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Pneumonia bilateral: entenda o diagnóstico do Papa e por que a doença é mais grave em idosos

A perda de imunidade do corpo ao longo do tempo é uma das principais razões para essa questão, explica especialista

Eva Pires | Especial para O Liberal
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A saúde do Papa Francisco, de 88 anos, tem gerado preocupação global após o diagnóstico de pneumonia bilateral, uma infecção que afeta ambos os pulmões. Embora o religioso conviva com problemas pulmonares desde os 20 anos, especialistas destacam que a idade avançada é um fator de risco significativo para o agravamento de doenças respiratórias.

A médica pneumologista Lúcia Sales, de Belém, explica que a pneumonia é uma doença que afeta a parte distal dos pulmões, especificamente os alvéolos. Ela pode ser localizada em um único pulmão ou afetar ambos, mas trata-se da mesma condição.

De acordo com a especialista, a pneumonia é mais grave nos extremos da vida, como em recém-nascidos e idosos, devido à fragilidade do sistema imunológico. Para os mais velhos, isso acontece porque a imunidade enfraquece com o tempo, tornando o organismo mais vulnerável a infecções respiratórias, principalmente causadas por bactérias e vírus.

O Papa Francisco começou a enfrentar complicações respiratórias com a chamada "pneumonia adquirida na comunidade", uma infecção pulmonar que pode ocorrer após uma gripe ou devido à exposição a alguém já infectado, quando o sistema imunológico não consegue reagir adequadamente. Segundo a pneumologista, "essa é uma pneumonia comum, mas a vulnerabilidade do Papa, devido à idade, tornou essa infecção mais séria", sendo o primeiro motivo de internação do religioso.

No entanto, a situação do Papa se agravou durante o tratamento, quando ele sofreu um episódio de broncoaspiração, um processo mais grave. Ele aspirou alimento enquanto se alimentava, o que causou um acesso de tosse e levou a ingestão do alimento para os pulmões. "Além das bactérias presentes na boca, que todos temos, no caso dele, havia também as bactérias hospitalares, o que aumenta o risco de infecções", explica. "Esse processo foi ainda mais complicado por uma lesão química, já que, ao aspirar o alimento, o Papa trouxe consigo o conteúdo ácido do estômago, que é necessário para digerir os alimentos, para os pulmões".

Essa complicação evoluiu para uma "pneumonia aspirativa", que combina fatores infecciosos e químicos, o que a torna ainda mais grave. Contudo, ela reforça que o Papa foi prontamente atendido, realizando duas broncoscopias, um procedimento endoscópico que ajuda a limpar os pulmões, além de receber outros cuidados hospitalares, como a provável mudança de antibióticos. Apesar da evolução lenta, "ele tem mostrado uma recuperação satisfatória", conclui.

Tratamento

A especialista afirma que o tratamento da pneumonia é, sim, curável, mas depende de diversos fatores, como a intensidade da doença, a idade do paciente, o condicionamento físico e a presença de outras condições de saúde.

Inicialmente, é necessário avaliar se o tratamento pode ser feito em casa, de forma ambulatorial, ou se é necessário internar o paciente. O uso de antibióticos e outros medicamentos vai depender do quadro clínico de cada pessoa. Em alguns casos, a fisioterapia respiratória pode ser indicada, além da recomendação para que o paciente não fique o tempo todo deitado, já que movimentar o corpo ajuda a mobilizar secreções e acelera o processo de cura. Além disso, cuidados adicionais, como acompanhamento nutricional, também são fundamentais no tratamento da pneumonia.

Médicos alertam sobre outros fatores de risco para a doença

A médica Lúcia Sales destaca que são mais vulneráveis à doença: pacientes de doenças crônicas, como diabetes e insulinodependentes, cirrose hepática, insuficiência renal grave, câncer, doença pulmonar obstrutiva crônica, além daqueles que fazem uso de medicação imunossupressora ou que passaram por cirurgia de retirada do baço.

No caso de idosos, outros fatores como a perda de elasticidade e flexibilidade do corpo ao longo do tempo também contribuem, é o que explica o pneumologista da Hapvida, Renato Calil. Isso gera acúmulo de secreção no organismo, o que pode ser outra fonte de infecção respiratória. “A capacidade pulmonar diminui com a idade. Ganhamos capacidade pulmonar até os 20, 25 anos e, depois, passamos o restante da vida toda perdendo”, reforça o especialista.

Quem tem hipertensão e diabetes também precisa redobrar o alerta. “Essas duas condições, além da idade, agravam os quadros respiratórios porque são duas doenças que já impactam o sistema imunológico, que é a defesa do nosso organismo, e também comprometem o sistema cardiovascular”, afirma Renato.

Ou seja: pessoas idosas estão de fato mais suscetíveis a problemas respiratórios e devem redobrar os cuidados, inclusive com estratégias de prevenção, como a vacinação anual contra a gripe. Pessoas com mais de 60 anos, que têm doenças preexistentes importantes, têm a doença pulmonar obstrutiva crônica e a doença do cigarro, devem se vacinar também para evitar a pneumonia. “Evitar fumar, não ter contato com pessoas em ambientes fechados e com problemas respiratórios também são medidas valiosas”, finaliza o médico.

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