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De diagnósticos a tratamentos: inteligência artificial executa tarefas complexas e inova na saúde

A redução de custos e o aumento da expectativa de vida dos pacientes são alguns dos maiores benefícios de usar a tecnologia no setor

Elisa Vaz

O uso cada vez mais abrangente da inteligência artificial (IA) tem criado avanços significativos na área da saúde. Por meio da tecnologia, sistemas de computador executam tarefas complexas sem intervenção humana direta e podem diagnosticar, tratar e monitorar os pacientes. Tudo isso é feito por meio do chamado “machine learning” ou, em português, aprendizado de máquina, que possibilita a análise de dados médicos para fornecer soluções, acelerando a tomada de decisões.

Doutor em ciência da computação, Adailton Lima explica que usar a inteligência artificial é, basicamente, criar algoritmos e soluções que aproveitam ao máximo o conhecimento humano e da natureza. Na saúde, ele diz que isso tudo já é utilizado há bastante tempo, a exemplo da geração e leitura de imagens, como o Raio-X, a partir do qual é possível ter uma pré-avaliação ou diagnóstico.

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O representante da categoria diz que espera que a inteligência artificial desempenhe um papel importante na redefinição da maneira como são feitos os diagnósticos, tratamentos e até prevenção de doenças. “Com a IA, os profissionais podem tomar decisões mais assertivas, baseados em informações mais precisas, reduzindo custos e tempo de internação e dedicando a economia de tempo com o cuidar”.

Breno Monteiro cita, por exemplo, que a tecnologia pode auxiliar o médico radiologista a detectar, avaliar e quantificar achados de imagem, priorizando o exame que acabou de ser realizado para verificar alguma lesão ou doença, levando para uma “fast track” e acelerando o diagnóstico, facilitando e tornando mais eficiente a atuação do profissional. A máquina, segundo ele, exerce o papel de detectar e quantificar os achados. Já o médico radiologista interpreta os dados, avalia os principais diagnósticos e efetua a comunicação dos achados para médicos e pacientes.

Antes mesmo do diagnóstico, a IA auxilia na prevenção, detectando fatores de risco. O presidente da CNSaúde e do Sindesspa lembra de um robô chamado Laura, uma inteligência artificial batizada em homenagem a uma criança vítima de infecção generalizada (sepse), quadro que provoca a morte de mais de 230 mil brasileiros por ano. O robô Laura é um gerenciador de riscos de infecção e, segundo Breno, já monitorou dezenas de milhões de pacientes no Brasil e já ajudou no tratamento de milhares deles, apenas coletando dados de pacientes em hospitais e analisando, comparando resultados e indicando os riscos de uma pessoa estar com sepse.

Benefícios

Além de ter acesso a um diagnóstico precoce, possíveis tratamentos mais rápidos e até a prevenção de doenças, outra vantagem é a redução de custos. Adailton Lima lembra que doenças mais severas, como câncer, geram muitos custos às operadoras de saúde. “É economicamente mais relevante para as operadoras de saúde no Brasil, que ao invés de deixar que os pacientes tenham aquela vida, de obesidade, de doenças, e lá na frente tenham muitos sinistros e consultas, até internações e cirurgias, gerando custo para aquela operadora, você vai prevenir isso. Por exemplo, uma pessoa com idade X relata que teve uma consulta com tal especialidade e o exame deu alteração, então classificamos esse algoritmo e geramos motivações, como enviar um voucher de academia, é mais vantajoso, porque isso gera menos sinistros e menos custos para a operadora”, avalia.

Outra vantagem é o aumento da expectativa de vida da população, que, diagnosticada mais cedo com doenças, pode ser tratada de forma precoce e até prevenir quadros graves. “Antes, com 50, 40 anos, uma pessoa já era considerada idosa, hoje em dia isso é um absurdo. E esse aumento só vai ser possível nas próximas décadas com o uso dessas tecnologias, principalmente na questão do câncer e outras doenças que estão muito ligadas com esse aumento. Então, com essa prevenção, uma detecção mais rápida, conseguimos dar uma sobrevida”.

Cuidados

É preciso, no entanto, ter certa cautela ao utilizar a IA para a área da saúde. O uso, segundo o especialista em ciência da computação Adailton Lima, deve ter uma série de critérios, para que o ser humano não use uma solução que vai causar problemas. Além disso, Adailton acha que os profissionais da saúde são indispensáveis para garantir segurança e credibilidade a todo o processo, supervisionando o que for gerado de dados.

Para Breno Monteiro, representante da categoria de saúde, o cuidado no uso da IA é importante em todas as áreas. Portanto, “devemos imediatamente trabalhar na regulamentação de sua aplicação no Brasil. É necessário que essas tecnologias estejam programadas para seguir padrões éticos e de respeito aos seres humanos, evitando preconceitos e discriminações e promovendo a segurança contra vazamentos e fraudes”, argumenta o presidente da CNSaúde.

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