonde em Santos (SP). O então prefeito de Belém, Edmilson Rodrigues, começou a obra pela busca de um veículo que viria a ser o Bonde Belém, que hoje fica num museu chamado Estação Gumercindo Rodriguez. O local foi tapado por concreto.

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Muito antes desse projeto, a primeira estrada de ferro de rua em Belém foi construída em 1869, pelo cônsul dos Estados Unidos para o Pará, James B. Bond. Daí o nome "bonde". A linha começava na Catedral e passava pela rua Pedro Rayol (rua Padre Champagnat hoje), ruas João Alfredo e Santo Antônio, em seguida, a avenida 15 de Agosto (Presidente Vargas hoje) e a avenida Nazaré e Largo de Nazareth (praça Justo Chermont). Esta foi também a rota do primeiro bonde elétrico de Belém, em 1907.

Siemens & Halske instalaram a iluminação pública elétrica em Belém em 1894, e uma empresa inglesa, Pará Electric Railways & Lighting Co., abriu uma linha para o bonde elétrico, com 1.435 milímetros de largura, em 15 de agosto de 1907. A primeira linha seguiu o mesmo caminho do bonde a vapor de 1869, exceto que os carros entravam a oeste na rua Senador Manuel Barata e a leste na João Alfredo.

Em maio de 2004, 20 toneladas de trilhos foram trazidas a Belém, que formaram um circuito de 1,985 km ao longo da rua João Alfredo, praça Dom Pedro II, Catedral da Sé, Feira do Açaí e Forte do Castelo. Um roteiro puramente histórico da cidade.

O bonde ideal para o projeto foi encontrado em Campinas (SP). Uma empresa de Santos, chamada Clinimaq, renovou o veículo e instalou equipamentos elétricos, nos moldes da cidade paulista. Chegou em Belém em 16 de setembro de 2004. 

No dia 4 de outubro de 2004, o bonde 110 foi colocado sobre o trilho do circuito histórico de Belém. Os testes começaram dois dias depois, num trajeto reduzido. A construção da linha foi concluída em dezembro. O então prefeito Edmilson Rodrigues circulou no bonde em uma inauguração formal no último dia de 2004, também o último dia do mandato. A estação foi batizada com o nome do avô do ex-prefeito, Gumercindo Rodriguez. Ele era um motorneiro no sistema de bondes original de Belém.

Quando Duciomar Costa assumiu a prefeitura, em 2005, todo o projeto do bonde foi deixado de lado e a operação comercial da linha, que a subsidiaria, foi adiada. Também houve problemas com os sinais de trânsito e reclamações sobre os fios em frente à catedral. Os engenheiros da Clinimaq em Santos voltaram a Belém e encurtaram o percurso do bonde. O público só fez o primeiro passeio em 18 de agosto de 2005. Foi a primeira vez, em 58 anos, que a população poderia ter a experiência do transporte clássico da cidade. E conhecer de perto um pedaço da história da capital paraense.

Essa operação durou apenas por um dia. Só voltou a funcionar em 2007, com a rota restaurada ao tamanho original, mas sem fios aéreos. O veículo foi equipado com um motor a gasolina. A linha recebeu a sua terceira inauguração formal, em 12 de outubro de 2007. Contudo, durou pouco. Novamente o projeto foi abandonado e o bondinho nunca mais saiu da Estação Gumercindo Rodriguez, agora lacrada por concreto.

O bonde era apenas uma parte da Via dos Mercadores. O projeto previa intervenções nas calçadas, no piso da via, implantação de bancos e lixeiras, nova iluminação das ruas e fachadas dos prédios, quiosques padronizados para os comerciantes informais, pontos de táxi e postos de informações turísticas. Tudo para organizar o centro comercial, incentivar o turismo e manter a atividade do comércio informal. Era um projeto de inclusão social e resgate do patrimônio físico e cultural da cidade. Mas esses planos, entre tantos outros para o Centro Histórico de Belém, sempre foram sendo adiados.


FONTE: Blog “Urban Transport in Latin America” e livro “The Tramways of Brazil”, de Allen Morrison. Tradução original da Assessoria do deputado Edmilson Rodrigues. Edição da Redação Integrada de O Liberal.  

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