Belém tem 38 escolas com educação para jovens, adultos e idosos; veja quais e como se matricular

Voltar aos estudos é sinônimo de mudança de vida - apontam estudantes idosos

O Liberal
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Em Belém, 38 escolas da rede municipal oferecem turmas para Educação de Jovens, Adultos e Idosos (Ejai). O público, geralmente, é composto de pessoas que não acreditavam que um dia voltariam a estudar, até se redescobrirem em sala de aula. Atualmente, a rede municipal conta com cerca de 3.500 estudantes matriculados e a meta é alcançar o total de 4.500 estudantes. De acordo com a Secretaria Municipal de Educação, Ciência e Tecnologia (Semec), as matrículas da Ejai estão abertas em qualquer período do ano - um incentivo à volta aos estudos.

Maria das Dores de Souza, de 60 anos, está no início dessa jornada de recomeço. Matriculada há cerca de um mês na Escola Municipal Comandante Klautau, na Sacramenta, ela conta que os maiores incentivadores para o retorno aos estudos foram seus filhos. “Quem me incentivou a voltar a estudar foram meus filhos e minhas filhas. Eu falei que queria, mas pensei em voltar atrás. E eles disseram ‘A senhora pode, a senhora tem como voltar, quando a senhora tava com o papai não podia, porque ele era doente e era só cuidar dele’. Eu parei de estudar na quarta série, em 1979. Foram 45 anos sem estudar”, relata Dona Maria.

Dona de casa, ela cuidava do esposo doente que faleceu há pouco tempo. Dedicou sua vida para cuidar também dos filhos e dos serviços domésticos, depois de ter tido uma história de vida marcada pelo trabalho infantil. “Meu pai morreu quando eu tinha 11 anos de idade. Meu tio pediu pra minha mãe para me criar, aí eu fui ver o que era ruindade. Eu tinha que fazer tudo na casa, eles trabalhavam, marido e mulher. E não dava tempo de estudar. Quando fiz 15 anos, eu consegui voltar para a casa da minha mãe. Depois eu me envolvi com meu esposo, tive 4 filhos com ele e a minha tarefa era cuidar dos filhos e do marido, nunca trabalhei fora, era só em casa”, relembra.

Maria das Dores morava em Ponta de Pedras, no Marajó, e chegou em Belém há cerca de dois meses. Agora viúva, ela conta que estar na escola representa um recomeço. Mesmo com seus problemas de saúde, ela não desanima. “Todos os professores daqui são excelentes, a diretora… Eu tô me sentindo muito feliz. Desde quando comecei, não faltei nenhum dia [de aula]. Eu tenho diabetes, pressão baixa, então nem sempre eu tô com disposição, mas mesmo assim eu vou, me arrumo e depois que chego aqui, pronto, melhoro, tudo fica bom”, comenta a dona de casa.

Matrícula do Ejai é o ano todo

A Ejai tem um calendário diferente do restante da Rede Municipal de Educação. O jovem, adulto ou idoso que deseja se matricular pode fazer isso em qualquer período do ano, basta buscar uma das unidades de ensino de Belém.

Professores, gestores e a Coordenadoria de Educação de Jovens, Adultos e Idosos (Coejai) da Semec realizam o ano todo a chamada 'busca ativa', realizando um trabalho de informação e sensibilização em lugares estratégicos, de maior circulação de pessoas e em bairros onde há maior índice de pessoas analfabetas ou semianalfabetas, para incentivar o retorno às salas de aula.

“As matrículas estão num processo contínuo, ocorrem durante o ano todo devido ao público diverso: trabalhadores, mães, pais, avós. Temos também pessoas em situação de rua, pessoas em sistemas prisionais, no semiaberto, comunidades ribeirinhas… A matrícula vem crescendo a cada dia, motivada pela busca ativa contínua realizada pelos professores, coordenadores, diretores de escolas e pela equipe da Coejai”, explica a professora formadora  da Coejai-Semec, Ângela Pantoja.

Como e onde se matricular

Para quem deseja se matricular na Ejai, basta procurar uma das escolas levando RG ou Certidão de Nascimento, CPF e comprovante de residência. As aulas acontecem sempre no turno da noite, das 19h às 22h. Confira abaixo a relação das unidades de ensino de Belém que possuem a modalidade de Educação de Jovens, Adultos e Idosos:

  1. Benvinda de França Messias (São Brás)
  2. Gabriel Lage (Tapanã)
  3. Maria Heloisa de Castro (Tapanã)
  4. João Carlos Batista (Cabanagem)
  5. Florestan Fernandes (Benguí)
  6. Walter Leite Caminha (Mangueirão)
  7. Cordolina Fontelles de Lima (Pratinha)
  8. Duas Irmãs (Pratinha)
  9. Parque Bolonha (Águas Lindas)
  10. Olga Benário (Águas Lindas)
  11. Ida de Oliveira (Maracangalha)
  12. República de Portugal (Marambaia)
  13. Palmira Lins (Marambaia)
  14. Padre Leandro Pinheiro (Guamá)
  15. Rotary (Guamá)
  16. Edson Luís (Guamá)
  17. Honorato Filgueiras (Cidade Velha)
  18. Nestor Nonato de Lima (Jurunas)
  19. Parque Amazônia (Terra Firme)
  20. Solerno Moreira (Terra Firme)
  21. Maria Luiza Pinto Amaral (Sacramenta)
  22. Josino Viana (Pedreira)
  23. Palmira Gabriel (Pedreira)
  24. João Nelson Ribeiro (Telégrafo)
  25. Comandante Klautau (Sacramenta)
  26. Alfredo Chaves (Cruzeiro - Icoaraci)
  27. Liceu Escola Mestre Raimundo Cardoso (Paracuri - Icoaraci)
  28. Madalena Raad (Paracuri - Icoaraci)
  29. Ciro Pimenta (Parque Guajará - Icoaraci)
  30. Vanda Célia Ferreira de Souza (Maracacuera - Icoaraci)
  31. Paulo Freire (Tenoné)
  32. Abel Martins (Carananduba - Mosqueiro)
  33. Anna Barreau Mininéia (Ariramba - Mosqueiro)
  34. Donatila Lopes (Farol - Mosqueiro)
  35. Helder Fialho (Brasília – Outeiro)
  36. Nossa Senhora dos Navegantes (Ilha Sul - Igarapé do Aurá)
  37. Escola Bosque Prof. Eidorfe Moreira (Outeiro)
  38. Casa Escola da Pesca (Itaiteua)
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