Com tratar o refluxo? Especialista dá dicas para controlar doença que não tem cura
Condição consiste em um fluxo retrógrado ascendente de suco gástrico, com consequências inflamatórias no esôfago e, por vezes, respiratórias
A sensação de queimação no peito e regurgitação - retorno de alimentos à boca - podem indicar o início de um quadro de refluxo gastroesofágico. Essa condição consiste em um fluxo retrógrado ascendente de suco gástrico, com consequências inflamatórias no esôfago e, por vezes, respiratórias. O Liberal ouviu o médico gastroenterologista, Fábio Araújo, de Belém, que explicou que, mesmo não tendo cura, é possível tratar o refluxo e amenizar os sintomas.
O que causa refluxo?
Primeiro é preciso entender o que causa o refluxo. Segundo o especialista, a principal causa do refluxo é a incompetência parcial ou total do Esfinter Inferior do Esôfago (EIE), um músculo circular localizado cerca de 3 centímetros acima da junção entre o esôfago e o estômago, com o fechamento inadequado dessa válvula temporaria ou até permanentemente após a deglutição de alimentos sólidos ou líquidos. De acordo com o médico, outros fatores que competem para a evolução da doença são: falta de exercícios físicos, hábitos de vida não saudáveis, obesidade e alimentos inadequados.
“A abordagem terapêutica mais comum inicialmente é o tratamento clínico, que engloba a ação de medicamentos que bloqueiam a hiper produção de ácido clorídrico e pepsina, geralmente auxiliado por procinéticos, que melhoram o “clearance esofágico” e o esvaziamento gástrico”, detalha. Além do tratamento com medicamentos, o especialista recomenda que o paciente controle o sobrepeso por meio de uma alimentação equilibrada, tanto na qualidade quanto na quantidade, repousar de forma adequado, com a cabeça levemente elevada, praticar atividades físicas supervisionadas quando incluem levantamento de peso, controlar o tabagismo, e evitar o estresse também contribuem para o tratamento do refluxo.
O gastroenterologista alerta ainda que o ideal é que a medicação seja usada por tempo determinado, com orientação de um especialista, com períodos de interrupções supervisionados, mas mantendo as outras condutas comportamentais. “A necessidade do uso de medicação continuamente requer a observação da presença de efeitos colaterais e, por outro lado, a avaliação de uma transição para o tratamento cirúrgico”, esclarece o médico.
Refluxo tem cura?
Refluxo não tem cura, mas com o tratamento adequado é possível controlar a doença. No entanto, segundo o médico, diante do não controle adequado dos sinais e sintomas do refluxo gastroesofágico, com a constatação da não melhora clínica ou, até mesmo, da piora do quadro inflamatório esofágico e/ou respiratório, o mais recomendável é passar por uma cirurgia, videolaparoscópica ou robótica, de correção.
Quais as principais dicas para evitar o refluxo?
O mais recomendável para o tratamento, controle ou até mesmo evitar o refluxo, é o cuidado na alimentação e o controle do peso, além da manutenção de hábitos saudáveis à saúde física e mental. Outras dicas são:
- Parar de fumar
- Elevar a parte superior da cama ou do colchão alguns centímetros;
- Deitar-se sobre o lado esquerdo do corpo, se você prefere dormir nessa posição;
- Evitar café, bebidas gaseificadas, bebidas alcoólicas, chocolate, alimentos gordurosos e alimentos ácidos (caso do tomate e das frutas cítricas);
- Reduzir a quantidade de alimentos de cada refeição e se alimentar mais vezes por dia;
- Não se deitar logo após as refeições;
- Não usar roupas apertadas, principalmente na região abdominal;
- Ter balas, pastilhas e gomas de mascar (de preferência sem açúcar) sempre à mão. Elas estimulam a produção de saliva, melhorando a digestão.
Lucas Quirino (Estagiário sob supervisão de João Thiago Dias, coordenador do núcleo de Atualidade)