Omeprazol: entenda para que serve, como age e os riscos do medicamento a longo prazo
A Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) calcula que 64,9 milhões de unidades de omeprazol, ou similares, foram consumidas no país apenas em 2022
É possível que já se tinha ouvido falar do Omeprazol. Trata-se de um medicamento muito famoso e indicado, via receituário, para tratamentos de gastrites e refluxos. Há mais de 30 anos de mercado, o remédio promete alívio rápido dos sintomas das dores e queimações estomacais. A Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) calcula que 64,9 milhões de unidades de omeprazol, ou similares, foram consumidas no país apenas em 2022. Mas, o que muitos não sabem é que esta droga é indicada em situações de curto tempo, de no máximo 90 dias. Entenda como o Omeprazol age e os riscos do medicamento a longo prazo.
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Antes de iniciar as explicações, é importante entender a funcionalidade do estômago e os possíveis problemas por desequelíbrio no órgão. O estômago é um ambiente ácido e é fundamental para o processo de digestão. Normalmente, o suco gástrico tem um alto teor de acidez, sendo necessário para a quebra dos alimentos em pedaços para serem absorvidos pelo intestino delgado. Mas, por diversos motivos algumas pessoas tem uma acidez acima do limite e fere o sistema digestivo, provocando gastrites e úlceras. Em outros casos, o problema reside em um mau funcionamento da válvula que separa o estômago do esôfago, permitindo que o conteúdo ácido se mova em direção ao peito e à garganta, o que é conhecido como refluxo gastroesofágico.
Como o Omeprazol age no organismo?
De acordo com a bula do Omeprazol, o medicamento liga-se às bombas de prótons, bloqueando a etapa final de liberação do ácido gástrico. Essa inativação consegue reduzir a produção de ácido em até 95%. O grande problema da população é o uso sem indicação do profissional de saúde. A eficácia do produto deve-se ao tempo de uso, bem como a quantidade de medicamento por paciente. A superdosagem ou o prolongamento aumentam os riscos de reações adversas, entre elas o desequilíbrio no sistema digestivo e dificuldade na absorção de vitaminas e minerais.
Quais os riscos do Omeprazol a longo prazo?
Há muitas controversas sobre o uso prolongado de Omeprazol no organismo e a relação do medicamento a doenças mais graves, como osteoporose, câncer e demência. Mas os efeitos colaterais mais frequentes relatados na bula são: dor de cabeça (7%), dor abdominal (5%), diarreia (4%), enjoos (4%), flatulência (3%), vômitos (3%), tontura (2%), reações alérgicas da pele (2%), prisão de ventre (2%), dor lombar (1%), tosse (1%), pneumonia (1%).
Entre os efeitos adversos mais graves (e também mais raros, menos de 0,1% dos pacientes), a fabricante alerta:
Nefrite intersticial.
Insuficiência renal crônica.
Osteoporose.
Diarreia pela bactéria Clostridium difficile.
Gastrite atrófica.
Hipomagnesemia (baixa de magnésio no sangue).
Toxicidade hepática.
Em períodos curtos, de algumas semanas, o uso de omeprazol não parece afetar significativamente o processo de regeneração óssea. O problema principal reside no uso contínuo e não supervisionado desses medicamentos, conforme alertam os especialistas.
Estudos recentes também associaram o uso excessivo dos inibudores mais populares a outras consequências graves. Por exemplo, um estudo publicado em 2022 por instituições canadenses revelou um risco 45% maior de câncer de estômago entre os usuários frequentes de omeprazol em comparação com aqueles que utilizavam medicamentos da classe dos bloqueadores de H2, como cimetidina e nizatidina.
Outras pesquisas, realizadas a partir do final dos anos 1990 e início dos anos 2000, identificaram que esses medicamentos interferem na absorção da vitamina B12, essencial para o funcionamento do cérebro. Isso levantou preocupações de que o uso prolongado desses medicamentos poderia aumentar o risco de demência, especialmente em pessoas mais idosas. Embora essas evidências exijam análise cuidadosa, elas ainda não são conclusivas o suficiente.
Em termos práticos, é importante notar que algumas condições de saúde exigem o uso contínuo de omeprazol. Mas é preciso avaliar o equilíbrio entre riscos e benefícios. Pacientes em tratamento oncológico, por exemplo, podem receber medicamentos que afetam as barreiras do sistema digestivo, tornando os inibidores necessários para proteção. Terapias com anti-inflamatórios também podem demandar o uso prolongado desses medicamentos para proteger o estômago.
Como prevenir gastrites e outros problemas gastricos?
Para lidar com esse desconforto, são recomendadas mudanças no estilo de vida e medidas comportamentais. Alimentação saudável ajuda. Não deitar imediatamente após as refeições é um primeiro passo importante. É essencial aguardar de duas a três horas antes de se deitar, pois a posição horizontal facilita o refluxo do conteúdo ácido do estômago para o esôfago, onde ocorrem as lesões.
Elevar a cabeceira da cama em cerca de 12 a 15 centímetros também pode ser benéfico em alguns casos. Além disso, medidas gerais de qualidade de vida, como manter o peso adequado ou emagrecer, praticar atividade física e cuidar da saúde mental, podem desempenhar um papel fundamental no controle das crises de azia, sem a necessidade de abusar
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