Cinco anos da pandemia de covid-19: doença matou um terço de um Mangueirão lotado no Pará
A vacinação contra a covid-19 segue para grupos prioritários ou para quem não tem uma dose; confira a retrospectiva da doença
A vacinação contra a covid-19 segue para grupos prioritários ou para quem não tem uma dose; confira a retrospectiva da doença
Há cinco anos, em 11 de março de 2020, a Organização Mundial da Saúde (OMS) declarou a pandemia de Covid-19, provocada pelo novo coronavírus. Desde então, o Brasil registrou 39,1 milhões de casos e 714.736 mortes, segundo o Ministério da Saúde. No Pará, foram confirmados 906.048 casos e 19.328 óbitos, número equivalente a aproximadamente um terço da capacidade do Estádio Mangueirão, que é de 55 mil pessoas. Em Belém, foram contabilizados 162.508 casos e 5.556 mortes. Mesmo depois de declarado o fim da pandemia, a vacinação continua sendo uma ferramenta importante para o controle da doença.
Em 2025, o Pará registrou 2.971 casos de covid-19 e 26 óbitos no mês de janeiro, enquanto em fevereiro foram contabilizados 1.394 casos e 4 mortes, conforme a Sespa. Em Belém, foram registrados 21 óbitos pela doença, sendo 18 em janeiro e 3 em fevereiro. Até o momento, não há registros de mortes no mês de março. Dos óbitos contabilizados, 15 eram de residentes da capital paraense. No que diz respeito aos casos confirmados, até 9 de março de 2025, foram identificados 302 diagnósticos positivos.
Até o momento, Belém já alcançou 94,43% da população vacinada, com um total de 3.582.240 doses aplicadas contra a doença. Aqueles que ainda não tomaram nenhuma dose também podem se vacinar a qualquer momento.
A enfermeira Lana Xantipa, do Programa de Imunizações da Sesma, enfatiza que, desde o início de 2024, a vacinação para quem não faz parte de grupos especiais ou prioritários passou a ser em dose única, conforme determinação do Ministério da Saúde.
"Se a pessoa tiver ao menos uma dose, ela é considerada devidamente vacinada. Se ela não tiver nenhuma dose de 2021 para cá ou tenha perdido o comprovante, ela fará uma dose única. Já o reforço só é necessário para grupos especiais ou prioritários", explica.
Na Unidade de Saúde do Guamá, o aposentado Raimundo Bezerra, de 52 anos, que possui deficiência física, está recebendo sua sexta dose da vacina contra a Covid-19. Com a carteira de vacinação em mãos, ele responde sobre a aplicação: "Foi tranquilo, graças a Deus", já se organizando para a próxima dose.
Em todo o Pará, mais de 16 milhões de pessoas já foram imunizadas contra a doença, destaca a coordenadora de Imunizações da Sespa, Jaíra Ataíde. “As vacinas têm o grande objetivo de evitar as complicações, as hospitalizações e a morte por determinado agravo. A interação, quando se recebe uma vacina, é individual. Depende de cada organismo. Mas as vacinas funcionam muito bem”, observa.
“As vacinas contra a covid foram decisivas para a gente perder a característica de pandemia. A doença entrou na circulação viral. Isso quer dizer que, de janeiro a janeiro, teremos casos de covid. E aí, quem vai ter a possibilidade de precisar de um leito de UTI são os idosos, por conta de um sistema imunológico já bem fragilizado, e as crianças, por conta de um sistema imunológico ainda não desenvolvido. As vacinas continuarão cumprindo o seu papel de reduzir as possibilidades de complicação”, afirma Ataíde.
O Pará conta com os seguintes imunizantes: Coronavac, Astrazeneca, Pfizer, Janssen e . No caso das crianças de 0 a 12 anos, a vacinação contra covid- 19 no Pará é feita com a vacina Pfizer Baby, dividida em três doses: aos 6, 7 e 9 meses. E ainda, a vacina Zalika, aprovada pela (Agência Nacional de Vigilância Sanitária) Anvisa, que é destinada a pessoas a partir dos 12 anos de idade. Há também doses da Moderna.
Atualmente, em Belém, estão sendo disponibilizadas para a população do público prioritário, conforme definido pelo Ministério da Saúde, duas opções de vacinas contra a covid-19: a Serum/Zalika e a Spikevax, fabricada pela Moderna.
A coordenadora de Imunizações da Sespa explicou que a covid-19 já não é mais considerada uma pandemia ou epidemia, embora ainda haja casos da doença. Segundo ela, a vacinação continua essencial, especialmente para os grupos prioritários, uma vez que as vacinas não estão mais disponíveis de forma indiscriminada. Ataíde também destacou que a imunização foi fundamental para controlar a situação nesse público mais vulnerável à doença.
“Desde 2024, a vacina entra no calendário vacinal, exatamente para as crianças e para aquelas pessoas também que não fizeram nenhuma dose ou que não têm nenhuma dose da vacina da covid. É orientado o esquema primário, que são duas doses da vacina. E para os idosos, a cada seis meses, uma dose de vacina, por conta dessa resposta lenta do sistema imunológico. Até o momento, o estado já vacinou pouco mais de 16 milhões de pessoas com os vários tipos de esquema”, detalha Jaíra.
A vacinação é obrigatória para os seguintes grupos prioritários, definidos pelo Ministério da Saúde:
Crianças de 6 meses a 4 anos, 11 meses e 29 dias – duas ou três doses, conforme o laboratório produtor da vacina.
Gestantes – uma dose a cada gravidez.
Idosos a partir de 60 anos e imunossuprimidos – uma dose a cada 6 meses.
Puérperas – uma dose até 45 dias após o parto.
Os demais grupos especiais devem receber a vacina a cada 12 meses:
Pessoas vivendo em instituições de longa permanência (ILPI e RI) e seus trabalhadores.
Indígenas, vivendo ou não em terras indígenas.
Ribeirinhos.
Quilombolas.
Puérperas.
Trabalhadores da Saúde.
Pessoas com deficiência permanente.
Pessoas com doenças crônicas.
Pessoas privadas de liberdade.
Funcionários do sistema de privação de liberdade.
Adolescentes e jovens cumprindo medidas socioeducativas.
Pessoas em situação de rua.
Segundo Jaíra, atualmente, o grupo melhor vacinado é o de idosos. “A família precisa estar de olho, porque a cada 6 meses é uma dose da vacina. Isso porque o afetar da covid é multissistêmico. E por isso que é a grande importância da vacina. Então, há pessoas que não irão adoecer exatamente porque se vacinaram, porque o sistema imunológico entendeu aquela resposta prontamente, mas há outras pessoas que, devido às suas debilidades orgânicas individuais, terão de responder de maneira mais lenta”.
“E, quiçá, ainda tem aquelas pessoas que não responderão de maneira adequada. Por isso, a gente tem que ficar atento aos calendários vacinais. Também devemos continuar seguindo aquele protocolo de, ao espirrar, proteger boca e nariz; lavar as mãos com água e sabão; e ainda usar o álcool em gel, também continua valendo. E aquele cuidado de evitar aglomerações continua valendo também, principalmente neste momento”, completa a gestora, ao reforçar as medidas de prevenção.
Ela também destaca a importância de manter esses hábitos, pois ajudam a prevenir outras doenças em circulação: “Porque tem um detalhe, não é só covid que está circulando, tem também os vírus influenza, os vírus respiratórios de maneira geral. E tem também o vírus sincicial, que causa um quadro de gripe em idosos de dores, porque as grandes questões são as complicações. E a primeira complicação é a pneumonia”, alerta.
A vacinação entre os grupos prioritários tem apresentado uma boa adesão, com expectativa de crescimento ao longo do ano. "A procura dos grupos prioritários tem sido boa. De janeiro para cá, aplicamos em torno de 45.000 doses. A gente considera que é um número expressivo e, levando em conta que faz parte do calendário desses grupos, esperamos um crescimento desse número até o final do ano", afirma a enfermeira Lana Xantipa.
Primeiro caso confirmado
Brasil: 26 de fevereiro de 2020 – São Paulo.
Pará: 18 de março de 2020 – Paciente de 37 anos com histórico de viagem ao Rio de Janeiro.
Primeira transmissão local no Pará: 25 de março de 2020 – Homem de 42 anos, morador de Ananindeua, infectado pela esposa.
Belém: 18 de março de 2020 – Mesmo paciente do primeiro caso no Pará.
Primeira morte confirmada
Brasil: 12 de março de 2020.
Pará: 19 de março de 2020 – Idosa de 87 anos, moradora da vila Alter do Chão, em Santarém.
Belém: 5 de abril de 2020 – Mulher de 50 anos.
Início da vacinação
Brasil: 17 de janeiro de 2021 – Primeira dose aplicada em São Paulo.
Pará: 18 de janeiro de 2021 – Primeiras doses destinadas a profissionais de saúde, indígenas e idosos em instituições de longa permanência.
Belém: 18 de janeiro de 2021 – Primeira aplicação simbólica no Hospital de Clínicas Gaspar Vianna.
Fim da emergência sanitária
A Organização Mundial da Saúde (OMS) declarou o fim da emergência de saúde pública de importância internacional (ESPII) em maio de 2023.