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Embraer já tem mais de 2,8 mil encomendas de 'carros voadores'

Aeronaves já são vendidas nos EUA e devem receber certificação brasileira em 2026

Emilly Melo

Os carros voadores, como são conhecidos os e-VTOLs (sigla em inglês para "veículo elétrico de pouso de decolagem vertical"), ganham cada vez mais o mercado. Na última quinta-feira (18), uma empresa aeroespacial alemã anunciou a abertura das vendas da aeronave nos Estados Unidos. Segundo a Embraer, a carteira de encomendas dos e-VTOLs já chega a 2,8 mil, conforme aponta o Índice de Realidade de Mobilidade Aérea Avançada (AAM Reality Index), da SMG Consulting, o que representa mais de US$ 8 bilhões em vendas. Os interessados são clientes operadores de helicópteros, companhias aéreas, empresas de leasing e plataformas de voos compartilhados.

O veículo oferece aos clientes uma viagem rápida, econômica e sem emissão de carbono, apesar de serem chamados de carros, a tecnologia se assemelha mais a um helicóptero, com o diferencial de permitir o deslocamentos em ambientes urbanos assim como os automóveis. O e-VTOL é 100% elétrico e possui um alcance de mais de 100 quilômetros por hora.

"Trata-se de um veículo totalmente silencioso, adequado às cidades", diz Camilo Adas, presidente da SAE Brasil em entrevista ao UOL. "Os motores, um para cada hélice, são o que mais diferencia o e-VTOL de outras aeronaves, como os helicópteros."

Ainda segundo o gestor, é um “veículo para rodar na cidade, ou no máximo em um deslocamento intermunicipal curto, como de São Paulo a São Bernardo do Campo (na região metropolitana da capital paulista)", explica Adas.

No Brasil, a tecnologia já está sendo desenvolvida pela Eve Air Mobility, controlada pela Embraer, que declarou que os carros serão fabricados em Taubaté, no interior de São Paulo. A expectativa é que a ferramenta seja certificada em 2026, porém, deve ser realizado um voo de teste em escala real ainda até 2024. As áreas de viagens e redes de rotas de mobilidade urbana aéreas ainda serão definidas.

A expectativa da Eve, subsidiária da Embraer, é que o carro voador alcance 12,7 milhões de passageiros por ano em 2035 nas cidades de São Paulo e do Rio de Janeiro, segundo as análises da empresa.

O que diferencia um carro voador?

Uma das apostas do projeto é que no avançar dos testes e atualizações, o veículo permita uma condução autônoma, o que facilitará o uso por pessoas que não possuem habilitação específica para aeronaves. Esse detalhe tornará o meio de transporte mais adequado à mobilidade individual privada que um helicóptero, por exemplo, que precisa de piloto, e aproxima a invenção a ser chamada de carro voador. Entretanto, há o envolvimento de diversas montadoras de automóveis em projetos.

Um artigo publicado pelo Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea) indica que as principais diferenças entre os e-VTOLs e a maioria dos helicópteros modernos estão nas asas e na quantidade de rotores. De acordo com o estudo, a maior parte dos helicópteros modernos possui um rotor maior, localizado acima da cabine, e um menor, na cauda, já o e-VOLT será projetado para ter vários rotores atuando em conjunto.

Além de serem elétricos, os e-VTOLs também podem ter fontes de energia híbridas, como baterias, células fotovoltaicas e células a combustível. O principal combustível usado em aeronaves é o querosene de aviação, que é derivado do petróleo e contribui para a emissão de gases de efeito estufa.

“Essas aeronaves podem voar entre 240 e 320 quilômetros por hora (km/h) em uma altitude que pode variar de 330 a 600 metros. No futuro, devem contar com locais específicos de pouso e decolagem, chamados skyports. Em um primeiro momento, no entanto, deverão utilizar a infraestrutura de helipontos das próprias cidades em que estiverem operando”, detalha o relatório.

A Embraer informou que a construção dos veículos em escala real está prevista para começar já neste segundo semestre de 2023. O projeto inicial indica que o e-VTOL pode transportar quatro passageiros, funcionando como um táxi voador, por meio de deslocamentos no perímetro urbano ou pequenas viagens entre cidades próximas.

Quanto vai custar um voo?

O novo carro voador da Embraer terá investimentos do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), com o valor de R$ 490 milhões. Do montante, R$ 80 milhões serão provenientes do Programa BNDES Fundo Clima (subprograma de Mobilidade urbana) e R$ 410 milhões virão da linha Finem, voltada ao incentivo à inovação tecnológica.

Os voos de pouso e decolagem verticais deverão custar, inicialmente, entre US$ 50 e US$ 100 por passageiro, disse o presidente-executivo do braço de inovação da fabricante brasileira de aeronaves, Daniel Moczydlower.

Moczydlower também declarou que os primeiros voo devem acontecer em grandes cidades e metrópoles, onde a demanda por um serviço desse tipo tende a ser maior. Na sequência, a expectativa é que a tecnologia seja desenvolvida para que não precise de pilotos, sendo totalmente autônomos, o que vai aumentar a capacidade para até seis pessoas.

Na China, o governo avançou na regulamentação do transporte de passageiros por táxi-drones. A Administração de Aviação Civil do país concedeu, no dia 13 de outubro, uma certificação para o início dos testes com passageiros no veículo EH216-S. As autoridades chinesas concluíram que a aeronave "cumpre totalmente os padrões de segurança e os requisitos de aeronavegabilidade".

O veículo chinês pode ser controlado de maneira remota e funciona com baterias. Ele é capaz de transportar apenas duas pessoas durante 25 minutos, em uma velocidade de 100 km/h. O valor das viagens ainda não foi revelado.

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