MABE, fonte de Memória e Conhecimento
O Museu de Arte de Belém encontra-se fechado ao público, em função da pandemia da Covid-19 e pelo fato de o Palácio Antonio Lemos, sede do museu, estar passando por um processo de revitalização. Contudo, seu corpo técnico segue em ações internas de pesquisa, conservação e atualização de documentação catalográfica, visando ampliar a difusão do acervo através de futura plataforma digital, que permitirá consultas às relevantes coleções. Desta forma, no momento, o contato com o público tem sido através de aproximação virtual, por intermédio de transmissão de memória e conhecimento em rede social, inicialmente pela sistematização de publicações que trazem um conjunto de mostras características desta instituição, de difusão de seu acervo, inscrevendo-o na história da arte e contextualizando-o, através de um trabalho museal interdisciplinar.
Das exposições que já foram rememoradas durante este período, destacamos:
"Ver-o-Peso - O que se Narra, o que se Vê", aberta em 12 de janeiro de 1999. O Mabe, à época, consciente da importância desse monumento tombado pelo Patrimônio Nacional, acompanhando o processo ousado de revitalização de todo o Complexo do Ver-o-Peso e ainda envolvido na campanha de reconhecimento do Ver-o-Peso como "Patrimônio Cultural da Humanidade", organizou a referida mostra para o 383º Aniversário de Belém, desvelando um espaço, fonte de vida desta cidade e inspiração de pintores, escritores e poetas brasileiros que aqui habitam e que por aqui passaram, apresentando obras de seu acervo referentes ao tema, permeadas ao longo da exposição, por plotagens de textos, poesias e relados colhidos, in loco, de pessoas que vivenciam o dia a dia deste monumento. O catálogo da mostra registra essa festa para os sentidos com obras de Leon Riguini (MUFPA), Antar Rohit, Benedicto Mello, Ângelo Guido, João Pinto Martins, Georges Wambach, Ronaldo Moraes Rêgo, Paolo Ricci, Mário Pinto Guimarães, Armando Balloni, Waldemar da Costa, Antonieta Santos Feio, Oswaldo Goeldi, além de textos poéticos de Inglês de Souza, Manuel Bandeira, Mário de Andrade, Maria Lúcia Medeiros, José Ildone, Dalcídio Jurandir, Paes Loureiro e Max Martins. Curadoria, projeto e pesquisa de Alegria Benchimol e Rosa Arraes.
“A Fundação da Cidade de Belém”, inaugurada em 12 de janeiro de 2004, por ocasião do 388º Aniversário de Belém, com a presença do então Ministro da Cultura, Gilberto Passos Gil Moreira. A exposição de longa duração que envolveu pesquisa em História do Brasil, História da arte brasileira, antropologia social e etnologia amazônica, botânica; Sociologia da produção cultural e artística, arquivologia, comunicação, educação, museografia, design e editoração sobre a relevante obra pictórica “A Fundação da cidade de Nossa Senhora de Belém do Pará”, de 1908, de autoria do pintor e historiador paraense Theodoro Braga (encomendada ao autor pelo Intendente e mecenas Antonio Lemos), tratando-se de obra emblemática e matricial do acervo do MABE, iconografia que é considerada a certidão de nascimento de Belém, procurada sempre por pesquisadores, estudantes, professores e público em geral. A exposição fomentou ainda diversas ações do setor Educativo, realização de seminários e cursos, como de pintura histórica, ministrados por historiadores da arte nacionais e locais, além da publicação de um livro com farta informação sobre todos os aspectos a obra. A curadoria foi de Lúcia Hussak van Vélthem, com curadoria adjunta de Aldrin Moura de Figueiredo.
"Belém, ontem, hoje e sempre", com abertura em 12 de janeiro de 2010, pelo 394º Aniversário de Belém, propondo (re)pensar os espaços dessa cidade em um tempo passado e atual, com fotografias que respeitaram o mesmo ângulo existente nas obras do acervo do MABE, nos olhares de pintores locais, nacionais e estrangeiros. Uma forma de reflexão e de apropriação desse nosso patrimônio, oferecendo ao público a possibilidade de conhecimento da cidade de forma lúdica e prazerosa em aspectos históricos, artísticos, patrimoniais e museológicos, contando com pinturas de Antônio Parreiras, George Wambach, Bedicto Mello, Antonieta Santos Feio, Angelo Guido e Paolo Ricci. Fotografias de Rodolfo Braga. A exposição está registrada no catálogo "Belém, ontem, hoje e sempre", com textos curatoriais de Rosa Arraes e Moema Alves, além de imagens e demais informações técnicas das obras e da história de cada logradouro.
O MABE, admitindo como referencial básico para o desenvolvimento de suas ações museológicas o patrimônio cultural, na medida em que o conceitua como a relação do homem com o meio, o real na sua totalidade material, imaterial, natural e cultural, em suas dimensões de tempo e espaço, ocupa seu lugar especial, como uma instituição complexa cumprindo múltiplas funções em torno de seu centro de gravidade: preservar e difundir a arte. Desta forma, pesquisa, adquire, conserva e documenta o seu acervo, analisa e interpreta sua herança cultural desenvolvendo ações educativas e de comunicação junto à comunidade, com seminários, cursos, publicações e principalmente através de suas exposições em sintonia com o tecido social, difusoras de conhecimento e leituras de mundo.
*Nina Matos é artista visual. Foi diretora do Museu de Arte de Belém, no período de 2002 a 2004. Atualmente exerce Curadorias para o MABE
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