Biomédico cria estratégia humanizada de coleta de sangue para crianças
Matheus Bernades, da equipe do Hospital Oncológico Infantil Octávio Lobo, confeccionou capa da seringa em formato de avião para diminuir o estresse durante os procedimentos comuns em pacientes oncológicos
Ninguém gosta de agulhas, é fato. Mas esse medo que acomete até mesmo adultos, pode ser ainda mais acentuado em crianças e adolescentes e gerar ansiedade e desconforto, e até fobias por alguma situação traumática, a chamada aicmofobia. A insegurança pode ser ainda maior na hora de fazer o exame de coleta de sangue, por diversos motivos, como a associação a alguma situação que causou dor, aversão ao sangue ou até mesmo à agulha.
Para tornar esse momento menos angustiante para os pacientes, o biomédico da Agência Transfusional do Hospital Oncológico Infantil Octávio Lobo, Matheus Bernades, desenvolveu uma estratégia humanizada, capinhas de seringa em formato de avião.
Matheus conta que a ideia surgiu após observar que muitos pacientes sentem temor ao ver o sangue na seringa na hora de coleta de sangue, por isso, resolveu testar o protótipo com o intuito de amenizar o momento de tensão.
Coleta de sangue é bastante comum em pacientes oncológicos
Os exames de sangue são muito comuns em pacientes oncológicos, principalmente, antes da consulta médica para verificar se o paciente está apto a passar pelo tratamento quimioterápico ou se necessita de transfusões ou de medicações específicas. Então, a partir da percepção do medo de nossos pacientes, comecei a pensar em diversas maneiras de cobrir a seringa para tornar o processo menos assustador. Foi então que surgiu a ideia de utilizar o formato de um avião, o que trouxe um aspecto lúdico ao procedimento e tornou o projeto viável”, expôs Matheus.
O biomédico acredita que a abordagem lúdica ajuda a tornar o processo de coleta mais leve e menos traumático. “O formato de avião distrai a criança durante a coleta de sangue e exames ambulatoriais, somado a isso sempre é bom explicar o motivo do procedimento, que será apenas uma picadinha no braço e que vai durar pouco tempo. A aceitação tem sido muito positiva, principalmente porque a abordagem lúdica ajuda a distraí-los, tornando o momento menos estressante.”
Ana Lúcia Silva, 35 anos, mãe da Ana Maria Sampaio, 11 anos, aprovou a iniciativa. “É importante porque realmente as crianças quando enxergam a agulha ficam com bastante nervosas, já vi algumas darem bastante trabalho, o medo faz até a veia desaparecer na hora da coleta. A menina está em tratamento contra um Sarcoma de Ewing, um tipo de tumor raro que se desenvolve nos ossos e nos tecidos moles ao redor deles. “Eu gostei, achei diferente, bem legal e nem doeu”, disse a menina.
A iniciativa do biomédico associada à atuação de profissionais experientes, têm conseguido promover um ambiente mais acolhedor no Hospital, é o que percebe, por exemplo, a dona de casa, Andreza Oliveira, de 32 anos. Ela acompanhava o filho, Wesley Oliveira. “Muito bom pensar nos pequenos durante um momento bem complicado".
"Meu filho faz bastante coletas no hospital. Quando ele não está bem comparecemos na Unidade de Atendimento Imediato. Então, tudo o que o hospital fizer no sentido de acolher nossos filhos, é super bem-vindo”, disse Andreza Oliveira.
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