Uso excessivo de celulares e tablets prejudica a visão das crianças

Por diversão ou trabalho, as telas de computador, celular e tablets estão cada vez mais inseridas nas rotinas de adultos e crianças. E o que deveria ser diversão, pode trazer problemas

Flávia Ribeiro

Uma marca de celular lançou a ideia de que a humanidade passou por uma revolução de telas. Tudo começou com a do cinema, em seguida veio a da televisão, depois a do computador e, por último, a do celular. A relação cada vez mais próxima do consumidor e dos olhos, pode trazer consequências diversas e algumas irreversíveis. De olhos secos à miopia, o ideal é se prevenir!

Para quem lida com as telas, por exigência do trabalho, é bom tentar minimizar os danos. A secretária Brenda Aviz, por exemplo, usa bastante o computador e o celular e já sente os efeitos no dia-a-dia. “Meus olhos ficam muito ressecados. Fui ao médico e me receitou colírio e lubrificantes. Eu uso com frequência e sem isso sinto os olhos arderem e eles ficam vermelhos”, afirmou. 

O diagnóstico foi de olho seco, com recomendação de colírios e lubrificante nos olhos para ter mais conforto O oftalmologista ainda recomendou que ela se afastasse das telas, entretanto é algo que o trabalho não permite. Por outro lado, nos momentos de folgas, quando poderia ‘descansar’ a visão, é quando o celular vira distração. “Às vezes, fico tão cansada que nem quero olhar as redes sociais, mas abro os aplicativos com joguinhos para me divertir um pouco. O celular é meio que um vício mesmo. Sempre está aqui por perto”, confessa a Brenda, que há mais de cinco anos convive com os sintomas.

image Brenda Aviz (Naiara Jinknss)

 

É de pequenino... que se usa colírio

Aos oito anos de idade, Gabriel, filho da jornalista Rosana Pinto, já sente o desconforto na visão. “Foi meio surpreendente porque ele fez exame de vista e não deu nada. Um tempo depois, começou a reclamar de dor de cabeça e incômodo ao ler. Voltamos ao médico. Foi quando diagnosticaram miopia. Eu tive o mesmo diagnóstico com 15 anos de idade, então já sabíamos que o fator genético poderia agir. Mas isso foi acelerado em função do uso excessivo do celular, tablet e computador”, comenta a jornalista.

Nesta semana, o menino, começou a usar óculos e, por enquanto, estava curtindo a novidade. “Ele se achou maus bonito. Queria até jogar bola com os óculos, mas eu não deixei. Ele está bem empolgado”, diverte-se a mãe.

image Rosana Pinto e Gabriel (Naiara Jinknss / Troppo)

 

A rotina do menino favoreceu o quadro. Pela manhã está na escola, mas as tardes são recheadas com horas na frente de uma tela. “Durante a noite, quando estou em casa, até consigo dar uma contida nisso. Mando brincar com os amigos. Mesmo assim, muitas vezes, a brincadeira com os amigos é com o celular ou videogame”. Ela ainda analisa que a exposição pode também ter contribuído para que outras crianças da vizinhança e da escola, com a mesma idade do Gabriel, também usem óculos.

A miopia do menino estagnou, com o uso dos medicamentos e dos óculos. “Agora é cuidar para que não avance”. Ela diz que com os cuidados recomendados, Gabriel tem reclamado menos de dor de cabeça. “Era uma reclamação diária. Ele dizia que forçava vista e sentia tontura. O quadro coincide com o período em que ele começou a ganhar esses equipamentos, desde o fim de 2017. Ele é do tipo que liga o vídeo game, ao mesmo tempo o celular para ver o um vídeo no YouTube em que ensinam o jogo e o computador para ouvir música”, relata a jornalista, que também é míope e diz que o houve uma desde que começou a intensificar o uso do computador no trabalho.

Falsa miopia, um problema que avança no mundo
De acordo com a Organização Mundial da Saúde (OMS), em 2050, cerca de 52% da população serão portadores de miopia. “Nossos olhos têm uma musculatura responsável pela acomodação visual e, quando queremos enxergar algo de perto (como em uma tela de celular), esses músculos se esforçam para “encontrar o foco”. Acontece, que alguns pacientes, principalmente após o uso da visão de perto por longos períodos, não conseguem relaxar o músculo completamente e a imagem passa a se formar antes da retina de maneira contínua, resultando em uma visão embaçada para longe, mesmo sem existir um grau real, essa é a chamada pseudomiopia” alerta a oftalmologista Cristina Coimbra, chefe do setor de transplante do hospital Bettina Ferro, da UFPA.

Ela comenta que o uso excessivo de celular, computador e tablets está fazendo com que a falsa miopia seja um problema cada vez mais comum. O principal sintoma consiste na baixa de visão para longe, além da chamada astenopia, que é o desconforto visual, sensação de peso e tensão ocular. “Uma vez diagnosticado o quadro, é necessário a correção do grau dos óculos caso o paciente esteja utilizando o grau inadequado (o que é muito comum), além de prestar orientação sobre o motivo da doença estar acontecendo. É importante o paciente diminuir seu tempo tela de maneira substancial, ou pelo menos realizar pausas periódicas, além de tomar medidas preventivas para evitar fadiga ocular devido diminuição no piscar (situação muito comum nos usuários de computador e celular) com o uso de colírios lubrificantes, caso haja queixa de sensação de olho seco e praticar uma melhor ergonomia no uso das telas: postura de leitura e melhora da iluminação”, explica a médica.

Ela ainda diz que o problema pode se apresentar de forma ainda mais intensa em pessoas que têm hipermetropia e que só apenas um profissional habilitado (médico oftalmologista) é capaz de identificar o quadro, já que é necessário um exame oftalmológico detalhado, e muitas das vezes mais de uma consulta para se diagnosticar a doença.

A doença pode ser prevenida com pausas intermitentes, quando há necessidade do uso da visão de perto com alta frequência, ou seja, a cada 40-60 minutos, pelo menos. Além do uso correto de suas lentes corretivas, quando necessário. Ainda há casos em que o quadro pode ser revertido. Mas, para isso, é necessária muita dedicação por parte do paciente, já que é impossível realizar o tratamento sem alterar seus hábitos/necessidade de uso das telas, e muitas das vezes é difícil esse paciente conseguir organizar seu dia a dia. “A não aderência ao tratamento pode fazer com que a pessoa entre em um ciclo vicioso e seja cada vez mais difícil de reestabelecer sua saúde ocular”, alerta a médica.

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