Bactéria multirresistente de risco global é detectada na região Nordeste

Uma cepa multirresistente de uma bactéria se mostrou resistente a todas as opções de antibióticos disponíveis.

Beatriz Rodrigues
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Uma cepa multirresistente da bactéria Klebsiella pneumoniae, isolada de uma paciente da região Nordeste do Brasil, se mostrou resistente a todas as opções de antibióticos disponíveis. A bactéria foi encontrada em uma enferma de 86 anos com infecção urinária que veio a óbito 24 horas após ser admitida em um hospital local.

Um grupo de cientistas brasileiros, apoiados pela Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (Fapesp), sequenciou o genoma da bactéria e comparou com um banco de dados de 408 outras sequências parecidas.

Os resultados do estudo, publicados recentemente na revista The Lancet Microbe, revelaram que a bactéria pertencia a uma cepa já detectada anteriormente nos Estados Unidos e que está circulando no Brasil, com possibilidade de se tornar um risco global, informou o portal Metrópóles.

“Ela é tão versátil que se adapta às mudanças de tratamento, já que adquire facilmente outros mecanismos de resistência não contemplados pelas drogas existentes ou pela combinação delas. É possível que se torne endêmica nos centros de saúde em nível mundial”, conta Nilton Lincopan, professor do Instituto de Ciências Biomédicas da Universidade de São Paulo (ICB-USP) e coordenador do estudo.

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Lincopan também coordena a One Health Brazilian Resistance, plataforma que reúne dados epidemiológicos, fenotípicos e genômicos de microrganismos classificados como de “prioridade crítica” pela Organização Mundial da Saúde (OMS), como as bactérias que apresentam escassas opções terapêuticas disponíveis e que merecem medidas de contenção para não serem disseminadas.

A identificação de cepas multirresistentes demanda uma resposta imediata dos serviços de saúde, que devem notificar a vigilância epidemiológica local. O paciente deve ser isolado e a equipe que o trata deve tomar cuidados redobrados para não transmitir a bactéria para outros pacientes.

“Como patógeno oportunista, em pacientes com imunidade normal a bactéria pode nem causar doença. Mas, em pessoas com imunidade baixa, pode ocasionar infecções graves. Em nível hospitalar, pacientes internados em unidades de terapia intensiva [UTIs] ou em tratamento para outras patologias podem adquirir infecção secundária, como pneumonia. Sem tratamentos disponíveis e com o sistema imune deprimido, muitas vezes podem ir a óbito”, relatou o pesquisador, em entrevista à Agência Fapesp.

(*Beatriz Rodrigues, estagiária sob supervisão de Enderson Oliveira, editor web de Oliberal.com)

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