Bombeiros: prontidão e energia para atender a população
Em 2 de julho, comemora-se o Dia Nacional do Bombeiro. Instituição se autoalimenta na tradição de serviços
O Brasil passou a contar com os serviços do Corpo de Bombeiros Militar há 166 anos, ou seja, em 2 de julho de 1856, quando foi criado o Corpo Provisório de Bombeiros da Corte, instituído pelo Decreto Imperial nº 1.175, nessa data, no Rio de Janeiro, pelo imperador Dom Pedro II. O Comando do Pará foi criado pela Portaria Provincial de 24 de novembro de 1882, no governo de Justino Ferreira Carneiro, então presidente da Província, ou seja, em 2022 a corporação completará 140 anos no Estado. Pois esse funcionamento histórico e longevo da instituição, os serviços multifacetados à população e as histórias de atuação compartilhadas são referenciais para que os chamados soldados do fogo mantenham-se em prontidão no dia a dia.
Até porque, como exemplo, em 2021, o Corpo de Bombeiros registrou 56.104 ocorrências e já são 29.985 em 2002 até agora. As ocorrências no ano passado abrangem 4.380 incêndios, 969 salvamentos, 36.537 prevenção e auxílio e 14.218 Atendimentos Pré-Hospitalar (APH). Em 2022, até o momento, são 1.362 ocorrências de incêndio, 534 salvamentos, 20.766 de prevenção e auxílio e 7.323 APH.
São 2.364 militares ( 235 oficiais e 2.129 praças), dos quais 174 são mulheres. O Corpo de Bombeiros conta com 317 viaturas terrestres (290 próprias e 27 locadas) e 69 embarcações. Entre os equipamentos da corporação, figuram desencarceradores, mofadas pneumáticas e plataformas para salvamento; equipamentos de proteção individual e equipamentos de respiração autônoma para espaços confinados e tipos variados de incêndio; compressores, fonia e máscaras full face para mergulho de resgate.
O CBMPA possui 41 unidades de Bombeiro Militar, das quais 36 operacionais. O Comando está presente em 26 municípios paraenses, de forma estratégica, a fim de atender à população mediante cobertura alinhada com o Sistema de Governança Estadual, por Região de Integração do Estado.
Pronto atendimento
Há 30 anos na corporação, o comandante geral do Corpo de Bombeiros Militar do Pará, coronel Hayman Apolo Gomes de Souza, destaca que um quesito fundamental para se atuar como bombeiro é ter coragem. De igual forma, a pessoa tem de ser perseverante, estudar bastante, “porque ser militar do Corpo de Bombeiros é ser dinâmico e ter uma formação heterogênea, porque o Corpo de Bombeiros age tanto na área da engenharia quanto na área da saúde e na da Defesa Civil. “Então, não tem como você ser um bombeiro militar sem estudar e ter uma formação adequada para atendimento da população”, ressalta.
Para o comandante Hayman Souza, a motivação para atuar como bombeiro militar é “ter a certeza de que vai atender ao próximo”. Ele conta que no plantão o bombeiro fica ansioso por que não sabe qual a ocorrência que vai aparecer, e, quando ela surge, se fica mais ansioso. “O coração acelera, porque na viatura você já vai pensando no que você vai fazer para salvaguardar aquela vida ou aquele patrimônio”, revela.
A adrenalina subir e o preparo para se saber como proceder em uma ação de risco fazem parte do dia a dia dos bombeiros. E entre tantas histórias na carreira de cada um deles, sempre há os momentos marcantes. No caso do comandante Hayman, ele se lembra de dois grandes incêndios dos quais participou: o da loja Bechara Mattar, no bairro da Cidade Velha, em agosto de 1999, com pessoas morrendo carbonizadas, como lembra o comandante, e o incêndio do prédio da Receita Federal, na avenida Presidente Vargas, no centro de Belém, em agosto de 2012.
“Foram dois grandes incêndios. Então, são incêndios que marcaram a minha carreira, além de outros fatos como o prédio que caiu na Doca de Souza Franco (Edifício Raimundo Farias, em agosto de 1987, em que morreram 39 pessoas). Ele ainda não era bombeiro, mas acompanhou o fato na época. No incêndio na Casa Chamma, no Círio de 2002, em, no Boulevard Castilhos França, Hayman estava atuando na avenida Presidente Vargas.
Sob risco
No momento em que os bombeiros chegam, por exemplo, a um incêndio, é feita uma avaliação de risco, com atenção em dois indicadores da situação: a cor da fumaça e a cor da chama. Se a fumaça apresentar cor branca ou cinza claro, é sinal de que queima de madeira; se cor escura, é derivado de petróleo, material inflamável, com risco maior de queima/explosão.
Se a cor da chama for vermelha ou alaranjada forte, é indicativo de temperatura de 800º C, de média e alta complexidade; ser a cor for amarela ou com raios azuis, a temperatura está passando de 1.200º C, dependendo do material, e a queima pode ser bem rápida - se for madeira, ocorre em dez minutos; se for alvenaria, em uma hora a estrutura está comprometida, há risco de desabamento. A partir da avaliação de risco, é, então, montada uma estratégia de ação. Os bombeiros comunicam-se por rádio e sempre agem em dupla, sob a coordenação do comandante da missão.
Os soldados do fogo passam por toda uma preparação para atuarem em ocorrências variadas, como salvamento de pacientes por meio de ambulâncias e helicópteros; em alto mar; em incêndios; desabamentos, áreas e regiões inundadas e em operações especiais como a do Círio de Nazaré e Veraneio.
Esse cenário faz parte da vida da tenente coronel Alessandra Pinheiro, com 25 anos de serviços à corporação. Ela é da primeira turma de oficiais combatentes mulheres da instituição e já atuou na formação de militares no CBM, na Academia, na Defesa Civil do Estado. Alessandra atuou no desabamento de uma rua toda no município de Abaetetuba. Ela trabalha na Diretoria de Pessoal e nos serviços operacionais.
“Dois momentos marcantes foi o desabamento do edifício Real Class na 3 de Maio (em janeiro de 2011), eu era capitã e estava trabalhando lá, e o mais recente que foi o incêndio no Mercadão das Peças (loja de autopeças, em janeiro de 2022), em que eu estive como superior de dia comandando a frota dos Bombeiros, com mais de 40 homens e mulheres”, lembra a oficial. “Está no imaginário das pessoas a condição do herói e isso acaba mexendo um pouquinho com a gente também; e quando a gente chega em uma ocorrência, resolve a ocorrência, as pessoas olham para você com olhar de gratidão, eu acho que isso vale a pena”, destaca.
Já o capitão Israel Souza cursava Matemática na UFPA e, então, houve um concurso público para soldado do CBM. Ele foi aprovado e aí acabou seguindo na instituição onde está por mais de 16 anos. “Todos os dias quando acordo, eu tenho o mesmo gás, o mesmo garbo e a mesma prospecção de servir melhor a nossa sociedade paraense”, declara.
Capitão Israel tem consciência de que um bombeiro tem de enfrentar seus medos. Ele se lembra de uma ocorrência no município de Cametá, em 2013 ou 2014, quando uma pessoa tentando o suicídio subiu na torre mais alta da cidade. Ele estava em trabalho em área de praia e, como naquela ocasião, não havia alguém para o salvamento em altura, Israel foi retirado de onde estava e assumiu a gerência da ocorrência. Com apoio dos militares, a situação teve um desfecho favorável, com a pessoa tendo sido resgatada em segurança.
“Prestar um serviço à sociedade não é trabalho, é, na verdade, uma oportunidade de fazer o bem”, assim o capitão Israel define o que é ser bombeiro.
Nas ações neste período de veraneio, o CBM contará com pólos de mergulhadores em Salinas, Mosqueiro e Barcarena, sob a coordenação do 1º Grupamento Marítimo Fluvial, que mantém, na base em Belém, uma equipe de plantão 24 horas. Ao longo desta temporada das férias de julho, os bombeiros ampliarão sua área de atuação, ou seja, em áreas urbanas, em locais com praias e em portos e nas estradas.
Prédio
Na quarta-feira (29), foi aprovada por unanimidade na Câmara Municipal de Belém uma lei passando ao Corpo de Bombeiros a propriedade do prédio da rua João Diogo construído pelo intendente Antônio Lemos, para alojar o CBM, perto da avenida 16 de Novembro, no centro de Belém. O prédio será restaurado e ser transformado em Memorial da corporação.
O CBM já realizou uma formatura alusiva à data de 2 de julho em 27 de junho no Quartel do 21º Grupamento de Bombeiro Militar, no prédio da rua João Diogo, com a presença do governador Helder Barbalho. Na ocasião, o governador assinou a ordem de serviço para obras de reconstrução de parte do quartel do 21º GBM.
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