CONTINUE EM OLIBERAL.COM
X

Retinoblastoma, câncer raro que acomete crianças, requer diagnóstico precoce

Caso a doença seja tratada desde cedo, há grandes índices de cura. Mas, em casos severos, pode haver o risco de o paciente não ser salvo.

Elisa Vaz

Na última semana, o relato publicado pelo apresentador Tiago Leifert de que a filha, de três anos, luta contra um tipo raro de câncer, gerou muitos compartilhamentos e mensagens de apoio na internet. Trata-se do retinoblastoma, que acomete, principalmente, crianças, atingindo a retina – fina camada de tecido nervoso que reveste a parte posterior do olho. Dados da Sociedade Brasileira de Oncologia Pediátrica (Sobope) apontam que a doença é responsável por até 15% de todos os cânceres no primeiro ano de vida, acometendo uma a cada 15 mil crianças. No Pará, apenas cinco casos foram registrados em 2021, em pessoas de zero a 19 anos, segundo a Secretaria de Estado de Estado de Saúde Pública (Sespa), com base em informações do Painel de Oncologia do Ministério da Saúde.

De acordo com a médica especializada em oncologia pediátrica, Fabíola Puty, que integra a equipe de profissionais do Hospital Oncológico Infantil Octávio Lobo, referência no atendimento desse tipo de câncer em Belém, ter conhecimentos sobre essa doença é essencial para identificar o caso e fazer intervenção imediata. Segundo ela, o tumor maligno nasce na retina por meio de células primitivas – e em 95% dos casos, surge antes dos cinco anos de idade. Mas, considerando como tumor ocular, trata-se do mais comum na infância, diz ela.

Também médica especializada em oncologia pediátrica, Renata Barra explica que não há um motivo específico para que o câncer acometa mais as crianças. Porém, ela ressalta que o retinoblastoma é genético e hereditário. “É uma herança autossômica dominante, em que o gene da doença é passado pela família da mãe ou do pai. Não significa dizer que os pais tiveram ou vão ter o câncer na retina, mas eles têm os genes e uma disposição a isso, mesmo que não cheguem a desenvolver a doença”, afirma.

Sintomas

O Instituto Oncoguia destaca que o retinoblastoma é frequentemente diagnosticado porque os pais ou o médico percebem algo anormal no olho da criança. O principal e mais frequente sinal da doença é o reflexo pupilar branco. Normalmente, ao direcionar uma luz ao olho da criança, a pupila parece vermelha devido ao sangue nos vasos no fundo do olho. No olho com retinoblastoma, a pupila, muitas vezes, se apresenta branca ou rosa, isso é conhecido como reflexo pupilar branco, ou leucocoria. Esse brilho branco no olho, geralmente, é percebido em fotos tiradas com flash e também pode ser observado pelo médico da criança durante um exame oftalmológico de rotina, ou mesmo pelos pais no dia a dia.

Alguns outros sintomas do retinoblastoma são o estrabismo, uma condição na qual os dois olhos não parecem olhar na mesma direção; problemas de visão; dor nos olhos; vermelhidão da parte branca do olho; sangramento na parte anterior do olho; abaulamento dos olhos; a pupila não se contrai quando exposta à luz brilhante; cor diferente de cada íris; entre outros. Em casos mais graves, um sinal clínico pior pode ser os olhos “balançando”, segundo Renata. O retinoblastoma pode ser unilateral, em apenas um olho; bilateral, nos dois olhos; ou até trilateral, quando alcança o nervo ótico.

Ao perceber qualquer um destes sinais, os pais devem procurar um médico. Segundo Fabíola, o diagnóstico precoce é imprescindível nesses casos. “Sempre enfatizamos que é fundamental falar sobre o câncer, seus sinais e sintomas. Toda a sociedade precisa ter conhecimento sobre esse problema, para que reconheçam e saibam que se trata de uma doença grave, que precisa de imediata intervenção médica. O diagnóstico precoce permite que a criança receba menos quimioterapia, menos procedimentos invasivos de medicamentos, dentre outras ações. O tratamento fica muito simples e curativo quando tratamos uma doença menor, com menos volume. Um caso diagnosticado precocemente tem o dobro de chances de cura de um em estágio avançado”, ressalta a médica.

Tratamento

O retinoblastoma é uma doença que tem cura. Com o tratamento adequado e feito precocemente, chega-se a uma taxa de sobrevida de até 95%. A oncopediatra Renata Barra explica que, na maioria dos casos, o tratamento se dá com quimioterapia, podendo ser intraocular, endovenosa ou intratecal. “São várias modalidades, que dependem do estágio da doença e das características do tumor. Temos que saber se pega algum nervo ótico, outra parte do olho e outras informações. Nos casos severos, pode até haver a retirada do olho acometido pela doença, mas, se houver um diagnóstico precoce, há grandes chances de cura. Caso esteja em estágio muito avançado, quando envolve o sistema nervoso central, é muito difícil salvar o paciente”, avalia Renata. A principal orientação da especialista é que os pais fiquem atentos a qualquer alteração nos olhos dos filhos e procurem ajuda médica o mais cedo possível.

O governo do Estado, por meio da Sespa, ressalta que o tratamento para pacientes infantis com esse e outros tipos de câncer é feito no Hospital Oncológico Infantil Octávio Lobo (Hoiol), que é a principal referência na região Norte do país para atendimento em oncologia pediátrica, para crianças e adolescentes de municípios do Pará e Amapá. Somente em 2021, foram realizados mais de 341 mil atendimentos, entre serviços ambulatoriais, consultas, exames, cirurgias, quimioterapias e outros. O hospital segue padrões internacionais de qualidade e segurança assistencial dedicados aos pacientes. A unidade oferece atenção a crianças e adolescentes com câncer entre 0 e 19 anos, atendendo cerca de mil pacientes por mês.

Confira cuidados que devem ser tomados com crianças:

1. Pais e responsáveis devem fazer o teste do olhinho quando a criança nasce, pois alguns casos podem ser congênitos. Ele também é conhecido como teste do reflexo vermelho e é fundamental para detectar se há sinais esbranquiçados no olho da criança.

2. Ao longo do primeiro ano de vida, todos que convivem com a criança devem observar com atenção os sinais clínicos que podem ajudar a detectar casos de retinoblastoma, como baixa visão, estrabismo, sensibilidade à luz e olho que muda de forma.

3. Outro sinal de alerta comum pode ser observado por meio de fotografias com flash, onde a criança apresenta um reflexo branco nos olhos. O nome técnico do sinal branco causado pela projeção do tumor dentro do olho é chamado de leucocoria, reflexo branco na pupila, ou popularmente conhecido como "olho de gato”. O normal deve ser vermelho.

4. Com a suspeita de retinoblastoma, o paciente deve ser encaminhado ao serviço de oncologia para ser feito o diagnóstico e tratamento especializado com equipe multidisciplinar, sendo necessário sessões de quimioterapia e acompanhamento com o oftalmologista para as terapias locais.

Entre no nosso grupo de notícias no WhatsApp e Telegram 📱
Responsabilidade Social
.
Ícone cancelar

Desculpe pela interrupção. Detectamos que você possui um bloqueador de anúncios ativo!

Oferecemos notícia e informação de graça, mas produzir conteúdo de qualidade não é.

Os anúncios são uma forma de garantir a receita do portal e o pagamento dos profissionais envolvidos.

Por favor, desative ou remova o bloqueador de anúncios do seu navegador para continuar sua navegação sem interrupções. Obrigado!