Vacina brasileira contra o vício de cocaína e crack ganha prêmio internacional
Pesquisadores da UFMG desenvolveram um imunizante que induz o sistema imunológico a produzir anticorpos que neutralizam a droga
Pesquisadores da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) foram premiados pelo desenvolvimento de uma vacina contra o vício de cocaína e crack. A Calixcoca, como é chamada a vacina, foi a mais votada por médicos de 17 países e superou outras 11 iniciativas inovadoras na área de saúde produzidas na América Latina.
A segunda edição do Prêmio Euro Inovação em Saúde foi realizada na noite da última quarta-feira (18), pela farmacêutica multinacional Eurofarma. A equipe de pesquisadores da UFMG recebeu um prêmio de 500 mil euros (cerca de R$ 2,6 milhões).
A vacina é projetada para estimular o sistema imunológico a produzir anticorpos que neutralizam a cocaína no sangue, impedindo a droga de atingir o cérebro.
"Sabemos como é difícil ter uma pessoa dependente em casa, como é sofrido para um acometido pela dependência ter que lidar com a ambivalência de usar ou não droga e como é ainda mais difícil para uma gestante dependente proteger seu feto e lidar com a dor da abstinência. Temos a missão de cuidar dessas questões", disse o professor Frederico Garcia, do Departamento de Psiquiatria da Faculdade de Medicina da UFMG.
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Como funciona a Calixcoca
A vacina Calixcoca é composta por uma proteína da cocaína que é apresentada ao sistema imunológico. Os anticorpos produzidos pelo corpo neutralizam a cocaína no sangue, impedindo que ela alcance o cérebro.
Isso é possível porque a proteína da cocaína é ligada a um adjuvante, que é uma substância que ajuda a estimular o sistema imunológico. A vacina foi testada em animais e mostrou-se eficaz em reduzir o consumo de cocaína. Estudos clínicos em humanos estão em andamento.
Apesar de inovadora, o professor Frederico Garcia também ressaltou que a vacina não é uma solução universal. Ela precisa ser avaliada de forma precisa em cada situação específica. Até o momento, a Calixcoca é financiada pelos governos federal e de Minas Gerais e com verbas de emendas parlamentares. Sua continuidade depende de novos aportes de recursos.
*(Hannah Franco, estagiária de jornalismo, sob supervisão de Tainá Cavalcante, editora web de OLiberal.com)