Comercialização de açaí: conheça as regras sanitárias e como se adequar em Belém
Após a fiscalização, batedores do fruto possuem um prazo para se regularizar, incluindo a realização de cursos de capacitação na Casa do Açaí
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Criada em 2016, a Casa do Açaí faz parte da Divisão Sanitária de Alimentos da Vigilância Sanitária de Belém e tem como objetivo garantir que os manipuladores do fruto sigam as normas de higiene e segurança alimentar estabelecidas pelo Decreto Estadual nº 326/2012. Segundo Débora Barros, coordenadora do órgão, o trabalho envolve tanto fiscalizações de rotina quanto inspeções motivadas por denúncias da população, como a que ocorreu desde o início desta semana e resultou na interdição de 14 estabelecimentos na capital paraense.
"Nosso papel é verificar se os estabelecimentos seguem as normas do decreto. Avaliamos se o processamento está sendo feito corretamente, se todas as etapas de higienização são seguidas, se a estrutura do local está adequada e se o estabelecimento possui a licença sanitária para funcionamento", explica.
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A coordenadora destaca que a fiscalização segue um protocolo: na primeira vistoria, se forem identificadas pequenas irregularidades, o estabelecimento recebe um termo de intimação e um prazo para fazer os ajustes necessários. Se não houver adequação dentro do prazo, o local pode ser interditado.
Principais exigências sanitárias para comercialização do açaí em Belém:
- O espaço de produção deve ser higienizável, com revestimentos que possam ser lavados regularmente.
- Equipamentos e utensílios devem estar sempre limpos e organizados.
- O ambiente não pode ter acúmulo de resíduos ou entulho próximo ao local de processamento.
- Não é permitido comercializar outros produtos dentro da área de manipulação do açaí.
- O fluxo de produção deve seguir a ordem correta: catação, lavagem, sanitização com solução clorada, branqueamento, resfriamento e despolpamento.
- O estabelecimento deve possuir licença sanitária válida e atualizada anualmente.
- Manipuladores devem usar uniformes completos (camiseta e calça de cores claras), touca e sapatos fechados.
- O uso de acessórios (brincos, anéis, pulseiras, colares), celular ou maquiagem é proibido, pois podem ser fontes de contaminação.
- O ponto de venda deve ser isolado da área externa, com barreiras físicas, como vidro, para evitar contato direto com o público.
- Todos os manipuladores devem realizar capacitação anual na Casa do Açaí e possuir carteira de saúde comprovando aptidão para a atividade.
Além das fiscalizações, a Casa do Açaí também promove cursos de capacitação para batedores de açaí, ensinando as boas práticas de manipulação do produto. Durante as aulas, os participantes assistem a palestras teóricas e práticas, com demonstração ao vivo do processamento correto do fruto.
Riscos do consumo de açaí sem controle sanitário
O consumo de açaí processado de forma inadequada pode representar sérios riscos à saúde. Entre as principais doenças associadas estão:
- Doença de Chagas: causada pelo protozoário Trypanosoma cruzi, transmitido pelo barbeiro ou por alimentos contaminados.
- Doenças diarreicas: provocadas por bactérias como Salmonella, além de fungos e vírus presentes na água ou no próprio fruto.
- Febres e infecções gastrointestinais: resultado do consumo de alimentos contaminados.
Por isso, é essencial que os consumidores fiquem atentos à procedência do açaí que consomem. Débora Barros explica que há formas simples de identificar se um estabelecimento está regularizado.
"O principal documento que deve estar visível no local é a licença sanitária. Além disso, o consumidor deve observar se o ambiente está limpo, se os manipuladores usam uniformes adequados e se os preços do produto estão dentro da média de mercado. Se um açaí estiver muito barato em relação aos demais, é preciso desconfiar da qualidade do produto", alerta.
Caso um consumidor suspeite de irregularidades, é possível fazer uma denúncia anônima à Vigilância Sanitária pelo e-mail: devisa.denuncia@yahoo.com.
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