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​'Hétero Top': Extensa ficha criminal, com 15 processos, revela periculosidade de Maurício Filho

Comportamento agressivo, ameaçador e criminoso veio à tona após a morte da influenciadora digital Luma Bony

O Liberal

Maurício César Mendes Rocha Filho, conhecido como Hétero Top, condenado a quatro anos de prisão, em regime fechado e sem substituição de pena, pelo crime de vazamento de vídeo íntimo praticado contra a influenciadora Luma Bony, sem o consentimento dela, responde a pelo menos 15 processos na Justiça. O levantamento foi feito pela reportagem do Grupo Liberal com a ajuda de fontes ligadas aos casos. Do total de processos mencionados, oito tramitam sob sigilo e envolvem crimes como estupro, estupro de vulnerável, ameaça, violência doméstica e perseguição.

Outros sete processos são de domínio público e podem ser consultados no site do Tribunal de Justiça do Estado do Pará (TJPA). Um deles é referente a crimes de trânsito e diz respeito a um acidente provocado por Maurício, enquanto ele dirigia bêbado. Também existem três ações em que o rapaz processa pessoas, inclusive, da própria família por injúria e difamação. Ainda no endereço eletrônico do tribunal, é possível verificar, a partir de documentos, que o rapaz possui até um suposto envolvimento com tráfico de drogas. De modo geral, os processos em que Maurício é apontado como o autor de delitos expõem padrão de comportamento criminoso, o qual foi descoberto e veio à tona com a morte da influenciadora digital Luma Bony.

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A vítima é uma ex-namorada do acusado, o qual chegou a dizer que “acabaria com a vida” e divulgaria fotos íntimas, feitas sem o consentimento da jovem

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Vítima teve partes íntimas dilaceradas

Em março deste ano, o Ministério Público do Pará (MPPA) ofereceu denúncia contra Maurício acusado pelo crime de estupro ocorrido em agosto de 2021, na casa dele, no bairro do Jurunas, em Belém. Fontes da Segurança Pública confirmaram à reportagem de O Liberal, na época, que a denúncia foi um desdobramento de mandado de prisão preventiva cumprido contra o acusado, no dia 9 daquele mês, quando o rapaz já se encontrava preso. Ele foi capturado em dezembro passado, durante a operação “Exposed”, da Polícia Civil do Pará.

Junto com a denúncia, o MPPA se manifestou favorável pela manutenção da prisão do acusado “tendo em vista a latente probabilidade da prática de novos delitos”. De acordo com o art. 213 do Código Penal Brasileiro, caracteriza-se como estupro “constranger alguém, mediante violência ou grave ameaça, a ter conjunção carnal ou a praticar ou permitir que com ele se pratique outro ato libidinoso”. A pena de reclusão vai de seis a dez anos de prisão.

De acordo com o documento que contém a denúncia, a vítima procurou a Polícia Civil em dezembro do ano passado, após a prisão de Maurício pelo vazamento de vídeos íntimos de mulheres. A jovem relatou que conheceu o criminoso em uma festa na cidade e que ele teria sido bastante incisivo para encontrá-la novamente.

Em um desses encontros, já na casa do rapaz, Maurício manteve relação sexual com a jovem, sem o consentimento dela e mesmo depois de ter sido advertido pela moça. As páginas documentais apontam que Maurício utilizou de extrema violência contra a mulher, que teve “esgarçamento da parede vaginal e laceração do períneo”, precisando, por isso, ser submetida a procedimento cirúrgico em um hospital da cidade.

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Drogas e perseguição

O mesmo documento destaca também que, após a prisão de Maurício, outras mulheres foram encorajadas a procurar a polícia para denunciá-lo, também se apresentando como supostas vítimas de episódios semelhantes. Ainda conforme as páginas documentais, Maurício tinha uma espécie de “modus operandi”: drogava e abusava das vítimas sem o consentimento delas, com uso de extrema violência.

Uma das vítimas chegou a relatar à polícia que precisou se mudar de Belém para tratar a dependência química e se livrar do rapaz. No entanto, quando retornou, continuou sendo perseguida por ele.

Ameaça e violência doméstica

A denúncia mais recente oferecida pelo MPPA contra Maurício Filho se deu no final do mês de junho passado, pelos crimes de ameaça e violência doméstica. A vítima é uma ex-namorada do acusado, o qual chegou a dizer que “acabaria com a vida [dela]” e divulgaria fotos íntimas, feitas sem o consentimento da jovem. Esta encontra-se em tratamento por transtorno de ansiedade e depressão, fazendo uso, inclusive, de medicamentos, segundo o MPPA.

De acordo com a denúncia, as investigações da Polícia Civil apontaram que, ao longo do ano passado, por meio de ligações telefônicas, Maurício perseguiu, reiteradamente, a ex-namorada.

Por meio dos telefonemas, o acusado ameaçava a integridade psicológica da vítima, além de invadir e perturbar sua privacidade, causando-lhe danos emocionais, a partir de constrangimentos e humilhações, especialmente, quanto à divulgação de fotos íntimas dela ao atual namorado e familiares.

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Em depoimento à polícia, a vítima relatou que o relacionamento entre ela e Maurício durou menos de um ano, período em que o acusado demonstrava comportamento agressivo, de forma verbal e física. Uma vez encerrada a relação, Maurício não deixou de procurar a jovem, que já havia iniciado outro relacionamento, e continuou com a ameaça de divulgar fotos dela. Ainda conforme o depoimento da vítima à polícia, os registros foram feitos sem consentimento, num momento em que ela estava desacordada.

Medidas protetivas

No último mês de abril, o juiz titular 2ª Vara de Violência Doméstica e Familiar contra a Mulher, Mauricio Ponte Ferreira de Souza, manteve as medidas protetivas em favor de uma ex-namorada de Maurício Filho. A jovem, que não terá o nome revelado pela reportagem, teve vídeos íntimos dela divulgados pelo acusado sem consentimento.

Após a morte de Luma Bony, a ex-namorada de Maurício procurou a Polícia Civil para denunciar que o rapaz agiu da mesma forma como fez com a influencer digital, divulgando vídeos íntimos nas redes sociais. A defesa de Maurício, segundo consta no processo judicial, alegou à polícia que inexistiam “provas materiais dos fatos relatados pela vítima, além da ausência de laudo pericial e questionando o lapso temporal compreendido entre o dia dos fatos e o boletim de ocorrência policial que ensejou a concessão das presentes medidas protetivas”.

Entretanto, a Justiça havia ordenado, no final de janeiro deste ano, que Maurício fosse proibido de aproximar da ex-companheira, a uma distância mínima de 100 metros, de manter por qualquer meio de comunicação, além do impedimento de frequentar a residência da vítima.

O pedido inicial desta medida protetiva foi julgado e o juiz entendeu que, pela denúncia da ex-namorada de Maurício, as medidas protetivas estipuladas foram feitas “evitando que ocorram novos episódios de violência moral ou psicológica” entre ela e o ex-namorado, diz a sentença.

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Tráfico de drogas

Conforme documentos que não são protegidos por segredo de justiça e podem ser acessados no site do TJPA, além da divulgação de vídeos íntimos de mulheres nas redes sociais, Maurício tem um longo histórico de agressividade, ameaças contra pessoas da própria família e até um suposto envolvimento com tráfico de drogas, como a madrasta do rapaz relatou à Polícia Civil, em janeiro de 2021. “Posta que reside no endereço da declarante, inclusive para cobrança de tráfico de drogas”. É o que consta em boletim de ocorrência, registrado na Delegacia Especializada no Atendimento à Mulher (Deam).

Outro documento analisado pela reportagem de O Liberal aponta para o fato de que a mulher também acusou o “Hétero Top” de mostrar pornografia para os filhos menores de idade.

Ainda conforme os documentos disponíveis no site do TJPA, as tias do rapaz chegaram a denunciá-lo pelos comportamentos violentos e acabaram sendo ameaçadas pelo pai do jovem, Maurício César Mendes Rocha. Uma das tias também apresentou às autoridades policiais print de uma publicação feita pelo sobrinho, na qual ele expõe a namorada nua em uma piscina.

Um dos episódios que constam na extensa ficha criminal de Maurício ocorreu em 2021, no sítio localizado na avenida Augusto Montenegro, bairro do Tenoné, em Belém, e que pertence ao avô paterno do rapaz. Nas páginas documentais analisadas pela reportagem, foi relatado que Maurício arrombou o local para levar a namo​rada. Uma das tias, responsáveis pelo espaço enquanto o avô de Maurício estava acamado em decorrência da covid-19, foi comunicada sobre o ocorrido e se deslocou para o sítio, onde repreendeu o acusado.

A partir disso, a mulher passou a ser ameaçada tanto pelo sobrinho quanto pelo próprio irmão, pai de Maurício. Nas redes sociais, o “Hétero Top” fazia questão de exibir conteúdos íntimos de mulheres com as quais se relacionava, bem como o lado agressivo e ameaçador. Conforme os documentos, no dia da confusão no sítio, Maurício chegou a compartilhar uma foto da namorada. A jovem aparece nua em uma piscina com o rosto virado.

Noutra publicação, Maurício se dirige à tia responsável pelo sítio: “Cheguei para acabar com a paz” e “Mete a cara pra ver quantos olhos roxos e quantos dentes tu vai perder”, escreveu o acusado, ao se mostrar em uma foto de frente para o espelho.

Na mesma época, o “Hétero Top” publicou nova imagem, na qual escreveu: “No sítio da discórdia, sempre rindo, porque nem mesmo velhos abutres apagarão o meu brilho. Se tu não me conheces, mano, nem te envolve”.

Maurício Filho ameaçou a madrasta com faca

Também através das redes sociais, oHétero Top” ameaçou a madrasta, publicando vídeos nos quais mandava a mulher denunciá-lo, em tom de deboche. Em uma dessas gravações, Maurício surgiu com uma faca em mãos, o que consta em boletim de ocorrência registrado, em janeiro de 2021, pela madrasta na Delegacia Especializada no Atendimento à Mulher (Deam). O documento traz ainda a denúncia de que o acusado dizia que ia “encher a declarante de porradas”.

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“Maurício é perigoso, de comportamento inconsequente e que teme por sua integridade e de seus filhos pequenos, ressaltando que o relatado (Maurício) já mostrou pornografia para seu filho menor”, declarou a madrasta do rapaz à época. Em outro documento consultado pela reportagem, também de janeiro de 2021, a madrasta de Maurício acrescentou à polícia que o enteado “posta que reside no endereço da declarante, inclusive para cobrança de tráfico de drogas”.

Quem é Maurício Filho, o “Hétero Top”?

Maurício César Mendes Rocha Filho, que se autointitulava “Hétero Top” nas redes sociais, foi preso durante a operação “Exposed”, da Polícia Civil do Pará, suspeito de vazar vídeos íntimos da influenciadora digital Luma Bony. O crime ocorreu em 6 de novembro de 2022. Dois dias depois, Luma se jogou ​de um prédio localizado no centro de Belém. O rapaz está sob custódia da Secretaria de Estado de Administração Penitenciária (Seap) e se encontra na Cadeia Pública de Jovens e Adultos (CPJA), em Americano, no município de Santa Izabel do Pará, região metropolitana de Belém.

Para a família de Luma, Maurício é o principal responsável pela morte dela. Os familiares da vítima dizem que o rapaz embebedou, drogou, abusou e filmou a influenciadora, que estava desacordada, publicando posteriormente o vídeo íntimo em sua antiga rede social. Maurício teria exigido dinheiro da vítima fazendo chantagem para não enviar as imagens ao pai dela, conforme conta o próprio genitor, o empresário Bony Monteiro. O rapaz não recebeu a quantia que estaria pedindo e, então, vazou a gravação.

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