Pesquisadores do Ophir Loyola iniciam 2ª fase dos testes para diagnóstico precoce da 'sepse'
Hospital desenvolve tecnologia para ação em tempo hábil contra a sepse, doença que desencadeia infecção generalizada e mata
Em Belém, pesquisadores do Hospital Ophir Loyola (HOL) iniciaram a segunda fase do projeto de desenvolvimento de testes de diagnóstico precoce da sepse (infecção generalizada) para serem usados nos hospitais públicos do Brasil. Em fase experimental, a tecnologia associa a biópsia líquida à biologia molecular com o intuito de promover a detecção dos microrganismos que comumente afetam os pacientes. A meta dos médicos é agir em tempo hábil e, assim, reduzir a mortalidade pela doença em pacientes que ingressam em Unidades de Terapia Intensiva.
O estudo é financiado pelo Ministério da Saúde (MS), Ministério da Ciência, Ministério de Tecnologia e Inovações, Sistema Único de Saúde (SUS), e Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq). “Estamos produzindo ferramentas ainda não utilizadas na área da saúde, uma iniciativa que evidencia o HOL como vanguardista na produção de pesquisas a partir de um ponto de vista tecnológico, científico, inovador e assistencial”, destacou o subcoordenador do Projeto, o professor doutor, Diego Alcântara.
De acordo com o Ministério da Saúde, em todo país, a cada ano, mais de 400 mil brasileiros são diagnosticados com essa disfunção orgânica, responsável por uma taxa de mortalidade de 60% entre os adultos. Considera grave, a complicação ocorre quando o organismo reage de forma intensa a uma infecção bacteriana, fúngica ou viral e causa uma inflamação acentuada que pode acometer diversos órgãos e pode levar o indivíduo a óbito ou deixar sequelas graves, caso não ocorra rapidez no reconhecimento e prestação de tratamento adequado.
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Sintomas da doença
Os sintomas mais comuns são febre, mal-estar, leucocitose, estado mental alterado e taquicardia, mas eles podem variar, de acordo com a gravidade da infecção, assim como a causa e o estado geral da pessoa.
Muitas vezes, afirmam os médicos, os sintomas são inespecíficos e podem ser confundidos com os de outras doenças, levando ao diagnóstico tardio. Por isso, os especialistas observam que suspeitas de infecção devem ser levadas ao conhecimento médico. Pois, ainda que considerada leve, a infecção pode evoluir para sepse, principalmente, pneumonias, infecções intra-abdominais e urinárias.
Em setembro, os cientistas do HOL indicaram os marcadores moleculares a partir da utilização de três moléculas de microRNA - importantes para diagnosticar a sepse ainda no estágio pré-clínico e reduzir a mortalidade por essa condição médica. No dia 18 deste mês de outubro, eles promoveram uma palestra sobre as soluções usadas para o diagnóstico clínico molecular da sepse, com a participação de profissionais e acadêmicos da área de saúde.
Pesquisa avança no Pará
“Apenas a identificação desses marcadores moleculares nos permitiu reduzir a taxa de mortalidade em nosso Estado de 60% para 38%. Mas, em parceria com laboratórios públicos e privados, estamos construindo um ‘Painel da Sepse’, onde não só vamos identificar o paciente que pode vir a desenvolvê-la, mas, após instalada, descobrir qual o microorganismo que induziu a sepse em determinado indivíduo. Isso nos permitirá gerar uma intervenção terapêutica mais assertiva para eliminar aquele patógeno específico”, explicou o sub-coordenador do Projeto, Diego Alcântara.
Segundo o pesquisador, a partir da customização do painel será possível reduzir a taxa de mortalidade para 28%, e obter um índice mais próximo de países desenvolvidos, como os Estados Unidos e países Europeus. “Estimamos um prazo de 4 a 6 anos para desenvolvermos todos os marcadores e o painel. Após a conclusão dos trabalhos e avaliação técnica, a tecnologia será transferida para o SUS para entrar na rotina de outros hospitais do País. Inclusive, já firmamos parceria com a Santa Casa e Gaspar Vianna para alcançar pacientes com outros perfis que não seja o oncológico”, concluiu Alcântara.