Yahoo avalia compra do Chrome diante de possível venda compulsória

A decisão judicial final sobre o caso entre o DOJ e o Google está prevista para setembro de 2025

Thaline Silva

O Yahoo, concorrente direto do Google no setor de buscas online, sinalizou interesse em adquirir o navegador Chrome. A possibilidade de venda do aplicativo surgiu no contexto de uma disputa judicial entre o Departamento de Justiça dos Estados Unidos (DOJ) e o Google, acusando a gigante de Mountain View de práticas monopolistas. A intenção do Yahoo foi revelada durante o depoimento de Brian Provost, gerente geral do Yahoo Search.

Contexto da disputa judicial

O tribunal analisa quais medidas poderiam ser adotadas para restaurar a competitividade no setor de buscas online, onde o Google é amplamente dominante. Uma das propostas em discussão é justamente a venda forçada do navegador Chrome, utilizado por bilhões de pessoas no mundo todo. A medida visa reduzir o domínio do Google sobre o ecossistema de busca, publicidade e coleta de dados.

A OpenAI, empresa responsável pelo ChatGPT, já havia manifestado interesse em adquirir o Chrome. Agora, é o Yahoo quem se junta à lista de potenciais compradores, enxergando uma oportunidade estratégica para ampliar sua relevância no mercado.

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O peso estratégico do Chrome

Durante o depoimento, Brian Provost destacou a importância do navegador como peça central no comportamento do usuário. Segundo ele, aproximadamente 60% das buscas ocorrem diretamente em navegadores, muitas vezes pela barra de endereços — conhecida no Chrome como “Omnibox”. Isso torna o navegador um canal fundamental para o tráfego de busca, algo que o Yahoo vem tentando conquistar.

Apesar de estar desenvolvendo seu próprio navegador, o Yahoo considera que a aquisição de uma solução pronta como o Chrome seria uma forma mais rápida e eficaz de alcançar seus objetivos. De acordo com Provost, criar um navegador do zero até a fase de prototipagem poderia levar entre seis e nove meses. Já a compra de um navegador consolidado pouparia anos de trabalho com design, desenvolvimento e testes — sem mencionar o desafio de conquistar usuários.

Quanto valeria o Chrome?

Para o Yahoo, o Chrome representa “o player estratégico mais importante da web”. Provost acredita que a aquisição do navegador poderia aumentar significativamente a participação de mercado da empresa, atualmente em torno de 3%. Com o Chrome, esse número poderia chegar a dois dígitos, algo que mudaria o jogo para o Yahoo no cenário digital.

O grande obstáculo, no entanto, é o custo. Comprar o Chrome exigiria um investimento de bilhões de dólares — um valor fora do alcance do Yahoo isoladamente. No entanto, a Apollo Global Management, empresa controladora do Yahoo, teria capacidade financeira para viabilizar a transação.

Apesar disso, há um histórico que pesa. A Apollo foi, no passado, ligada ao Netscape, navegador que fez história nos anos 1990, mas foi superado pelo Internet Explorer após uma série de estratégias da Microsoft, incluindo sua integração nativa ao Windows. Essa manobra levou a um processo antitruste semelhante ao que o Google enfrenta atualmente.

Desfecho pode levar anos

Ainda que a venda do Chrome seja considerada uma solução possível para quebrar o monopólio do Google, qualquer decisão definitiva deve demorar. Casos judiciais dessa natureza costumam se arrastar por meses ou anos, com possíveis recursos judiciais que prolongam ainda mais os desdobramentos.

Enquanto isso, o Google tenta se manter à frente das críticas e investigações. Recentemente, a empresa voltou atrás na ideia de eliminar cookies de terceiros no Chrome, uma decisão que vinha sendo alvo de fortes críticas por afetar negativamente a concorrência no setor de publicidade digital. A gigante busca alternativas que equilibrem privacidade e competitividade, mas sem perder sua posição dominante.

A decisão judicial final sobre o caso entre o DOJ e o Google está prevista para setembro de 2025. No entanto, mesmo com uma possível condenação, o Google poderá recorrer, o que adiaria ainda mais qualquer medida prática — incluindo uma eventual venda do Chrome.

Thaline Silva, estagiária de jornalismo, sob supervisão de Tainá Cavalcante, editora web de OLiberal.com

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