Após revés na justiça eleitoral, oposição venezuelana aposta em diplomata contra Maduro nas eleições

Ado 74 anos, Edmundo González Urrutia é o novo candidato da oposição venezuelana, enquanto Nicolás Maduro tenta se reeleger para o seu terceiro mandato à frente do país

Gustavo Freitas / Especial para O Liberal
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O diplomata Edmundo González Urrutia, de 74 anos, foi confirmado como o novo candidato da oposição venezuelana para disputar contra Nicolás Maduro, que buscará se reeleger para o seu terceiro mandato à frente do país.

A escolha tardia do candidato não foi por opção, e sim por imposição do sistema eleitoral da Venezuela. No ano passado, a oposição havia escolhido Maria Corina Machado para concorrer em 2024, mas a líder da coalizão foi inabilitada por 15 anos de disputar qualquer cargo eletivo na Venezuela porque, segundo o Tribunal Eleitoral, comandado pelo chavismo, ela teria participado de uma "trama de corrupção".

Para substituí-la, a coalizão indicou Corina Yoris para concorrer ao pleito, mas o sistema do CNE(Conselho Nacional Eleitoral) bloqueou qualquer tentativa de novas inscrições. Agora, a terceira tentativa será com Edmundo González, que precisou sair do anonimato para se tornar alternativa de governo.

“Nunca, nunca, nunca tinha pensado em estar nesta posição”, garante o diplomata de carreira, que foi embaixador na Argélia e na Argentina. “Esta é a minha contribuição para a causa democrática, eu faço isso com desapego, como uma contribuição para a unidade”.

Ao comentar sobre o momento político que vive a Venezuela, Edmundo disse que “este é o momento de alcançar uma transição democrática e pacífica para os venezuelanos”. A postura cautelosa dos anos destinados à diplomacia, divergem do discurso efusivo de Corina Machado, mas Urrutia reconhece o que está em jogo nesta eleição: "Maduro não nos enxerga como opositores, e sim como inimigos".

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Mesmo inabilitada, Maria Corina Machado ainda é a voz da oposição e é a grande detentora da popularidade entre os cidadãos. Nos comícios eleitorais realizados pela Plataforma Unitária Democrática(PuD), que reúne os dez principais partidos antichavistas, Corina Machado é quem discursa e move multidões em todo o país. A candidatura de Edmundo González, portanto, é mais burocrática e menos participativa.

González, de fato, explica que Machado continuará sendo a alma visível da campanha, que iniciou há meses e, “quando for possível”, diz o candidato, “provavelmente a acompanharei em alguma atividade”. A candidatura expõe duas fragilidades: a incerteza da transferência natural de votos, visto que o diplomata ainda é um rosto desconhecido, e a falta de garantias de que a justiça eleitoral não vai achar empecilhos até o pleito no dia 28 de julho.

Pressão internacional

Recentemente, diversas organizações e países acusaram o governo venezuelano de não cumprir com os acordos firmados no ano passado, que previam eleições limpas e participação plena da oposição no processo.

O governo de Joe Biden vinha dialogando com autoridades em Caracas para amenizar as tensas relações entre Estados Unidos e Venezuela, com sinais de boa vontade vindo dos dois lados. No ano passado, após o acordo por eleições limpas, os EUA aliviaram as sanções impostas sobre o governo venezuelano.

Na semana passada, o governo norte-americano voltou a impor as mesmas sanções como consequência do descumprimento dos acordos. Em tom irônico, Maduro respondeu a Joe Biden em inglês: "se você quer, eu quero, se você não quer, eu não quero". Em seu programa semanal, Maduro declarou que "a Venezuela vai seguir sua marcha econômica. Ninguém vai nos parar, senhores gringos", disse.

A insatisfação com a postura do mandatário venezuelano também atingiu o presidente Lula, que vinha se desgastando ao evitar tecer críticas ao regime de Maduro, depositando sua confiança nos acordos firmados no fim de 2023. Os evidentes sinais de perseguição à oposição, além da tentativa de anexação de Essequibo, território que hoje pertence à Guiana, fizeram o governo brasileiro questionar as ações de Maduro.

Em visita oficial à Colômbia, Lula e Gustavo Petro pediram "diálogo" na Venezuela e defenderam um plebiscito para garantir a integridade e a segurança de quem sair derrotado nas eleições.

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