‘Belém é a bola da vez’, diz Celso Sabino sobre o ano da COP 30
Em entrevista exclusiva para a edição especial do aniversário de Belém, Ministro do Turismo falou sobre os principais setores que devem ser impulsionados durante a COP
Belém está sendo preparada para se destacar no cenário internacional com a COP 30. Em entrevista exclusiva ao Grupo Liberal, o ministro do Turismo, Celso Sabino, destacou os investimentos recordes para a infraestrutura da cidade, como a ampliação do número de voos domésticos e internacionais e a construção de novos hoteis. Além disso, ressaltou a projeção da cultura paraense, com ênfase na gastronomia, ecoturismo e turismo de aventura, setores que devem impulsionar a economia local. Sabino ainda citou a criação de um monumento em homenagem ao evento e destacou a primeira Escola Nacional do Turismo, inaugurada na capital.
O LIBERAL: Como o senhor enxerga o impacto da COP 30 na imagem de Belém e do Brasil?
Celso Sabino: É extraordinário. Estamos colocando Belém no roteiro nacional e, de fato, no mundo todo. Principalmente aqui no Brasil, nos quatro cantos do país, as pessoas já falam da culinária paraense, das bebidas paraenses, dos cantores paraenses, da musicalidade e da hospitalidade. Não tem mais volta: Belém agora é a bola da vez.
O LIBERAL: Na sua avaliação, como os desafios para sediar a COP 30 estão sendo enfrentados até o momento?
Celso Sabino: O governo federal está atuando fortemente para vencer todos os obstáculos. Estamos ampliando consideravelmente a oferta de assentos nos voos que têm Belém como destino. Brasília, por exemplo, agora tem cinco voos diários para Belém, e todos já estão lotados. Antes, eram só dois. E isso ainda nem começou com a COP. Os voos internacionais para Belém estão sendo ampliados também. As frequências, que eram três ou quatro por semana, estão aumentando.
Logo, será anunciado pela Gol o voo Belém-Miami direto. Estamos trazendo a Copa Airlines para fazer Belém-Panamá City e buscando outra companhia para realizar voos diretos. Durante a COP, haverá um número extra de voos internacionais e nacionais. O aeroporto já está sendo reformado com uma obra de mais de R$ 400 milhões, investimento da concessionária.
A base aérea de Belém, onde vão descer as autoridades, hoje possui 16 slots para estacionamento, embarque e desembarque. Estamos reformando para que tenha a possibilidade de 85 slots simultâneos.
Estamos investindo mais de R$ 4 bilhões, em parceria com o governo do estado, em obras de infraestrutura viária, saneamento e locais para convivência e visitação. O governo federal, através dos bancos e fundos públicos, está aportando muito recurso na iniciativa privada, pequenos e médios empreendedores, para ampliação da oferta de leitos de hospedagem. Hotéis estão sendo construídos em áreas que eram públicas do governo federal para garantir hospedagem para todos. Muitas pessoas também já estão preparando suas casas para alugar durante a COP e gerar uma renda extra.
O desafio existe, mas tudo que vale muito requer esforço e trabalho. Estamos todos de mãos dadas para que essa COP aconteça e seja muito rentável para o povo paraense, colocando Belém definitivamente no roteiro internacional.
O LIBERAL: Investimentos em acomodações de alto padrão são necessários para a COP 30, mas como aproveitá-los depois do evento?
Celso Sabino: Os hotéis e leitos que estão sendo construídos e ampliados vão se somar aos leitos ofertados pelas pessoas em suas casas e apartamentos. Ao fim da COP, esses leitos permanecerão em uso. Grandes redes, como a Vila Galé, só vêm para cá por conta da grande perspectiva de crescimento. A COP ainda não chegou, e a cidade já está lotada. O aeroporto de Belém está batendo recorde de movimentação, e isso vai continuar depois da COP.
O LIBERAL: O senhor já falou sobre investimentos na conectividade aérea. Como melhorar o acesso a Belém por outras vias, como terrestre e fluvial, depois da COP?
Celso Sabino: O governo federal está investindo bastante em rodovias pelo país. Aqui no Pará, temos obras na BR-150, BR-308 (que liga Viseu a Bragança) e BR-316, com a duplicação e o BRT, que deve ficar pronto nos próximos meses. Além disso, temos uma obra prevista no porto de Belém para melhorar a acessibilidade e ancoragem de navios de cruzeiro.
O LIBERAL: Quais setores do turismo belenense podem ser mais beneficiados?
Celso Sabino: A gastronomia é destaque. Belém já é reconhecida pela UNESCO como Cidade Criativa da Gastronomia. Além disso, o ecoturismo e o turismo de aventura têm grande potencial. Recentemente, a Câmara Federal aprovou um projeto que permite visitação em parques nacionais para a prática de ecoturismo sustentável.
Temos possibilidades incríveis, como kitesurf, rapel em cachoeiras e trilhas. O turismo fluvial também está crescendo muito, com restaurantes nas ilhas de Barcarena e outras regiões. Isso está se tornando um atrativo natural, e a chegada de turistas só vai potencializar esse crescimento.
O LIBERAL: Como prestadores de serviços turísticos podem acessar o Fungetur?
Celso Sabino: Todos os empreendedores cadastrados no Cadastur podem acessar o Fungetur. As condições são excelentes: taxas de até 8% ao ano, carência de cinco anos e prazo de pagamento de até 12 anos. A região Norte foi a que mais cresceu no número de cadastros no Cadastur, e o Pará liderou esse crescimento, mostrando a força do turismo no estado.
O LIBERAL: Para encerrar, uma mensagem pelo aniversário de Belém.
Celso Sabino: Belém está perto de completar 410 anos e foi escolhida para sediar a COP 30. No aniversário da cidade, no dia 12 de janeiro, o governo federal promoverá dois dias de apresentações culturais e artísticas. Além disso, assinaremos ordens de serviço para novos projetos, como a sinalização turística completa da cidade, e lançaremos 2.000 novas vagas de qualificação profissional na Escola Nacional do Turismo, inaugurada aqui.
Também vamos lançar um edital para selecionar o projeto de um monumento em homenagem à COP 30. Será algo bonito que todo mundo vai querer conhecer, como em outras cidades do mundo. Belém não vai ficar de fora.
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