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IA no ambiente de trabalho traz riscos e vantagens para empresas, afirmam especialistas

ChatGPT, uma das IAs mais famosas, é uma das mais utilizadas pelas pessoas e já se envolveu em escândalo de vazamento de dados

Gabriel Bentes | Especial para O Liberal
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Nos últimos anos, com o avanço e popularização das tecnologias, muito tem se falado sobre inteligência artificial (IA), como o famoso ChatGPT, chatbot lançado em 2022 pela OpenAI que auxilia no cotidiano dando dicas, reformulando textos, traduzindo materiais, analisando e organizando dados, tirando dúvidas, entre outras multifuncionalidades. Assim, inevitavelmente, a IA tem se tornado cada vez mais presente na rotina das pessoas que buscam agilidade para suas necessidades, como no ambiente de trabalho, ajudando na organização e produtividade na empresa. Mas algumas empresas não adotam a ferramenta no Pará, o que não tem impedido trabalhadores, por conta própria, utilizar a ferramenta em busca de aumento de produtividade.

Assim, inevitavelmente, a IA tem se tornado cada vez mais presente na rotina das pessoas que buscam agilidade para suas necessidades, como no ambiente de trabalho, ajudando na organização e produtividade na empresa 

Órgãos públicos do Pará aderem à IA

No Pará, a utilização de Inteligência Artificial no trabalho já é vista, por exemplo, nos órgãos públicos. Em setembro de 2024, a Junta Comercial do Estado do Pará (Jucepa), autarquia que atua no registro de empresas mercantis e na disponibilização de informações empresariais, divulgou que estava avançando o processo de modernização do órgão com a implantação da IA para a análise de contratos. “O objetivo do sistema é simplificar os processos na Junta Comercial, utilizando a tecnologia para verificar possíveis erros, comparar informações e fazer verificações minuciosas, ampliando a eficiência dos resultados e diminuindo o tempo médio das análises”, escreveu a Jucepa em seu próprio site.

Outro órgão que flexibilizou a utilização da IA nas atividades foi a Prefeitura de Belém. Por meio da Procuradoria Geral do Município de Belém (PGM) e Companhia de Tecnologia da Informação de Belém (Cinbesa), a administração municipal apresentou, também em setembro do ano passado, a plataforma de inteligência artificial baseada no modelo Google Gemini - assistente virtual de inteligência artificial (IA) criado pela Google que pode ajudar com tarefas. Desenvolvida pela startup Interceleri, a plataforma é uma ferramenta generativa integrada a um serviço de colaboração e produtividade em nuvem, permitindo acesso e atualização remotos pelos servidores. Com seu uso, a PGM busca atingir diversos objetivos, como: integrar diferentes informações essenciais ao órgão municipal; criar bancos de dados e o desenvolver protocolos para otimizar a análise de processos administrativos e judiciais.

Riscos da Shadow AI e dicas de segurança

Como visto, atualmente existe uma diversidade de ferramentas de Inteligência Artificial (IA) para as mais diversas funções. Em alguns casos, no entanto, a utilização da IA no ambiente corporativo não é permitida pela empresa por questões de políticas de segurança. 

Porém, embora não autorizadas, muitos trabalhadores utilizam essas ferramentas de IA, praticando o chamado Shadow AI. Uma pesquisa feita pela Software AG, empresa multinacional alemã de software, publicada em outubro do ano passado, mostrou que metade dos trabalhadores entrevistados usam IA no trabalho, e que 46% não vão deixar de usar esse tipo de ferramenta digital mesmo com a proibição imposta pela empresa, ou seja, praticando o Shadow AI. 

A pesquisa mostra, então, que existe uma demanda da IA por parte dos trabalhadores. O Presidente Executivo da Associação Brasileira de Recursos Humanos - Seccional Pará (ABRH-PA), Junior Lopes, comenta que um dos motivos para algumas empresas relutarem quanto à legalidade do uso da IA diz respeito à proteção de informações. “Muitas empresas enfrentam preocupações com a segurança de dados e a conformidade com a LGDP (Lei Geral de Proteção de Dados Pessoais). A implementação de IA exige uma gestão rigorosa das informações coletadas. Com isso, a IA pode realmente melhorar a qualidade do serviço", afirma o especialist6a.

Lopes observa ainda que "para utilizar a IA de forma eficiente e em conformidade com a LGDP, as empresas devem ter políticas claras e processos robustos para o tratamento de dados". Ele destaca ainda que o uso da IA no trabalho, a partir da LGPD, não deve mecanizar o serviço prestado por humanos, esse que é extremamente importante com clientes.

IA no trabalho: amiga ou inimiga?

Há empresas, no entanto, que esbarram em conflitos entre a inovação promovida pelas ferramentas de IA e o controle organizacional, uma vez que, em alguns casos, as firmas não conseguem identificar sobre quais ferramentas estão sendo utilizadas pelos trabalhadores e quais dados estão sendo processados nessas plataformas, dificultando, assim, a identificação da origem de incidentes de segurança.

Em entrevista à Redação Integrada de O Liberal, Álvaro Câmara, especialista em Ciência da Computação, conta que a que prática de Shadow AI é um avanço da Shadow IT, a qual se é utilizado hardware ou software de TI sem a aprovação do departamento de TI da empresa, com a mais atual trazendo maiores chances de malignidade.

“O Shadow AI pode até ser ainda mais grave [que o Shadow IT]. Porque eu estou fornecendo [dados] a determinadas empresas, que a gente não sabe o que estão fazendo com as informações, ou se estão garantindo LGPD (Lei Geral de Proteção de Dados), ou se estão garantindo a segurança daquela informação que a gente está provendo. Ou seja, os utilizadores estão jogando informações sensíveis para essas ferramentas com a perspectiva de melhorar a sua produtividade, mas sem levar em consideração a parte da segurança, do risco envolvido nessa operação”, diz Álvaro.

Também em entrevista à redação, o especialista em segurança da informação Eudes Mendonça contribui dizendo que certas tecnologias, como o ChatGPT, podem acabar colocando dados sensíveis de uma empresa à exposição. A plataforma norte-americana, inclusive, se envolveu em um escândalo de vazamento de dados dos usuários em 2023, atingindo cerca 101,1 mil contas, sendo 6,5 mil brasileiras, segundo o Group-IB. Para uma maior segurança, o também professor indica o uso do DeepSeek, plataforma de IA chinesa que vem se mostrando a maior concorrente do ChatGPT, dos Estados Unidos.

“A empresa pode ter uma base de dados local, como o DeepSeek hoje permite que a gente faça, e ele acaba tendo um servidor de IA local”, afirma Eudes. Para melhor entendimento do uso da plataforma, o professor indica que, uma vez aplicada, os trabalhadores recebam treinamento da equipe de Tecnologia da Informação (T.I.). Como uma ferramenta de fonte aberta, o DeepSeek pode ser instalado em computadores e servidores e funcionar sem depender da internet, ou seja, sem enviar os dados depositados para a China. Os dados inseridos no ChatGPT, por outro lado, são enviados para servidores externos, o que pode significar risco de segurança.

Uso da IA para lembrar “receita” no trabalho

Um jovem de 20 anos que trabalha no setor de Tecnologia da Informação em uma empresa de produção e venda de asfaltos em Belém, que preferiu não se identificar, diz que a firma não possui políticas internas que garantam o uso ético e seguro da IA, mas que, mesmo assim, utiliza ferramentas digitais desse segmento para buscar ajuda nas demandas.

“A IA me ajuda principalmente no meio corporativo. Ela me auxilia em situações muito específicas, como módulos de planilha e em pequenas dúvidas do dia a dia. O trabalho é muito técnico, então a IA ajuda bastante nesse sentido”, diz o jovem.

Um dos exemplos que ele deu foi quando recorreu à IA para lembrar o passo a passo de como configurar botões de filtro em uma planilha do Excel com informações da empresa. Já configurado, o sistema agora seleciona apenas as informações que estão dentro de cada filtro, facilitando a leitura de grandes documentos. Ele afirma ainda que, embora tenha sido um manual, a IA não troca o serviço feito por um humano. “A ideia de IA não é substituir o trabalho humano, mas sim de auxiliar, como foi o meu caso. Então, ela só tem a somar, até porque o ser humano ainda se supera nesse quesito”, finaliza o jovem.

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