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Nova vacina contra tuberculose protege ainda mais, revela estudo

Pesquisadores do Instituto Butantan e colaboradores apresentaram nova formulação da vacina BCG na Fapesp Week China

Gabriel Bentes

A vacina BGC, que age contra a tuberculose, está sendo aprimorada e agora possui uma cobertura maior de proteção em quem recebe a dose. O imunizante convencional - aplicado após o nascimento e, preferencialmente, até os 5 anos de idades - reduz em 90% infecção nos testes com camundongos. Agora, uma versão mais eficaz da vacina BGC em uma nova recombinação que protege até 99% foi apresentada por pesquisadores do Instituto Butantan e colaboradores Fapesp Week China, da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo. Além disso, a nova formulação proporcionou proteção aos animais por um período consideravelmente mais prolongado.

“A BCG é a primeira vacina que recebemos ao nascer e ela de fato é efetiva na proteção de crianças. Mas a imunidade contra a doença tende a cair na vida adulta e, como as bactérias estão se tornando resistentes aos antibióticos, ninguém está seguro. Tem sido feito um esforço mundial para tentar melhorar a prevenção da tuberculose pulmonar adulta. Hoje são registrados cerca de 10 milhões de novos casos e 1,5 milhão de mortes por ano no mundo”, diz Luciana Cezar de Cerqueira Leite, pesquisadora do Laboratório de Desenvolvimento de Vacinas do Butantan apoiada pela Fapesp. As informações são da repórter Karina Toledo, da Agência Fapesp.

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Para compreender as razões pelas quais a vacina BCG recombinada gera uma resposta imunológica mais intensa e de longa duração, os pesquisadores têm adotado uma abordagem conhecida como biologia de sistemas. Essa metodologia utilizada envolve analisar o comportamento de milhares de genes em diferentes tecidos, especialmente no pulmão e nos linfonodos, ao longo de todo o processo de formação da resposta imune nos modelos animais. Para este esforço, é preciso o sequenciamento de centenas de amostras, seguido por um extenso trabalho de bioinformática e análise de dados.

“A gente sequenciou todo o RNA que foi expresso e está presente em amostras coletadas em vários momentos: antes de o animal ser imunizado, sete e 90 dias após a imunização – quando é feito o desafio [a bactéria é inoculada no nariz dos roedores] – e sete e 90 dias após o desafio”, conta Cerqueira Leite.

Testes

Nos testes de comparações, foram utilizados três grupos de camundongos: um não imunizado, outro que recebeu a vacina BCG convencional e um terceiro vacinado com a BCG recombinante. Em cada avaliação, foram investigados quais genes apresentavam aumento ou redução na expressão nos diferentes grupos comparados.

“Já com sete dias de imunização foi possível ver uma mudança bem grande no grupo que recebeu a versão recombinante: cerca de 200 genes já estão sendo ativados, enquanto no grupo da BCG convencional ainda não estava acontecendo quase nada. Depois de 90 dias, a resposta à BCG convencional já começa a cair, enquanto no grupo recombinante ela se mantém. Mas a grande novidade é que as duas vacinas atuam por caminhos metabólicos bem diferentes e nós conseguimos mapeá-los. Os dados serão publicados em breve”, completa a pesquisadora.

(*Gabriel Bentes, estagiário sob supervisão de Vanessa Pinheiro, editora web de oliberal.com)

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