‘A gente vende um dia melhor’, diz vendedor de empada que espalha gentileza nos ônibus de Belém
Rangel Reis, de 29 anos é dono do "Empadas do Rangel" e conquistou os clientes ao distribuir bilhetes com mensagens motivacionais
A gentileza sempre volta para quem a pratica. Essa frase se encaixa perfeitamente na história de superação do paraense e vendedor de empadas gourmet, Rangel Reis, de 29 anos. Em 2018, ele ficou desempregado, viveu longos meses de dificuldades financeiras e precisou recomeçar vendendo brigadeiros - que logo deram lugar às empadinhas- nos semáforos de Belém. Mas, o empreendedor queria mais e decidiu, então, ser um agente transformador na vida dos clientes e passou a entregar junto com o produto mensagens motivacionais. O resultado? Em menos de dois anos, Rangel conseguiu criar a própria empresa e abrir vagas de emprego, dando oportunidades a quem precisava.
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Mas começar um negócio do zero nunca é fácil e para Rangel não foi diferente. A venda dos doces de chocolate fracassaram. Ele, então, precisou partir para um segundo plano e decidiu vender empadas. E, ainda assim, sentiu falta de mais algo. Há um ano, em um gesto de ousadia, o paraense quis tentar fabricar as próprias empadinhas na cozinha de casa, localizada no bairro da Pedreira, e contou com a ajuda da esposa e da sogra.
“A gente não sabia nada de como fazer. Deu tudo errado. Pensei em desistir porque não era fácil. Foi de tanto errar que nós começamos a acertar e crescer. A minha rotina envolvia vender bombons no sinal de manhã, perto do Bosque Rodrigues Alves e à tarde, entrar nos coletivos para oferecer as empadas”, relembrou.
Hoje, a equipe do “Empadas do Rangel” possui sete funcionárias trabalhando em uma cozinha industrial e mais de 15 funcionários na distribuição e venda dos salgados. O que ele atribui ao sucesso da empresa? O segredo é simples: a missão de fazer o dia melhor de cada cliente.
“Tudo começou a mudar quando parei de vender empada e comecei agregar algo na vida das pessoas. Quando comecei me preocupar com as pessoas em si, as coisas mudaram”, disse Rangel, que além de vender os salgados também distribuí mensagens motivacionais aos passageiros, que estão dentro dos ônibus.
Venda das empadas gera corrente do bem
Rangel tem como uma das maiores conquistas pessoais poder ajudar o próximo de alguma forma. O paraense contou que pessoas já abraçaram-o e choraram após receber a sua mensagem impressa. “Isso não tem preço, essa simplicidade com os clientes comigo. É o que me move todos os dias”, afirmou.
Mesmo tentando trabalhar com a “gratidão”, o empreendedor enfrenta muitos desafios como lidar com a indiferença das pessoas - que ainda tem preconceito com quem trabalha vendendo coisas na rua. Mas, os motivos positivos para continuar trabalhando com o público superam as adversidades. “No início foi por necessidade, mas hoje, já é um propósito muito maior, de gerar novas conexões, podendo receber um sorriso do próximo”, explicou Rangel.
A técnica em radiologia Tamara Chaves, de 42 anos, não esperava entrar na linha do Pedreira Lomas, na tarde de sexta-feira (12), e se deparar com a empatia do vendedor de empadas. Sentada em um dos bandos no fundo do ônibus, a moça se emocionou com a abordagem de Rangel. Carinho, ele brinca com os clientes e oferece os salgados, sempre com um sorriso no rosto.
Para ela, o que chamou a atenção foi a mensagem que recebeu por meio da compra de uma das empadas. “Estou passando por um momento difícil e não esperava que iria entrar aqui [no ônibus] e ser recebido com tanta gentileza e compreensão de alguém que não conheço. Eu precisava ler [no bilhete] que não posso desistir dos meus sonhos”, afirmou a cliente.
‘Gentileza gera gentileza’
Foi durante o período de isolamento social, no início da pandemia da covid-19, que Rangel colheu aquilo que tanto plantou: a gentileza. Impossibilitado de poder ficar até tarde nas ruas da capital paraense vendendo, ele quase perdeu 72 empadas porque não daria tempo de oferecê-las, já que a população ficava em casa.
Foi quando o empreendedor decidiu desabafar nas redes sociais sobre o ocorrido e recebeu uma oferta inusitada, que o salvou: “Uma pessoa de São Paulo me mandou mensagem e perguntou quanto custava todas as empadas, me fez o pix com o valor e me mandou doar todos os salgados. Doei para enfermeiras de Belém que estavam na linha de frente do vírus, cuidando de pessoas internados na UTI e foi muito bacana essa solidariedade”.
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