Câncer de pele: recomeço do verão traz riscos; entenda
INCA estima quase 8.500 novos casos de câncer de pele em 2022
De acordo com a previsão do tempo, o mês de junho será mais ensolarado em Belém e em algumas regiões do Pará. Com isso, os cuidados referentes à exposição solar precisam ser intensificados, principalmente, como medida de prevenção ao câncer de pele. De acordo com dados do Instituto Nacional do Câncer (INCA), a estimativa do biênio 2020-2022 é de 8.450 novos casos da doença no país.
Ana Paula Banhos, oncologista clínica, explica que o câncer de pele é um dos mais perigosos. Apesar de ter várias causas, o câncer de pele melanoma, é o menos comum, mas o que mais causa mortes no país.
"De 30% do total de casos de cânceres de pele, apenas 3% é de melanoma. No entanto, o problema do melanoma é que ele é um tumor muito agressivo, ele não é como os demais cânceres de pele (basocelular, escamocelular), ele é muito invasivo", explicou a oncologista.
"O melanoma é originado nos melanócitos, células que dão pigmento à pele. Há um crescimento anormal e desorganizado, que leva ao tumor, que pode não ficar só na lesão e se disseminar para osso, pulmão, fígado, etc. A partir do momento que você tem 6 milímetros de lesão, ele pode invadir a corrente sanguínea e chegar ao cérebro. Ele é muito agressivo, no sentido de disseminação", complementou a especialista.
Os cuidados com o sol, um dos principais responsáveis pelo câncer de pele
As pessoas brancas são mais predispostas ao câncer de pele, do que as pessoas pretas, afirma a oncologista Ana Paula Banhos. No entanto, os fatores genéticos, histórico familiar e outros comportamentos como exposição excessiva ao sol, devem ser observados, até mesmo para auxiliar no diagnóstico precoce.
"Pessoas muito brancas, pigmentos brancos, olhos azuis ou claros, albinos, devem atentar aos sinais. Dividimos didaticamente como 'A,B,C,D,E', ou seja, Assimetria, Bordas, Cor, Diâmetro e Evolução. Há outros sinais também, pois não acontece só nas áreas óbvias e expostas, como o dorso, tronco em homens, em mulheres nas pernas. Mas também nas unhas, na planta dos pés e até na região genital, podem ter os melanomas", orientou Ana Paula, que reforçou que em caso de aparecimento de manchas anormais na pele, um médico deve ser consultado.
No complexo do Ver-O-Peso, na manhã desta terça-feira (31), muitas pessoas buscavam uma sombra ou usavam chapéu ou sombrinha para fugir do sol. Apesar de os itens ajudarem na proteção, não são suficientes sem a proteção adequada do filtro solar. De acordo com o Oncoguia, em geral, deve-se usar um filtro solar fator 60. A quantidade aplicada deve seguir a regra da colher de chá do produto com fator de proteção 30, no mínimo. "Uma para o rosto, cabeça (em carecas) e orelhas, uma para cada braço e antebraço, duas para cada perna e duas para a frente e as costas do tronco", diz a recomendação.
Pedro Conceição, 55 anos, conhecido no Ver-O-Peso como 'Peter Park DJ da bike", há 10 anos trabalha com bike som e percorre a cidade entre 9h e 16h, os horários que os especialistas recomendam maior proteção ou evitar exposição solar. Por isso, ele usa blusas com manga, chapéu e também o filtro solar quando está muito sol. "Hoje eu não passei, porque estou com chapéu e manga comprida, mas eu sempre que posso, uso filtro solar. Só que o meu acabou hoje", comentou.
A engenheira agrônoma, Ana Carla Andrade, 44 anos, tem histórico de câncer de pele do tipo melanoma na família. Aos sete anos perdeu o pai para a doença. Como a sua pele tem bastante sinais, cresceu com os cuidados e visitas constantes ao dermatologista. Apesar dos cuidados com a exposição solar, devido a predisposição genética, descobriu o câncer em agosto de 2019.
"Os dermatologistas me falavam para ficar longe do sol, sempre com protetor solar e ao ver um sinal mudando de cor ou aumentando de tamanho era para providenciar a retirada 'para ontem'. Após o nascimento da minha segunda filha, ao tomar banho e passar a toalha nas costas, senti arder um sinal e a toalha veio com sangue. Como já tinha na cabeça o que me diziam, fui imediatamente procura-lo. Ele providenciou a retirada do sinal e depois de 15 dias veio a confirmação da biopsia que era melanoma", relembrou.
O processo de tratamento de Ana Carla começou em outubro de 2019 e continua, ela conta que se sente melhor com o tratamento e que ele irá durar até a remissão da doença. "Não precisei fazer quimioterapia e nem radioterapia. Já entrei direto com a imunoterapia. Os resultados estão excelentes. O último pet que eu fiz em janeiro deste ano, teve boa resposta. Estou esperançosa com a cura", comentou.
Ana Clara reforça que a prevenção é uma das formas importantes de evitar o câncer, mas estar atenta as mudanças na pele também ajudam no diagnóstico precoce. "Quando vejo alguém com sinais iguais aos meus pode ser próximo de mim ou não, eu sempre alerto para este tipo de câncer de pele. As pessoas não imaginam da gravidade que é um câncer pele. Acho que até elas nunca imaginam que alguém venha falecer de um câncer de pele. Como eu já até ouvir alguém dizer: 'ah, tirou já tá curada!' Não é bem assim... Principalmente quando se trata de melanoma. O alerta que deixo para todos: "muito cuidado com o sol e ao perceber qualquer mancha estranha ou um sinal diferente em sua pele, corra ao dermatologistas para avaliar", finalizou.
Saiba como identificar os sintomas
Sintomas A,B,C,D,E
A: assimetria, se a lesão é simétrica, se ela é regular
B: bordas, como seriam as bordas desta lesão
C: cor, como é a coloração dessa lesão, diferente do tom da pele
D: diâmetro, a partir de 6 milímetros já é suspeito para lesões malignas
E: evolução, são lesões que elas se forem benignas, se mantem, já a lesão que tende a malignidade ela evolui para ulceração, crescimento, muda, não fica como começou, vira um nódulo.
Fonte: Ana Paula Banhos, oncologista.
Prevenção
Evitar exposição prolongada ao sol entre 10h e 16h.
Procurar lugares com sombra.
Usar proteção adequada, como roupas, bonés ou chapéus de abas largas, óculos escuros com proteção UV, sombrinhas e barracas.
Aplicar na pele, antes de se expor ao sol, filtro (protetor) solar com fator de proteção 30, no mínimo.
Fonte: INCA
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