O que é disforia de gênero? Veja sintomas, diagnóstico e como tratar
Pessoas transgênero frequentemente sofrem disforia de gênero, prejudicando sua autoestima e convívio em sociedade
Antes mesmo de nascer, uma criança já recebe um gênero, masculino ou feminino, baseado em suas características físicas e sexuais. A palavra gênero se refere a comportamentos e características socialmente construídas de meninos, meninas, mulheres, homens.
Com o passar dos anos, essa pessoa pode ou não se identificar com o gênero que lhe foi atribuído, sendo este último caso o de pessoas transgênero, que sentem uma identificação maior com outro gênero.
Em alguns casos, por questões sociais, familiares, religiosas, etc, estas pessoas não conseguem realizar a transição de gênero e, como consequência, acabam tendo episódios de disforias.
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O que é disforia de gênero?
A disforia de gênero é caracterizada por sentimentos de desconforto causados pela disparidade entre o corpo físico e a identidade de gênero com a qual uma pessoa se identifica. Por exemplo, uma mulher trans (designada como homem ao nascer) pode sofrer de disforia de gênero devido à presença de características sexuais masculinas no corpo e ao ser tratada como homem na sociedade.
Da mesma forma, homens trans (designados como mulheres ao nascer) podem enfrentar esse tipo de disforia devido às suas características sexuais femininas e à maneira como a sociedade os trata como mulheres.
Sintomas da disforia de gênero
A disforia de gênero apresenta alguns sintomas bem expressivos e comuns entre quem sente. Confira:
- Vontade de se livrar de suas características sexuais (órgãos genitais, pêlos faciais, entre outras);
- Forte desejo por desenvolver características do outro gênero (seios, barba, órgão genital, etc)
- Desejo de ser tratado como outro gênero, tanto documental quanto socialmente, gerando sentimentos bastante negativos quando tratado pelo gênero que lhe foi atribuído ao nascer;
- Crença de que se sente e reage como outro gênero.
Diagnóstico
A disforia de gênero pode ser diagnosticada quando os sintomas são debilitantes e prejudicam o funcionamento da pessoa. Eles devem ser sentidos por, pelo menos, 6 meses para que, então, o diagnóstico seja feito.
Como tratar a disforia de gênero?
Geralmente, o tratamento para a disforia de gênero é feito a partir da transição de gênero, feita em etapas: a transição social e a transição hormonal.
Transição social
A transição social se refere a:
- Retificação de documentos para refletir o nome do gênero com o qual a pessoa se identifica;
- Informar às pessoas do ciclo social sobre a identidade de gênero;
- Adotar pronomes correspondentes à sua identidade
- Vestir-se conforme roupas atribuídas ao gênero escolhido;
- Realizar procedimentos estéticos alinhados com sua transição de gênero.
Durante esse processo, a orientação de um assistente social se faz fundamental, capacitando a pessoa a exercer plenamente seus direitos e enfrentar os desafios dessa jornada de forma mais assertiva.
Transição hormonal
A transição hormonal envolve o uso de hormônios para promover o desenvolvimento de características sexuais secundárias, conforme exemplificado a seguir:
- Homens trans recorrem ao hormônio masculino testosterona para estimular o crescimento da barba, o engrossamento da voz, a redistribuição da gordura corporal e a redução das mamas, entre outros aspectos.
- Mulheres trans optam pelo hormônio feminino estrogênio para promover o crescimento das mamas, reduzir os pelos corporais, modificar a distribuição da gordura corporal para alcançar uma silhueta mais curvilínea, entre outras mudanças.
É importante ressaltar que esses tratamentos apresentam efeitos colaterais e riscos. No caso das mulheres trans, por exemplo, podem incluir a redução do tamanho do órgão genital, a dificuldade em manter ereções e a diminuição da produção de espermatozoides.
Procedimentos
Para alcançar um corpo mais próximo do desejado, pessoas transgênero podem recorrer a alguns procedimentos cirúrgicos, como a:
- Mastectomia masculinizadora: cirurgia comum que consiste na remoção do tecido mamário visando alcançar um peitoral mais masculino.
- Cirurgia de redesignação sexual: procedimento de reconstrução do órgão genital para se adequar ao gênero com o qual a pessoa se identifica.
Em homens trans, são removidos os órgãos reprodutivos (útero e ovários), é feita a oclusão da vagina e a criação um pênis artificial, que pode ou não vir acompanhado de um escroto.
No caso de mulheres trans, partes do pênis e dos testículos são retirados e enxertos de pele são usados para construção de uma vagina. Uma parte do pênis é conservada para assumir a função do clitóris, possibilitando o orgasmo.
A construção de um pênis, no entanto, dependendo da técnica utilizada, pode prejudicar a sensibilidade e a pessoa pode perder a função do orgasmo. As informações são do site Instituto de Psiquiatria do Paraná.
(*Gabriel Bentes, estagiário de jornalismo, sob supervisão de Rayanne Bulhões, editora web de oliberal.com)