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'Internet é o novo asfalto', diz analista de sistemas sobre necessidade de conectividade no Pará

Com 77,63% dos domicílios conectados, o Pará ocupa a terceira posição entre os estados brasileiros com menor acesso à internet

Gabi Gutierrez

O Pará ocupa a terceira posição entre os estados com menor índice de conectividade de internet no Brasil, conforme os dados do Censo Demográfico 2022: Características dos Domicílios, divulgados pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Apenas 77,63% dos domicílios paraenses possuem acesso à internet, o que equivale a 1.897.361 lares. O estado fica à frente apenas do Acre (74,79%) e do Maranhão (77,09%). Profissional da área de tecnologia e sistemas comenta sobre os desafios e soluções para a conectividade.


Enquanto no Brasil nove a cada dez brasileiros (89,4%) vivem em lares com acesso à internet, a média no Pará é bem inferior. Entre os 33 municípios brasileiros onde menos da metade da população tem acesso à internet, 32 estão no Norte.

"A conectividade é o novo asfalto. Quando falamos de levar internet para áreas remotas, estamos falando de garantir que essas comunidades tenham acesso ao básico, como educação, saúde e oportunidades de trabalho", afirmou Demethrius. Ele destacou que a infraestrutura de internet deve ser tratada como prioridade no planejamento de políticas públicas, sobretudo em estados como o Pará, onde a geografia é um desafio adicional.

Cidades mais conectadas

Apesar do índice preocupante no geral, algumas cidades paraenses apresentam níveis de conectividade mais elevados, próximos da média nacional. Canaã dos Carajás lidera o ranking no estado, com 93,16% dos lares conectados, seguida por Parauapebas (91,49%), Redenção (89,94%) e Xinguara (88,76%). Na Região Metropolitana de Belém, Ananindeua (88,54%) e a capital Belém (87,4%) também se destacam positivamente.

Para Demethrius, os números refletem a influência econômica da mineração e de grandes projetos industriais em cidades como Canaã dos Carajás e Parauapebas. "Onde há investimento em infraestrutura e geração de renda, a conectividade acompanha. Isso prova que não é impossível, mas exige vontade política e planejamento estratégico", observou.

Impacto na educação e economia

A falta de conectividade impacta diretamente setores essenciais como educação e economia. Durante a pandemia de Covid-19, o ensino remoto evidenciou a exclusão digital em comunidades sem acesso à internet, agravando a desigualdade educacional. "Imagina uma criança que não consegue assistir a uma aula porque na casa dela não tem conexão. Isso gera um ciclo de exclusão que pode durar gerações", ressaltou Demethrius.

Além disso, a ausência de internet limita o desenvolvimento econômico. Pequenos empreendedores e produtores rurais, especialmente em regiões isoladas, enfrentam dificuldades para acessar mercados e ampliar seus negócios. "A conectividade permite que até o pequeno produtor tenha acesso ao mercado global. Sem ela, estamos condenando essas pessoas a uma economia de subsistência", complementou.

Desafios logísticos

A geografia do Pará, marcada por rios extensos e áreas de difícil acesso, é um dos principais obstáculos para a expansão da infraestrutura de internet. No entanto, Demethrius acredita que soluções tecnológicas podem superar essas barreiras. "Hoje já existem tecnologias de conectividade via satélite e outras alternativas que podem atender áreas remotas. O problema é que isso ainda não está no radar das políticas públicas de forma eficiente", apontou.

Ele destacou ainda que o custo da implantação de infraestrutura tradicional, como cabos de fibra óptica, é elevado, mas pode ser diluído com parcerias público-privadas e incentivos fiscais. "Não podemos mais tratar internet como um luxo. É um direito básico que precisa ser garantido para todos", afirmou.

O caminho para o futuro

Para reverter o cenário atual, o Pará precisa investir em estratégias que considerem suas peculiaridades regionais e promovam a inclusão digital. Isso inclui desde a ampliação da infraestrutura até programas de capacitação para que a população saiba utilizar a internet de forma produtiva.

"O Pará tem um potencial gigantesco. Temos riquezas naturais, culturais e econômicas que podem ser alavancadas com a conectividade. Mas, para isso, precisamos tratar a internet como prioridade, não como algo secundário", concluiu Demethrius. O desafio, segundo ele, não é apenas técnico, mas político e social.

 

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