Ato na praça Santuário repudia abordagem violenta da Guarda Municipal contra rappers de Belém

Caso ocorreu na tarde do dia 19 de janeiro e o prefeito de Belém, Edmilson Rodrigues, determinou o afastamento dos guardas envolvidos na ação

Laís Santana

Após os rappers paraenses Thiago Gomes e Marcos Foroh relatarem que, no dia 19 de janeiro, na praça Santuário, em Belém, foram agredidos pelor agentes da Guarda Municipal, movimentos sociais e artistas se reuniram no local para um ato, na tarde desta segunda-feira (23). Os guardas envolvidos foram afastados, por determinação do prefeito Edmilson Rodrigues. Porém, a manifestação visa questionar a criminalização da cultura das periferias e de pessoas negras e pobres.

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Além de movimentos sociais, participaram do ato outros artistas e praticantes de skate. Os skatistas sempre tiveram dificuldades em frequentar a praça Santuário e costumavam ser expulsos do local. 

"Hoje é um dia que a gente vai protestar, vai resistir, fazer batalhas de rap, e mostrar que vamos ocupar não só a periferia, mas também lugares como essa praça", declarou Izabele Leite, presidente municipal da União Popular.

Leite ainda destaca que a violência contra pessoas negras é algo recorrente, a grande diferença com relação ao caso dos jovens rappers é que a ação da polícia foi filmada

"A indignação extrapolou as nossas fronteiras, por isso foi importante a gente organizar essa manifestação. De certo modo ela é estratégica, porque aproveitamos essa revolta pra construir essa luta e mostrar pra todo mundo essa indignação. Estamos usando a nossa dor que já vem de muito tempo pra sensibilizar a massa e dizer que a nossa cultura vai resistir, mostrar que a arte periférica é uma arte digna e vamos continuar aqui fazendo ela", afirma Izabele. 

Ainda na manifestação, estavam previstas batalhas de rap e roda de rimas, com participação de Thiago e Marcos, artistas que já representaram o Pará em eventos nacionais de rima

O produtor cultural Brendo Kelvin, organizador do movimento cultural "Batalha do Marex" e representante do movimento Hip Hop no Pará, foi um dos participantes do ato e relembrou a abordagem feita pela Polícia Militar em outubro do ano passado, durante uma das batalhas que costumam ocorrer na praça Dom Miranda de Vias Boas, no bairro do Marex, em Belém. 

"A gente passou por algo parecido, quebraram equipamento, celular e humilharam a gente lá. Foi muito difícil ver aquelas cenas fortes do THG ali, o Marquinho tentando ajudar, a gente se sente impotente como movimento, de não respaldar, não ter algo pra dar suporte para os nossos artistas", lamenta o rapper. 

O ato foi anunciado no final de semana. Nesta segunda-feira, a praça ficou com os portões fechados. A Redação Integrada de O Liberal procurou a assessoria de comunicação da Basílica Santuária de Nossa Senhora de Nazaré, responsável pelo espaço, para saber o motivo do fechamento da praça, mas não obteve retorno. 

image Artistas e movimentos sociais fizeram o ato com a praça Santuário de portas fechadas (Filipe Bispo/O Liberal)

Relembre o caso

Thiago Gomes e Marcos Foroh, dois artistas do rap paraense, relataram, nas redes sociais, que foram vítimas de uma abordagem truculenta da Guarda Municipal de Belém (GMB), na tarde de quinta-feira (19). Eles contam que estavam na praça Santuário quando agentes se aproximaram dizendo averiguar uma denúncia de consumo de drogas. Os artistas negam e o prefeito Edmilson Rodrigues garantiu que iria investigar a conduta dos servidores.

"Durante a abordagem, procedimento normal, perguntaram se tínhamos passagem pela polícia e, automaticamente, nós respondemos que éramos artistas. Nada foi encontrado com a gente, nenhuma arma, nenhuma droga. Durante a abordagem, um guarda disse que ia me levar preso e eu me desesperei, porque eu não tinha feito nada de errado eu tava rimando com o Markinhos", disse Thiago, no relato que postou nas redes.

Ainda no relato, Thiago disse: "eu fui algemado em praça pública, fui tratado que nem lixo, colocaram o joelho no meu pescoço e também forçaram meu braço com a algema. Um guarda sacou a arma para mim e eu não tento reagir. Na base da força, eu fui preso e levado para delegacia e acompanhei todo o procedimento de papelada algemado. Eu só peço que Deus proteja minha família e meus amigos para que o pior não aconteça! Eu sou artista, eu não sou bandido! Não merecia passar por isso!".

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