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Uso inadequado da substância PMMA em procedimentos estéticos pode causar morte, alerta especialista

No início de julho, uma influenciadora do Distrito Federal morreu após realizar procedimento à base de PMMA

O Liberal

O polimetilmetacrilato ou PMMA é um componente plástico com diversas utilizações na área de saúde, autopeças e em outros setores produtivos. Entretanto, a substância não é segura quando usada em grandes quantidades e pode ter resultados imprevisíveis a longo prazo, como reações incuráveis, inflamações, nódulos, necrose e até a morte. No início do mês de julho, a influenciadora Aline Maria Ferreira da Silva, de 33 anos, morreu no Distrito Federal após fazer um procedimento estético para aumentar os glúteos, com a aplicação de PMMA. O caso dessa morte segue com grande repercussão até hoje.

A dermatologista e membro da Sociedade Brasileira de Dermatologia Caroline Palheta, explica que o PMMA tem vários tipos de aplicações. “Alguns exemplos de produtos que têm sua aplicação são as lentes de contato, implantes de esôfago, cimento ortopédico, entre outros. A substância apresenta propriedades de alta transparência e estabilidade ao UV (radiação ultravioleta), o que garante durabilidade e resistência a diversas intempéries”, afirma.

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O material é permanente, ou seja, não é absorvido pelo corpo. Após aplicado, sua remoção é praticamente impossível, porque o produto se espalha.

“Imagine se você coloca essa substância solta num tecido como a região glútea. Você levanta, senta, anda, se mexe, e o organismo reage àquilo como um corpo estranho, provocando uma reação inflamatória”, disse.

Apesar de ser liberado pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), o uso do material não é recomendado pela Sociedade Brasileira de Cirurgia Plástica e a Sociedade Brasileira de Dermatologia, "em virtude do elevado risco de complicações graves, irreversíveis, e até óbito dos pacientes", comenta.

Devido a essa natureza permanente, o PMMA não permite ajustes ou reversão completa do procedimento, o que pode ser uma preocupação significativa para os pacientes. Caso a pessoa não goste do resultado do procedimento estético, pode não ser possível desfazê-lo.

A dermatologista ressalta que a remoção do PMMA por meio de cirurgia só é cogitada em situações extremas, pois há riscos importantes associados ao procedimento.

“Em outras circunstâncias, injeções de enzimas específicas podem ser usadas para auxiliar na quebra do PMMA, especialmente em complicações localizadas, como granulomas. Terapias a laser também podem ser empregadas em situações onde o material está superficialmente na pele, ajudando na sua remoção. No entanto, é importante ressaltar que a retirada do polimetilmetacrilato pode ser complexa e nem sempre é totalmente eficaz”, reforça Caroline.

Os perigos do PMMA

A Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) classifica o PMMA como um produto de uso em saúde classe IV, isto é, de máximo risco. Isso se dá porque o uso do material é associado a um maior risco de complicações do que outros preenchedores faciais.

“Após a aplicação de PMMA, a pessoa pode enfrentar diversas consequências negativas, como inflamação, inchaço e vermelhidão no local do procedimento. Complicações mais sérias também podem surgir, como a formação de granulomas, nódulos inflamatórios e até mesmo infecções”, exemplifica a dermatologista.

“Avanços recentes na tecnologia de preenchimento facial trouxeram opções mais seguras e eficazes, como o ácido hialurônico e polímeros biodegradáveis. Estes materiais oferecem resultados mais naturais, menor risco de complicações e a vantagem de serem reversíveis, se necessário”, defende a dermatologista.

Procedimentos estéticos com PMMA não são indicados para gestantes, lactantes, pessoas com histórico de reações alérgicas a componentes do material, quem tem infecções cutâneas ativas, doenças autoimunes ou enfermidades inflamatórias crônicas. Menores de idade também não devem realizá-los.

Saúde