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Moradores da rua Novo Horizonte relatam que já perderam casas por alagamentos na via

No inverno amazônico, o nível da água chega à altura dos joelhos

Eva Pires

Há mais de 30 anos, a falta de asfalto e saneamento básico tem sido motivo de transtornos para a comunidade da rua Novo Horizonte, no bairro do Curió-Utinga, em Belém. Segundo os moradores, a via é frequentemente alagada, com a água invadindo as casas e o nível da água chegando à altura dos joelhos. A situação prejudica a mobilidade de pedestres e veículos, além de causar prejuízos financeiros e riscos à saúde da vizinhança.

O fruteiro Eduardo Oliveira, de 49 anos, conta que já precisou elevar o piso da casa em um metro e meio para evitar mais prejuízos. “Tá mesmo terrível quando chove aqui. Enche tudo, chega pelo joelho a água. E agora, depois de uma chuva que deu ontem, a gente consegue ver essas poças de lama. Difícil para os moradores se locomoverem, né? Fora que têm idosos, pessoas de mobilidade reduzida”, relata.

Esse cenário também favorece o aparecimento de animais peçonhentos e insetos, como o mosquito transmissor da dengue, gerando risco e preocupação para a vizinhança. “Minha mulher pegou dengue. Graças a Deus que não foi pior, né? Mas é triste. Essa água acumulada é propícia para isso. Já tá há mais de três meses que essa água não seca”, afirma.

Maria Gomes, de 61 anos, relatou as dificuldades que enfrenta devido às condições precárias da rua, agravadas pelas chuvas. Com limitações para se locomover, ela conta que precisa de ajuda até para sair de casa. “É água, é pedra e tudo. Aí fica muito difícil estar saindo”, diz

Segundo ela, a situação piora com os buracos abertos na via, que acumulam água da chuva e dificultam a passagem. Mesmo após a visita de representantes da prefeitura, os problemas persistem. “A água continua empossando”, completou a moradora, destacando que as condições impedem sua mobilidade e rotina.

Outra vítima dos alagamentos é Patrícia Lima, moradora do local, que teve perda total da casa e precisou reconstruí-la. A situação gerou dívidas à Patrícia, que ainda não foram pagas completamente.

“Eu moro aqui desde 2001 e desde quando eu cheguei aqui é esse sofrimento. A gente vive debaixo d’água. Essa é a época que a gente mais sofre. Eu tenho vídeos e relato de que a minha casa foi para o fundo. Toda de alvenaria, mas começou a entrar água pela acumulação do esgoto, por conta do nosso canal”, relembra.

Ela destaca que a rua é situada próximo ao Parque do Utinga, ponto turístico de Belém, e lamenta a precariedade da infraestrutura local, especialmente em comparação com os investimentos feitos ao redor do parque. “A COP 30 fala sobre a Amazônia e sobre tudo na cidade. A gente precisa também dar essa boa vista não só lá nos pontos turísticos, mas aqui ao redor também”, conclui.

A Redação Integrada de O Liberal solicitou nota à Secretaria Municipal de Saneamento (Sesan), mas, até o fechamento desta edição, não houve retorno.

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(Eva Pires, estagiária sob supervisão de Fabiana Batista, coordenadora do núcleo de Atualidade, com colaboração de Mariana Azevedo)

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