Comunidade libanesa do Pará celebra o Dia da Independência do país e Belém recebe um novo consulado

No ano de 1876, o então imperador do Brasil, Dom Pedro II, visitava o Líbano juntamente com a esposa, Teresa Cristina, e uma comitiva de cerca de 200 autoridades, entre condes, barões e duques. Ele voltaria de lá encantado. A partir de então, a relação entre os dois países foi fortalecida e cada vez mais imigrantes se enraizaram em terras brasileiras. Hoje, há mais libaneses no Brasil que no Líbano, segundo o Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (PNUD). Os laços entre os dois povos é histórico, e desde 2010 foi decretada a lei que instituiu o Dia da Comunidade Libanesa no Brasil, celebrado em 22 de novembro.

A data representa a independência do Líbano da França, que aconteceu em 1943, após manifestações populares que reuniram libaneses cristãos e muçulmanos. "É uma data simbólica e muito marcante para os libaneses. Eles se juntam, relembram da pátria origem, das raízes. É um significado muito grande, de patriotismo, de história, de união", explica Muzaffar Said, vice-presidente do Clube Monte Líbano de Belém.

Atualmente há cerca de 12 milhões de imigrantes libaneses vivendo no Brasil, enquanto 4,5 milhões residem no Líbano. E o Pará é um dos quatro estados que mais receberam esses imigrantes, atrás somente de São Paulo, Rio de Janeiro e Minas Gerais. Hoje, estima-se que há pelo menos 400 mil libaneses e descendentes no Estado, segundo Muzzafar Said. Essas pessoas participaram ativamente na formação da sociedade paraense e brasileira, como um todo.

"O libanês está na política, na indústria, no comércio, na medicina, em nomes de colégios. Eles não vieram meramente por vir, e participaram em todas as áreas. Então eles fazem parte da sociedade brasileira, e quando há uma Copa do Mundo, por exemplo, o Líbano vira um pequeno país do Brasil fora do território dele. É buzina, carro, bandeira", diz Said. "A nossa comunidade agrega, soma, é destaque".

Neto de uma libanesa e de um português, o Deputado Federal Eduardo Costa (PTB) conta que os avós se conheceram após virem para o Brasil, fugindo da Segunda Guerra Mundial, como tantos outros imigrantes, e se estabeleceram no município de Capanema, nordeste do Pará. Ele afirma que a comunidade hoje domina o setor de comércio e representa uma grande parte da economia do país.

"Não só aqui no Brasil, mas em vários outros países. São mais de 18 milhões de libaneses que vivem fora do Líbano. E a diáspora libanesa foi muito forte, todos esses libaneses e descendentes têm um laço muito forte com o país. E apesar das dificuldades e das questões econômicas, sociais e políticas, a gente acredita no potencial e na reconstrução do futuro do Líbano, e que o país vai evoluir e se tornar cada vez mais democrático", declarou o parlamentar.

Na semana da Independência do Líbano, Belém recebe um novo Consulado Honorário

A relação entre o Pará e o Líbano deu um importante passo na semana em que a comunidade celebra a independência do país. Na última quinta-feira (18), ocorreu a inauguração do Consulado Honorário de Belém, localizado na travessa Magno de Araújo, no bairro do Telégrafo. A embaixadora do Líbano no Brasil, Carla Jazzar, participou da cerimônia juntamente com Makram Said, Cônsul Honorário do Líbano no Pará. Também esteve presente o vice-prefeito de Belém, Edilson Moura (PT), além de várias outras autoridades e personalidades integrantes da comunidade libanesa.

Autoridades políticas e personalidades do Pará participaram da cerimônia de inauguração do Consulado Honorário do Líbano em Belém (Cristino Martins/ O Liberal)

Para Said, trata-se de um momento único e histórico, pois a comunidade libanesa do Pará merecia um consulado. "Nossa comunidade é uma das maiores do Estado, é uma comunidade muito influente na política, no comércio, na indústria, no direito, em todos os segmentos. E hoje é uma realização, um sonho termos um Consulado Honorário do Líbano, onde eu vou estar representando essa família maravilhosa", disse.

A embaixadora Carla Jazzar visitou o Brasil pela primeira vez há 11 meses, e hoje já até fala português. Na quinta-feira (19), ela foi recebida pelo governador Helder Zalouth Barbalho, que é descendente de libaneses, para dialogar sobre a parceria entre o Pará e o Líbano. Ela ressaltou que a comunidade libanesa no Pará possui uma influência política muito grande, e que a inauguração do consulado veio para fortalecer isso.

"É muito importante termos uma grande comunidade aqui, que é participativa em todas as áreas do Estado, e também é importante que exista essa representação. É uma instituição que vai fomentar ainda mais o laço entre o Líbano e o Brasil, e especialmente o Pará. É essencial para a comunidade libanesa ter uma instituição com esse papel de liderar", observou a embaixadora Carla Jazzar.

Carla Jazzar, embaixadora do Líbano no Brasil, disse que o consulado vai fortalecer a influência da comunidade libanesa no Pará, que já é muito grande (Cristino Martins/ O Liberal)

O vice-prefeito de Belém Edilson Moura (PT) pontuou que o consulado é um espaço onde a comunidade libanesa que reside na cidade pode procurar, seja para buscar informações ou ter acesso ao governo libanês para suas necessidades. "Belém é uma cidade muito hospitaleira, e a presença libanesa aqui representa a ampliação da nossa diversidade, da nossa amplitude cultural. Nós somos pluriétnicos, multiculturais, e o povo libanês faz parte da nossa cultura e do nosso desenvolvimento", concluiu.