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Covid-19 leve também pode gerar perda de memória e falta de atenção, afirma estudo

Além de acometerem quem contraiu a forma grave da Covid-19, problemas cognitivos foram observados também em pessoas que nem sequer tiveram sintomas suficientes para serem hospitalizadas

Gabriel Bentes
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Que a Covid-19 traz sequelas para o corpo, isso é um fato comprovado pela ciência. Geralmente, quem contraiu a doença na forma grave relata com frequência a dificuldade para respirar, cansaço, fadiga, fraqueza, mal-estar como também o esquecimento de palavras, memórias, atividades e compromissos. Mas, você sabia alguns desses efeitos também podem acometer quem teve a doença na forma leve? É o que afirma um estudo da Universidade de São Paulo (USP) divulgado na revista BMC Psychology.

Segundo os pesquisadores, foi observado que pessoas que tiveram Covid-19 na forma leve estavam com sequelas de perda de memória e de atenção após 18 meses da infecção. Tal análise acende um alerta para a necessidade de programas de reabilitação mais abrangentes, que considerem também os impactos cognitivos da COVID-19 a longo prazo.

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No estudo, feito com 302 participantes, dificuldades cognitivas estiveram presentes em 11,7% dos indivíduos que tiveram COVID-19 leve, em 39,2% dos que apresentaram quadros moderados e em 48,9% dos que sobreviveram à forma grave.

“Observamos que, quanto maior a gravidade da doença, maior é a intensidade dos prejuízos relacionados com déficit de atenção, perda de memória e diminuição de velocidade de processamento. Mesmo assim, não é desprezível o número de pessoas – que chega a cem no nosso estudo – que apresentaram quadros leves e moderados da doença e estão com as mesmas sequelas”, conta Antônio de Pádua Serafim, pesquisador do Instituto de Psicologia (IP) da USP e primeiro autor do artigo.

Os resultados da pesquisa, financiada pela FAPESP, evidenciam os potenciais impactos da neuroinflamação decorrente da infecção pelo SARS-CoV-2. Segundo Serafim, a perda de memória e atenção pode estar ligada a sequelas de anestesias e da própria intubação, o que é chamado de síndrome pós-tratamento intensivo.

No entanto, o pesquisador afirma que no estudo teve pessoas que não precisaram ir para uma UTI(Unidade de Terapia Intensiva) ou nem mesmo apresentaram sintomas suficientes para serem internadas e, mesmo assim, manifestaram falta de atenção e memória.

TRATAMENTO COGNITIVO

Em colaboração com outros pesquisadores da USP, Serafim está desenvolvendo programas com o objetivo de reduzir os danos cognitivos causados pela COVID-19.

A proposta é examinar se técnicas conhecidas como neuroestimulação e neurofeedback poderiam piorar ou reverter os problemas de atenção e memória.

"Ambas as técnicas não invasivas têm o objetivo de melhorar o funcionamento cerebral por meio de neuromodulação, que pode estimular a maior conexão entre os neurônios do cérebro [sinapse]. Por enquanto, temos apenas estudos de caso. Por exemplo, o de um médico que ficou 34 dias internado na UTI [unidade de terapia intensiva]. Realizamos um protocolo de neurofeedback, muito usado em pacientes com transtorno de déficit de atenção, e ele se recuperou muito bem. Mas é um caso isolado”, diz o pesquisador.

(*Gabriel Bentes, estagiário sob supervisão de Enderson Oliveira, editor web de oliberal.com)

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