Ministério da Saúde emite alerta diante do aumento de casos de coqueluche em outros países
Conforme avaliação do MS, o aumento de casos registrado em outros países, a partir de 2023, sinaliza que situação semelhante poderá ocorrer no Brasil dentro de pouco tempo
Diante de surtos de coqueluche em países da Ásia e da Europa, o Ministério da Saúde (MS) publicou nota técnica em que recomenda ampliar, em caráter excepcional, e intensificar a vacinação contra a doença no Brasil. A pasta pede, ainda, que estados e municípios fortaleçam ações de vigilância epidemiológica para casos de coqueluche. As informações foram divulgadas pela Agência Brasil, na tarde da última terça-feira (4).
“O aumento de casos registrado em outros países, a partir de 2023, sinaliza que situação semelhante poderá ocorrer no Brasil dentro de pouco tempo, uma vez que, desde 2016, o país vem acumulando suscetíveis, em razão de quedas nas coberturas vacinais em menores de 1 ano de vida e lacunas na vigilância e diagnóstico clínico da doença”, alertou o ministério.
O último pico epidêmico da doença no Brasil ocorreu em 2014, quando foram confirmados 8.614 casos. De 2015 a 2019, o número de casos confirmados variou entre 3.110 e 1.562. A partir de 2020, houve uma redução importante no número de casos confirmados, associada à pandemia de covid-19 e ao isolamento social. Já nas primeiras 14 semanas de 2024, foram confirmados 31 casos da doença.
O que diz a Sesma?
A Secretaria Municipal de Saúde (Sesma) informou que, desde o ano de 2022, o município de Belém não apresenta (notificado e confirmado) casos da doença coqueluche. O último ano com caso registrado foi em 2020, com o registro de somente 1 caso confirmado.
Na rotina do Calendário Municipal de Vacinação, são disponibilizadas 3 vacinas que protegem contra coqueluche: Pentavelente, com 15.627 aplicadas em 2024; DTP, com 6.318; e dTpa, com 4.220 aplicações neste ano.
Os imunizantes encontram-se disponíveis gratuitamente nas salas de vacina das Unidades de Municipais de Saúde (UMS). A Pentavalente é ofertada para crianças de 2 meses a 6 anos, 11 meses e 29 dias, no esquema vacinal de 3 doses. A DTP é utilizada como reforço, idealmente 2, até os 6 anos, 11 meses e 29 dias. Já a dTpa é ofertada na rotina para gestantes (1 dose a cada gestação a partir da 20ª semana) e profissionais de saúde como reforço a cada 10 anos.
“O Ministério da Saúde ampliou, em caráter excepcional, a utilização de dTpa para grupos ainda bem restritos, como trabalhadores de saúde, doulas, parteiras e trabalhadores que atuam em berçários e creches com crianças de até 4 anos, 11 meses e 29 dias. Então, não fará campanha, mas lançará estratégias para alcançar esse público, como: vacinação em serviços de saúde públicos e privados, bem como em creches e berçários otimizados por meio das campanhas de vacinação nas escolas”, comunicou a Sesma.
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Entre 2019 e 2023, todas as 27 unidades federativas notificaram casos de coqueluche. Pernambuco confirmou o maior número de casos (776), seguido por Minas Gerais (253), São Paulo (300), Paraná (158), Rio Grande do Sul (148) e Bahia (122). No mesmo período, foram registradas 12 mortes pela doença, sendo 11 em 2019 e uma em 2020.
Onde tem surtos de coqueluche no mundo?
A nota do MS traz como exemplo o aumento de casos de coqueluche em pelo menos 17 países da União Europeia, com registro de 25.130 casos de janeiro a dezembro de 2023. Já entre janeiro e março de 2024, 32.037 casos foram notificados na região em diversos grupos etários, com maior incidência entre menores de 1 ano, seguidos pelos grupos de 5 a 9 anos e de 1 a 4 anos.
Conforme o documento, o Centro de Prevenção e Controle de Doenças da China informou que, em 2024, foram notificados no país 32.380 casos e 13 óbitos por coqueluche até fevereiro. A nota também cita um surto da doença na Bolívia, com 693 casos confirmados de janeiro a agosto de 2023, sendo 435 (62,8%) em menores de 5 anos, além de oito óbitos.
Qual a recomendação para a vacinação no Brasil?
Na nota, a pasta recomenda ampliar a indicação do uso da vacina dTpa (tríplice bacteriana acelular tipo adulto), que combate difteria, tétano e coqueluche, para trabalhadores da saúde que atuam em serviços de saúde públicos e privados, ambulatorial e hospitalar, com atendimento em ginecologia e obstetrícia; parto e pós-parto imediato, incluindo casas de parto; unidade de terapia intensiva (UTI) e unidade de cuidados intensivos (UCI) neonatal convencional; berçários (baixo, médio e alto risco); e pediatria.
Ainda de acordo com a nota, profissionais que atuam como doula, acompanhando gestantes durante os períodos de gravidez, parto e pós-parto; além de trabalhadores que atuam em berçários e creches onde há atendimento de crianças com até 4 anos, também devem ser imunizados.
O manuseio da dose no público deve considerar o histórico vacinal contra difteria e tétano (dT). Pessoas com o esquema vacinal completo devem receber uma dose da dTpa, mesmo que a última imunização tenha ocorrido há menos de dez anos. Já os que têm menos de três doses administradas devem receber uma dose de dTpa e completar o esquema com uma ou duas doses de dT.
Cobertura Vacinal
Entre 2016 e 2023, as coberturas vacinais contra a coqueluche se mantiveram abaixo dos 95% recomendadas pela OMS.
Entre os casos confirmados de coqueluche de 2019 a 2023, 31,9% estavam com situação vacinal ignorada ou “em branco”; 1,6% tinham dados classificados como não válidos em relação ao número de doses informadas para a faixa etária; e 11,2% eram menores de 2 meses de vida, ou seja, se encontravam abaixo da idade para receber a primeira dose da vacina.
Além desses, 20,9% não eram vacinados; 23,3% haviam recebido uma dose; 11,8% haviam recebido duas doses; e 18,1% haviam recebido três doses, mas não haviam recebido o reforço.
Como é feita a vacinação?
O esquema vacinal primário é composto por três doses, aos 2 meses, 4 meses e 6 meses, da vacina penta, que protege contra difteria, tétano, coqueluche, hepatite B e Haemophilus influenzae tipo b, seguida de reforços com a vacina DTP, contra difteria, tétano e coqueluche, conhecida como tríplice bacteriana.
Para gestantes, como alternativa de imunização passiva de recém-nascidos, recomenda-se, desde 2014, uma dose da vacina dTpa tipo adulto a cada gestação, a partir da 20ª semana. Para aquelas que perderem a oportunidade de serem vacinadas durante a gravidez, a orientação é administrar uma dose da dTpa no puerpério, o mais precocemente possível e até 45 dias pós-parto.
O ministério destaca que a principal forma de prevenção da coqueluche é a vacinação de crianças menores de 1 ano, com a aplicação de reforços aos 15 meses e aos 4 anos, além da vacinação de gestantes e puérperas e de profissionais da área da saúde
Desde 2019, a vacina dTpa passou a ser indicada também a profissionais da saúde, parteiras tradicionais e estagiários da área da saúde atuantes em UTI ou UCI neonatal convencional e berçários, como complemento do esquema vacinal para difteria e tétano ou como reforço para aqueles que apresentam o esquema vacinal completo para difteria e tétano.
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