Cemitério municipal de Ananindeua está tomado pelo lixo e pela sujeira
“É uma falta de respeito com nossos entes queridos”, diz a professora universitária Hérica Araújo
Enterrar o corpo de um ente querido em meio a muito mato e sujeira. Esse é a realidade de quem precisa recorrer ao cemitério municipal Girassol, no conjunto de mesmo nome, no bairro de Águas Brancas, no município de Ananindeua. O cenário é de abandono. Não há, por exemplo, nenhuma placa indicando tratar-se de um cemitério. O muro de acesso ao local está quebrado, não havendo, portanto, qualquer controle de entrada. O acesso é livre.
Mais: para caminhar pelo cemitério é preciso ter cuidado por causa da sujeira no local. Na manhã desta terça (28), uma família acompanhou o sepultamento do corpo de uma mulher. A situação no espaço deixou as pessoas indignadas. Ainda sob a emoção da parte de sua tia, a professora Hérica Araujo, 42 anos, falou sobre a precariedade do cemitério. “Pra mim, que vim sepultar um ente querido, está sendo uma dor a mais, porque, além do sentimento de perda, a gente também lida com a estrutura”, disse. “Outro sentimento é de falta de respeito com os entes queridos, com as pessoas que fizeram a passagem e já não estão mais nesse plano”, afirmou. “Por isso, deveria ter um certo respeito com o corpo. E a gente não observa isso, porque a estrutura está totalmente abandonada”, comentou.
A professora Hérica disse que já está pensando como será quando ela que retornar ao local para visitar a sepultura da tia dela. É que não há sinalização para indicar onde ficam os túmulos. “Eu não vou ter orientação e nem estrutura para chegar no túmulo do meu ente querido, que no caso foi a minha tia”, disse. Ao chegar ao local, ela afirmou que não sabia que, ali, era um cemitério onde continuam sendo feitos enterros.
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“Quando eu me dirigi ao local, eu tive a impressão que estava desativado. Quando a gente foi recebido pelos coveiros, a gente também continuou com a mesma impressão. Ou está desativado ou está em processo de desativação, porque o abandono é total. Então as pessoas ficam aqui sem orientação”, disse.
A professora universitária destacou o empenho dos trabalhadores. “Eu sei que os funcionários tentam dar o suporte (para as famílias). Mas eles também não têm estrutura para oferecer esse suporte para as pessoas que precisam do serviço. Então é um serviço de necessidade básica para o cidadão”, disse. Ela afirmou que paga seus impostos, “que não são poucos”, para que esses tributos retornem em melhorias para a população. “A gente pensa que esse valor considerável está sendo empregado nas necessidades básicas dos cidadãos. E, quando a gente precisa dos serviços, não só desse, mas de outros também básicos, a gente não consegue ter acesso. A gente tem a impressão que a gente não é nem cidadão na verdade”, concluiu.
O que diz a Prefeitura de Ananindeua
Por meio de sua Secretaria Municipal de Cidadania, Assistência Social e Trabalho (SEMCAT), a Prefeitura de Ananindeua informou que “o cemitério passou recentemente por serviços de limpeza, roçagem e pintura, seguindo o cronograma de manutenção estabelecido”.
A prefeitura afirma ainda que está cuidando de todos os cemitérios da mesma forma. “Destacamos que esses mesmos cuidados foram aplicados a todos os cemitérios municipais de Ananindeua, garantindo dignidade e respeito aos espaços públicos”, acrescenta.
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