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Com tratar o refluxo? Especialista dá dicas para controlar doença que não tem cura

Condição consiste em um fluxo retrógrado ascendente de suco gástrico, com consequências inflamatórias no esôfago e, por vezes, respiratórias

Lucas Quirino

A sensação de queimação no peito e regurgitação - retorno de alimentos à boca - podem indicar o início de um quadro de refluxo gastroesofágico. Essa condição consiste em um fluxo retrógrado ascendente de suco gástrico, com consequências inflamatórias no esôfago e, por vezes, respiratórias. O Liberal ouviu o médico gastroenterologista, Fábio Araújo, de Belém, que explicou que, mesmo não tendo cura, é possível tratar o refluxo e amenizar os sintomas.

O que causa refluxo?

Primeiro é preciso entender o que causa o refluxo. Segundo o especialista, a principal causa do refluxo é a incompetência parcial ou total do Esfinter Inferior do Esôfago (EIE), um músculo circular localizado cerca de 3 centímetros acima da junção entre o esôfago e o estômago, com o fechamento inadequado dessa válvula temporaria ou até permanentemente após a deglutição de alimentos sólidos ou líquidos. De acordo com o médico, outros fatores que competem para a evolução da doença são: falta de exercícios físicos, hábitos de vida não saudáveis, obesidade e alimentos inadequados.

“A abordagem terapêutica mais comum inicialmente é o tratamento clínico, que engloba a ação de medicamentos que bloqueiam a hiper produção de ácido clorídrico e pepsina, geralmente auxiliado por procinéticos, que melhoram o “clearance esofágico” e o esvaziamento gástrico”, detalha. Além do tratamento com medicamentos, o especialista recomenda que o paciente controle o sobrepeso por meio de uma alimentação equilibrada, tanto na qualidade quanto na quantidade, repousar de forma adequado, com a cabeça levemente elevada, praticar atividades físicas supervisionadas quando incluem levantamento de peso, controlar o tabagismo, e evitar o estresse também contribuem para o tratamento do refluxo. 

O gastroenterologista alerta ainda que o ideal é que a medicação seja usada por tempo determinado, com orientação de um especialista, com períodos de interrupções supervisionados, mas mantendo as outras condutas comportamentais. “A necessidade do uso de medicação continuamente requer a observação da presença de efeitos colaterais e, por outro lado, a avaliação de uma transição para o tratamento cirúrgico”, esclarece o médico. 

Refluxo tem cura?

Refluxo não tem cura, mas com o tratamento adequado é possível controlar a doença. No entanto, segundo o médico, diante do não controle adequado dos sinais e sintomas do refluxo gastroesofágico, com a constatação da não melhora clínica ou, até mesmo, da piora do quadro inflamatório esofágico e/ou respiratório, o mais recomendável é passar por uma cirurgia, videolaparoscópica ou robótica, de correção. 

Quais as principais dicas para evitar o refluxo?

O mais recomendável para o tratamento, controle ou até mesmo evitar o refluxo, é o cuidado na alimentação e o controle do peso, além da manutenção de hábitos saudáveis à saúde física e mental. Outras dicas são:

- Parar de fumar

- Elevar a parte superior da cama ou do colchão alguns centímetros;

- Deitar-se sobre o lado esquerdo do corpo, se você prefere dormir nessa posição;

- Evitar café, bebidas gaseificadas, bebidas alcoólicas, chocolate, alimentos gordurosos e alimentos ácidos (caso do tomate e das frutas cítricas);

- Reduzir a quantidade de alimentos de cada refeição e se alimentar mais vezes por dia;

- Não se deitar logo após as refeições;

- Não usar roupas apertadas, principalmente na região abdominal;

- Ter balas, pastilhas e gomas de mascar (de preferência sem açúcar) sempre à mão. Elas estimulam a produção de saliva, melhorando a digestão.

Lucas Quirino (Estagiário sob supervisão de João Thiago Dias, coordenador do núcleo de Atualidade)

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