5G em Belém: desafios e soluções para a conectividade durante a COP 30

Especialista e operadoras apontam medidas necessárias para garantir uma cobertura robusta e segura em um dos maiores eventos internacionais sediados na capital paraense

Gabriel da Mota
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A ativação da tecnologia 5G em todos os municípios brasileiros, anunciada no último dia 2 de dezembro, representa um marco na conectividade do país. No entanto, garantir uma cobertura estável e eficiente em eventos de grande porte, como a COP 30, que ocorrerá em Belém em 2025, ainda exige esforços significativos. A capital paraense, apesar de já contar com a rede 5G, enfrenta desafios estruturais que precisam ser superados para atender à alta demanda esperada durante o evento.

Para Alex Brindejoncy, 34, criador de conteúdo sobre o Círio de Nazaré, a conectividade em Belém melhorou desde a implantação do 5G em 2022, mas ainda apresenta desafios significativos, especialmente durante eventos de grande porte como o Círio.

“Em 2022, a experiência foi bem ruim em relação à transmissão. Inclusive, precisei mudar de operadora no meio da semana do Círio porque percebi que não ia conseguir com a que eu tinha”, relata.

Apesar da mudança ter ajudado, Alex ainda enfrentou falhas de conexão em pontos críticos, como os arredores da Praça da República e nas proximidades da Estação das Docas. Esses locais, segundo ele, seguem dois anos depois como os piores em termos de conectividade.

De acordo com Allan Costa, doutor em Ciência da Computação e professor universitário, Belém possui peculiaridades que complicam a expansão das redes de telecomunicações. A falta de backhaul de alta capacidade em algumas áreas da cidade, combinada com dificuldades de instalação de novas estações rádio-base (ERBs) em zonas ribeirinhas, representa um gargalo. “Em grandes eventos, o tráfego de dados cresce exponencialmente, exigindo redes de fibra óptica robustas ou enlaces de micro-ondas de alta capacidade”, explica Costa.

image O professor Allan Costa é líder de um projeto na UFPA que buscará detectar ameaças cibernéticas durante a COP 30 em Belém (Arquivo pessoal)

Para mitigar esses problemas no curto prazo, o especialista sugere medidas como a instalação de novas ERBs, a simplificação de processos de licenciamento e o uso de tecnologias como Massive MIMO e beamforming, que aumentam a eficiência espectral. Além disso, soluções temporárias, como as Cells on Wheels (COWs), podem ampliar a capacidade da rede durante eventos de alta demanda.

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A importância do 5G para a COP 30

A "limpeza" da faixa de 3,5 GHz, anunciada recentemente pela Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel), é um passo importante para a plena operação do 5G em Belém. Essa frequência oferece um equilíbrio ideal entre alcance e capacidade, permitindo velocidades elevadas e latências reduzidas, fundamentais em eventos como a COP 30.

O 5G também possibilita soluções como o network slicing, que reserva fatias exclusivas da rede para serviços críticos, como segurança pública e comunicações oficiais do evento, evitando congestionamentos. Tecnologias complementares, como o Wi-Fi 6/6E em ambientes fechados e Edge Computing para reduzir latências, podem melhorar ainda mais a experiência dos usuários.

Procuradas pela reportagem de O LIBERAL, as principais operadoras de telefonia móvel do país informaram que já estão se mobilizando para atender às demandas da COP 30. A TIM destacou que entregou o 5G em todos os bairros de Belém e está trabalhando com o poder público para lidar com o aumento de tráfego durante o evento.

A Claro, por sua vez, anunciou que irá reforçar a infraestrutura existente, mobilizar ERBs móveis de última geração e manter plantões técnicos diferenciados para monitorar a rede. Segundo a operadora, a estratégia é garantir que turistas e participantes do evento possam compartilhar momentos e trabalhar com eficiência.

Já a Vivo enfatizou sua liderança no mercado paraense e destacou a cobertura 5G em 45 localidades de Belém, atingindo 22% da população da capital. Durante a COP 30, a operadora planeja expandir sua infraestrutura e participar de grupos de trabalho com o governo do estado e a prefeitura para assegurar uma experiência positiva de conectividade.

Segurança digital: um desafio adicional

Outro aspecto crítico é a segurança da informação, especialmente com o aumento da conectividade e da densidade de dispositivos durante a COP 30. Nesse contexto, o Projeto SEC365, liderado pelo Instituto Sustentabilidade da Amazônia com Ciência e Inovação (iSACI), desempenha um papel crucial.

“O Projeto SEC365 é uma iniciativa estratégica que visa fortalecer a capacidade do Pará de detectar, prevenir e responder a ameaças cibernéticas durante a COP 30 e além. A criação de um SOC (Security Operations Center) especializado será essencial para monitorar e proteger redes em tempo real, gerando inteligência para tomadas de decisão”, explica o professor Allan Costa, líder do projeto na Universidade Federal do Pará (UFPA).

Ele também ressalta que o projeto vai além das demandas pontuais da COP 30, contribuindo para o desenvolvimento sustentável da região: “A convergência entre as redes móveis de quinta geração e as ações do SEC365 é vital para preparar o Pará não apenas para lidar com ameaças imediatas, mas para construir uma base tecnológica resiliente no longo prazo”, finaliza.

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