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'Mulheres do job' oferecem mentoria a iniciantes em redes sociais e geram debates

Entre glamourização e críticas, as profissionais do ramo ganham popularidade em redes sociais e despertam curiosidade da sociedade

Gabrielle Borges

Tema recorrente na internet e até mesmo inspiração para músicas em festas, as "Mulheres do Job" ou GP (abreviação para garotas de programa), têm ganhado cada vez mais popularidade, seja pelo modelo de trabalho que escolheram seguir, pela ostentação ou pela curiosidade que permeia em terceiros sobre como é a profissão dessas mulheres.

Por conta disso, perfis de profissionais do sexo que usam redes sociais como TikTok e Instagram para divulgar seu trabalho se multiplicaram nos últimos anos. Além dos vídeos a respeito da profissão, as "influencers do job" usam o espaço para passar dicas de segurança, beleza e até oferecer mentorias para quem quer iniciar no ramo.

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Como são as mentorias?

As mentorias para as "iniciantes do job" ou interessadas em seguir a profissão começam com instruções básicas: desde como abrir redes sociais para o ramo, fazer e investir em ensaios de fotos para catálogos e sites e vai até a aconselhamentos, segundo relata Sara Muller, profissional da área que acumula mais de 60 mil seguidores em redes sociais.

"Faço uma análise do contexto das mulheres que me procuram, do porquê que elas querem começar e dos caminhos que elas podem pegar baseado na minha vivência", relatou para a BBC Brasil.

Opiniões mistas

Para além das mentorias, as profissionais do job também utilizam redes sociais para desmitificar alguns preconceitos sociais sobre a profissão. Há quem romantize e glamourize o ramo, mas também há aquelas que mostram a realidade e os desafios da atividade, 

Por outro lado, há quem também veja o trabalho "das mulheres do job" como uma forma de liberdade sexual, empoderamento feminino, como uma maneira de quebrar preconceitos impostos sobre garotas de programa. Para Lourdes Barreto, presidenta do Grupo de Mulheres Prostitutas do Estado do Pará (GEMPAC-PA), os estigmas sociais ainda são grandes e a internet é uma forma de "driblar" isso:

"O problema todo é o estigma e o preconceito contra o trabalho sexual, porque eu vejo o trabalho como outro qualquer. A diferença é que a sociedade tem muito preconceito, então entra pela questão moral. Sobre as mulheres que já estão assumindo através da internet, mas ainda tem muita dificuldade porque o estigma é muito forte [...] elas já estão mostrando a cara hoje, devido a um trabalho que tem de décadas, de anos, né?", diz.

Ainda sobre a questão do "mercado do job" na internet, Lourdes Barreto afirma que: 

"Da internet, elas estão conseguindo, algumas dizem que não gostam, outras dizem que gostam, e elas estão no trabalho. As pessoas continuam fazendo. Aliás, a proporção é aumentar, não é só pela questão social não, é pela questão que muitas mulheres gostam de estar nesse trabalho", conta.

Entretanto, muitos usuários das redes condenam a exploração do corpo da mulher e acusam as criadoras de conteúdo de romantizarem a profissão. As críticas principais são motivadas pela popularização do trabalho através de vídeos ou músicas sobre o tema e isso, segundo os críticos, poderia influenciar uma nova geração a se encaminhar pelo ramo, mas sem conhecer as realidades dele.

Gabrielle Borges, estagiária de jornalismo, sob supervisão de Tainá Cavalcante, Editora web de OLiberal.com.

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