Após congresso, ética médica deve ser questão natural a profissionais

Tema não pode ser apenas abordado quando uma falha profissional ocorre. Maioria das denúncias no CRM-PA apontam para problemas na relação médico-paciente

Victor Furtado
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Durante os dois dias do Congresso Paraense de Ética Médica 2019, algumas questões sobre o dia a dia do profissional de Medicina foram analisadas sob um ponto de vista mais atual. Agora, o Conselho Regional de Medicina do Pará (CRM-PA) espera que os congressistas encarem a ética médica como algo natural. De assuntos comerciais até a relação médico-paciente. Por sinal, esse relacionamento tem sido visto com certa preocupação, do ponto de vista ético, pelo CRM-PA.

Manoel Walber Silva, presidente do CRM-PA, analisa que o congresso trouxe vários temas pertinentes. Ele ressalta que a ética médica está em constante atualização. Isso ocorre porque a ciência, a tecnologia e a sociedade estão em constante evolução. Tem sido assim há mais de dois milênios da profissão médica. A última atualização do Código de Ética Médica foi de 2018 e começou a vigorar em abril deste ano.

"Nessa atualização, o código está mais alinhado com os estatutos do Idoso, da Criança e do Adolescente, das Pessoas com Deficiência e com a legislação de proteção de dados. A legislação é dinâmica. Logo, a ética precisa de discussão permanente. Mas precisa ser algo natural, inerente do profissional. Não pode ser algo forçado ou que só aparece quando ocorre alguma falha", pontua Manoel Walber.

Das 400 vagas do congresso, 368 foram preenchidas. Cerca de 60% do público era estudante de Medicina. O presidente do CRM-PA considera uma ótima participação para a amplitude do tema. Entre as conferências de maior aproveitamento e comentários positivos, Manoel destaca a que tratou de aspectos jurídicos da profissão (que acabou se estendendo por mais de meia hora além do previsto); a da ética nos cuidados paliativos; e a própria apresentação da última atualização do Código de Ética Médica.

Sobre os cuidados paliativos, aproveitou para explicar que, diferente do que estabelece o senso comum, não se trata do auxílio à morte do paciente. É uma área de cuidados intensos para garantir a dignidade e amenizar o sofrimento de alguém em estado terminal ou com doença incurável.

O conferencista Newton Barros, que falou dos cuidados paliativos, foi enfático sobre o controle da dor dos pacientes. Manoel aponta que o Brasil é um dos países que menos consome analgésicos opiáceos. Isso é um obstáculo nesse tipo de cuidado. Também apontou como uma área importante de pesquisa e atuação profissional. É um segmento que precisa de atuação multidisciplinar, mas geralmente é coordenado por um médico.

"Muitas denúncias, no CRM-PA, têm sido por problemas na relação médico-paciente. Os pacientes reclamam da falta de atenção, cuidado e sensibilidade dos profissional. Cada paciente precisa ser visto como um todo, não como um caso a mais. Isso pode ser reflexo de uma sobrecarga de trabalho. Mas também pode não ser. E se houver sobrecarga, ou qualquer outro obstáculo para o trabalho do médico e atendimento à sociedade, isso precisa ser denunciado. Nessa parte, falta iniciativa de nossos profissionais", conclui o presidente do CRM-PA.

O Congresso Paraense de Ética Médica 2019 foi uma realização do CRM-PA, com apoio institucional do Conselho Federal de Medicina e apoio de Liberal Espaço Corporativo (na sede do Grupo Liberal, na avenida Romulo Maiorana). A organização foi de Nilma Tavares, Assessoria para Eventos.

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