Caracol africano: pode jogar sal no molusco? Veja como eliminar o animal que transmite doenças
Molusco está presente em diversas partes do Brasil e do mundo e pode causar doenças e até a morte. Especialista explica como esse animal se reproduz.
O caracol-gigante-africano (Achatina fulica) é um molusco trazido para o Brasil para servir como substituto ao escargot, iguaria francesa feita de caracóis terrestres e servida como aperitivo. No entanto, esses animais foram soltos no ambiente e se reproduziram rapidamente, tornando-se uma praga em diversas partes do país e do mundo. Por não ter um predador natural, a proliferação se torna ainda mais preocupante.
Para a eliminação desse caracol, é bastante comum ver alguém jogando sal em cima de seu corpo, tendo êxito imediato, uma vez que o sal retira a água do corpo do molusco e causa um desequilíbrio interno. Assim, as células do animal começam a se desfazer e esse processo pode levar à morte. Mas, essa prática é considerada correta?
Pode eliminar caracol com sal?
Não. Sal, veneno ou outras substâncias podem salinizar o solo e destruir gramados e plantas por muito tempo. Além disso, estes métodos não afetam suficientemente o molusco, uma vez que seus ovos podem estar ainda em seu interior e serem gerados.
O recomendado é que se faça a coleta manual com luvas ou sacolas plásticas, para evitar o contato com o muco do caracol. Em seguida, quebrar as cascas para, também, evitar acumulo de água e o criadouro em potencial para os ovos do Aedes aegypti.
Depois, recomenda-se a aplicação de cal virgem sobre os caramujos quebrados, eliminando também seus ovos. Uma vez que eliminados, os caracóis devem ser enterrados em cova profunda, de aproximadamente 40 cm, com cal virgem no fundo da vala. As informações são do portal Cândido Rodrigues.
Quais doenças transmitidas pelo caracol africano?
O caracol africano transmite algumas doenças para os seres humanos por meio de vermes, como a meningite. A bióloga e professora Ana Paula Castro explica que “a meningite é uma infecção que atinge as três membranas que protegem e revestem a nossa região do sistema nervoso central, especialmente o cérebro”.
Segundo a professora, essa doença é receptada quando a pessoa entra em contato com animal, seja pelo toque ou quando ele contamina a água ou alimento ingerido. Esse verme adentra na corrente sanguínea e se espalha pelo corpo, se alojando posteriormente na região cerebral. Abaixo, veja os principais sintomas:
- Febre;
- Náusea;
- Vômito
- Dor de cabeça intensa;
- Rigidez na região da nuca;
- Confusão mental.
Em outros casos, o caracol africano pode transmitir verminoses que causam grave infecção intestinal, esquistossomose (barriga d'água) e até a morte.
Caracol brasileiro e sem perigo
O Caracol Aruá, espécie brasileira que não transmite doença, é bastante confundido com o Caracol Africano e acaba sendo eliminado indistintamente. A bióloga explica que as diferenças entre os animais podem ser percebidas nos formatos e tonalidades de seus cascos.
“O caracol brasileiro é muito parecido [com o caracol africano]. A principal diferença que a gente consegue visualizar é a da concha. Quando tu olhas a concha do caracol aruá, ela é uma concha mais arredondada. Enquanto a do caracol africano, ela é mais afunilada, ela tem ali uma ‘pontinha’. A segunda diferença está na cor. A cor do aruá é um pouco mais amarelada, enquanto a cor do africano é mais marrom, tem aquela cor mais ali de castanho”, detalha a bióloga.
Reprodução da espécie
A bióloga explica que o caracol africano é um animal hermafrodita, mas que não consegue realizar autofecundação, se reproduzindo apenas com o auxílio de um parceiro. As dezenas ou centenas de ovos são enterrados em terra úmida até o momento da eclosão, onde o feto fica vulnerável até formar a concha protetora e aumentar a sobrevivência.
O fato de não terem predadores naturais, alia-se ao fato de crescerem relativamente rápido,pois são resistentes e capazes de consumir uma ampla gama de alimentos.
De acordo com Ana, esse molusco possui hábito noturno e tem bastante resistência às baixas temperaturas devido à eficiência da concha. Por isso, a reprodução é favorecida em épocas mais frias e chuvosas.
(*Gabriel Bentes, estagiário de jornalismo, sob supervisão de Heloá Canali, coordenadora de oliberal.com)
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