Pesquisa aponta que 77% das empreendedoras paraenses são mães

Conciliar a administração da casa, o suporte à família e os negócios torna-se um verdadeiro malabarismo para essas mulheres. A pesquisa aponta que 82% delas já se sentiram sobrecarregadas pela dupla jornada, evidenciando os desafios enfrentados diariamente.

Igor Wilson

Márcia Nóbrega, uma empreendedora paraense, personifica o desafio enfrentado por muitas mulheres que buscam realizar seus sonhos de negócios enquanto equilibram a maternidade e o trabalho doméstico que, na maioria das vezes, fica acumulado para as mulheres. Mãe de três filhos, incluindo Carolina Nery, uma jovem de 35 anos com autismo e síndrome de Down, Márcia sempre nutriu o sonho de empreender. No entanto, o nascimento de Carolina adiou seus planos, demandando sua dedicação integral. Hoje, as duas são empreendedoras de sucesso em segmentos distintos.

A história de Márcia é uma das várias realidades que compõem o cenário de muitas empreendedoras paraenses, conforme revela uma pesquisa recente do Sebrae/PA divulgada ontem. Segundo o estudo, 77% das mulheres proprietárias de pequenas empresas no estado são mães, e a necessidade de cuidar dos filhos e a dificuldade em ingressas no mercado formal de trabalho no regime CLT, foram os principais motivadores para ingressarem no empreendedorismo, muitas vezes a única opção de quem viu outros sonhos serem frustrados pela necessidade de criar um filho.

Para Márcia, a vida lhe exigiu uma dose extra de paciência, mas foi generosa na recompensa. Primeiro, adiou os planos para cuidar de Carolina, depois, quando a filha ficou adulta, ao invés de pensar em finalmente abrir seu negócio, encaminhou primeiro a filha no empreendedorismo, para depois, aos 59 anos, abrir sua primeira empresa, ‘Lábios de Mel’, especializada em chocolates.

“Quando ela nasceu, abandonei tudo pra cuidar dela. Tinha me formado, mas não pude trabalhar, tinha que me dedicar pra ela. Certo dia percebi que ela já era adulta e que precisava ser incluída no mercado de trabalho desde 2011, não queria que ela só ficasse em casa. Com apoio do Sebrae, ela se descobriu artesã, hoje faz joias com sementes e outras matérias amazônicas”, diz Márcia, que após incluir a filha no mercado conseguiu, finalmente, se concentrar em seu sonho ao mesmo tempo que vê a filha encaminhada nomercado de trabalho, uma dupla alegria.

Dupla Jornada

image Carolina e Márcia trabalham muitas vezes juntas uma no negócio da outra. (Arquivo Márcia Nóbrega)

Conciliar a administração da casa, o suporte à família e os negócios torna-se um verdadeiro malabarismo para essas mulheres. A pesquisa aponta que 82% delas já se sentiram sobrecarregadas pela dupla jornada, evidenciando os desafios enfrentados diariamente.

“Essa é a realidade de grande parte das mulheres, que empreenderam por necessidade, em função da sobreposição das atividades, como cuidados de pessoas e filhos. Essa pesquisa foi feita para entender o perfil dessas mulheres, para que o próprio Sebrae aplique ações para melhorar essas realidades”, diz a gerente da Unidade de Sustentabilidade e Inovação do Sebrae Pará, Renata Batista.

A profissional que ajuda mulheres paraenses na rota do empreendedorismo explica que 45% das mulheres que procuram empreender no estado procuram a instituição, que possui o ‘Sebrae Delas’, programa que incentiva, apoia e fortalece o empreendedorismo feminino, presente nas 13 agências espalhadas pelo estado ou virtualmente.

“O Sebrae é visto como uma instituição que apoia o empreendedorismo feminino, que empodera a mulher a partir de seus negócios. No ‘Sebrae Delas’ não é só diferente a gestão do negócio, mas o grande diferencial é o desenvolvimento de competências socio-emocionais, ajudamos a mulher a desenvolver comportamentos de confiança, liderança, pra que ela tenha autonomia e se sinta segura de liderar esse negócio, lidar com adversidades como preconceito de gênero”, explica.

image Artigos produzidos por Carolina (Instagram Carolina Nery)

Como procurar o Sebrae Delas

A mulher que deseja aprender a empreender pode procurar uma das 13 agências do Sebrae espalhadas no estado. Em Belém, a agência física fica localizada no bairro do Umarizal.

“Caso a mulher não possa ir até uma unidade física, porque sabemos da rotina que muitas tem, temos os canais digitais, também tem nossa central de atendimento, onde ela pode entrar e verificar quais os cursos e capacitações disponíveis para o território”, diz Renata.

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