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Covid-19: fator da doença em estado grave é descoberto em pessoas obesas

Pesquisadores da Unicamp observaram que ácidos encontrados em alimentos como óleo de palma, carne bovina, leite e seus derivados causam maiores dano em células de imunidade

Gabriel Bentes

No início da pandemia de COVID-19, um grupo de cientistas brasileiros identificou pioneiramente o motivo de pacientes diabéticos estarem mais propensos a contrair mais graves da infecção pelo SARS-CoV-2. Agora, esses pesquisadores, sediados no Instituto de Biologia da Universidade Estadual de Campinas (IB-Unicamp), descobriram um dos motivos pelos quais pessoas obesas, mesmo sem diabetes ou resistência à insulina, também enfrentam maior risco de desenvolver a forma grave da doença.

A frente da pesquisa, o professor do IB-Unicamp Pedro Moraes-Vieira explica que os novos experimentos revelam que os mecanismos moleculares são distintos nos dois casos.

Descoberta 

Em um artigo publicado em 2020, os pesquisadores da Unicamp mostraram que, em pacientes diabéticos infectados pelo SARS-CoV-2, níveis elevados de glicose no sangue são captados por monócitos, células de defesa, fornecendo energia extra ao vírus para replicação. Isso desencadeia uma resposta inflamatória com liberação excessiva de citocinas, causando danos às células pulmonares.

No entanto, na pesquisa mais recente, ainda não publicada, os cientistas descobriram que em obesos não diabéticos, a hiperinflamação está relacionada ao aumento dos níveis sanguíneos de ácidos graxos saturados, particularmente o ácido palmítico (ou palmitato). Este ácido é encontrado em alimentos como óleo de palma, carne bovina, leite e seus derivados.

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“Por meio de experimentos in vitro, observamos que o palmitato promove uma pré-ativação das células da imunidade inata [a primeira a agir diante de uma infecção]. Elas ficam num estado de alerta, prontas para responder de forma mais intensa se detectarem uma ameaça. Quando infectamos essas células pré-ativadas com o SARS-CoV-2, elas produzem uma quantidade de citocinas inflamatórias muito aumentada”, relata Moraes-Vieira.

A pesquisa, apoiada pela FAPESP, faz parte do Centro de Pesquisa em Obesidade e Comorbidades (OCRC) da Unicamp. Os resultados foram apresentados em 29 de junho durante a FAPESP Week China, em um painel sobre saúde e biomedicina.

(*Gabriel Bentes, estagiário sob supervisão de Enderson Oliveira, editor web de oliberal.com)

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