Fuga de investidores da poupança impacta mercado imobiliário brasileiro

Em janeiro, houve um saque líquido de R$ 20,1 bilhões da poupança, marcando o quarto ano consecutivo de retiradas

O Liberal
fonte

A retirada contínua de investidores da poupança, a aplicação financeira mais tradicional do Brasil, está gerando consequências em diversos setores da economia, especialmente no Sistema Brasileiro de Poupança e Empréstimo (SBPE), vital para financiamentos imobiliários da classe média com juros limitados.

Em janeiro, houve um saque líquido de R$ 20,1 bilhões da poupança, marcando o quarto ano consecutivo de retiradas. Somente em 2023, a aplicação perdeu R$ 87,8 bilhões, seguido de R$ 103,2 bilhões em 2022 e R$ 35,4 bilhões em 2021.

VEJA MAIS

image Poupança tem saída de R$ 87,8 bi em 2023, a 2ª maior da história; saiba mais
O resultado foi divulgado nesta segunda-feira (08) pelo Banco Central

image Projeto quer incluir palafitas no Minhas Casa, Minha Vida para atender comunidades ribeirinhas
De autoria do senador paraense Jader Barbalho, proposta teve parecer favorável do relator Beto Faro, também do Pará. Proposta avançou no Senado e aguarda votação na Comissão de Assuntos Econômicos (CAE)

Os bancos são obrigados a alocar 65% dos depósitos da poupança no SBPE, que financia até 80% de imóveis de até R$ 1,5 milhão com juros limitados a 12% ao ano, conforme o teto do Sistema Financeiro da Habitação (SFH). Este modelo tem histórico de baixa inadimplência, graças às prestações limitadas a 30% da renda do mutuário e prazos de financiamento de até 35 anos.

Marcelo Tapai, especialista em direito imobiliário, destaca uma mudança estrutural no mercado imobiliário, refletindo a perda de interesse dos investidores na poupança. O baixo rendimento dessa aplicação, aliado à diversificação de opções no mercado financeiro, impulsiona a saída de investidores.

"A redução do volume de recursos na poupança é irreversível. Hoje, o mercado financeiro oferece opções muito mais simples. Bancos de investimento acessíveis permitem que pessoas físicas invistam em instrumentos financeiros com maior facilidade e perspectivas de retorno. A poupança traz prejuízos e, a cada dia, menos pessoas a veem como uma opção de investimento viável", explica Tapai.

Redução de recursos na poupança desafia mercado imobiliário brasileiro

Com a contínua diminuição de recursos na poupança, os bancos têm menos recursos para empréstimos no SBPE, impactando negativamente o setor imobiliário. Segundo a Câmara Brasileira da Indústria da Construção (CBIC), houve uma redução entre 20% e 30% nos lançamentos de unidades imobiliárias pelo SBPE no ano passado.

A CBIC não possui projeções específicas para o SBPE em 2024, mas no final do ano passado, a entidade sugeriu que o segundo semestre poderia apresentar uma recuperação, mantendo o número de lançamentos pelo menos igual ao de 2023. Enquanto isso, a Associação Brasileira das Entidades de Crédito Imobiliário e Poupança (Abecip) prevê que o volume de crédito no sistema permaneça estável em relação ao ano anterior, afetado tanto pelos saques da poupança quanto pelas altas taxas de juros.

Com o SBPE menos utilizado, os mutuários de classe média têm duas alternativas. A primeira é o financiamento com o Fundo de Garantia do Tempo de Serviço (FGTS), que também financia imóveis de até R$ 1,5 milhão com juros limitados a 12% ao ano, mas com exigências adicionais. A outra opção é o Sistema de Financiamento Imobiliário (SFI), com taxas e condições de mercado, permitindo financiar imóveis acima de R$ 1,5 milhão, mas normalmente com juros mais altos.

Atualmente, os bancos que concedem financiamentos no mercado livre dependem principalmente de títulos privados, como letras de crédito imobiliário (LCI), certificados de recebíveis imobiliários (CRI) e letras imobiliárias garantidas (LIG). Esta mudança na composição dos fundos de financiamento imobiliário pode resultar em juros mais altos para os compradores de imóveis fora do SFH.

Apesar da estagnação do SBPE, a Abecip prevê um crescimento de 3% no crédito imobiliário em 2024, impulsionado pelos financiamentos do FGTS. A CBIC estima um aumento de 15% nos empreendimentos imobiliários com recursos do FGTS e do Minha Casa, Minha Vida neste ano, com um total de 320 mil unidades lançadas para o mercado imobiliário, embora não seja possível comparar esse volume com 2023 devido à finalização das estatísticas do ano anterior.

Entre no nosso grupo de notícias no WhatsApp e Telegram 📱
Economia
.
Ícone cancelar

Desculpe pela interrupção. Detectamos que você possui um bloqueador de anúncios ativo!

Oferecemos notícia e informação de graça, mas produzir conteúdo de qualidade não é.

Os anúncios são uma forma de garantir a receita do portal e o pagamento dos profissionais envolvidos.

Por favor, desative ou remova o bloqueador de anúncios do seu navegador para continuar sua navegação sem interrupções. Obrigado!

ÚLTIMAS EM ECONOMIA

MAIS LIDAS EM ECONOMIA